Doenças tropicais

Descrição de algumas doenças tropicais, os seus principais sintomas e cuidados a ter na sua prevenção…

Doenças tropicais – Descrição

parasita

parasita

Doenças tropicais correspondem a doenças que surgem em países tropicais, podendo ser contraídas por todos os que vivem ou visitam estas regiões. Apesar de associadas principalmente a zonas tropicais, estas podem surgir em outras regiões do mundo, principalmente devido ao aquecimento global.

Estas doenças aparecem primeiramente em regiões tropicais ou subtropicais, particularmente em populações pobres e com muito poucos recursos, visto serem transmitidas por parasitas, bactérias e viroses que se encontram em insetos e alguns roedores que proliferam nesses espaços. A dificuldade em obter alimentos e água que não se encontre contaminados também contribui para o aumento destas doenças na região.

As doenças tropicais são maioritariamente infeciosas causadas por agentes infeciosos transportados por exemplo por mosquitos, sendo extremamente difíceis de erradicar, podendo em casos raros tornar-se pandemias como os recentes casos de Ébola.

Por se tratarem de doenças predominantemente tropicais, grande parte destas doenças e aqueles que são afetados por elas acabam por ser negligenciados, podendo mesmo morrer devido aos efeitos provocados por essas doenças.

A sua prevalência nas comunidades deve-se muitas vezes ao desinteresse que as organizações públicas têm por estas doenças, ao mesmo tempo existindo poucos fundos para que se possam desenvolver mais investigação sobre os seus efeitos, métodos de prevenção e tratamento.

A Organização Mundial de Saúde definiu cerca de 17 doenças como as principais doenças tropicais, com maior incidência na população e que causam maiores problemas. Entre elas constam a dengue, raiva, doença de chagas, leishmaniose, cólera, ébola, elefantiase, malária e febre amarela entre muitas outras.

Principais doenças:

ciclo de vida de um parasita

ciclo de vida de um parasita

Cólera – esta doença é características das regiões mais pobres dos países tropicais, devendo-se grandemente à ingestão de água contaminada com produtos fecais de portadores da doença, o consumo de alimentos contaminados também é frequente. Esta doença é contraída pela ingestão de bactérias pelo que o principal meio de tratamento é a utilização de medicamentos anti-bacterianos, assim como pela hidratação da pessoa contaminada. O consumo de alimentos crus ou água diretamente da fonte é desaconselhável.

Dengue – doença associada ao mosquito Aedes aegypti, isto é, esta espécie de mosquito é geralmente o portador do vírus para esta doença. As fêmeas do mosquito são hematofagas, pois consomem sangue e ao realizarem a sua alimentação libertam o vírus para o interior do hospedeiro. Os sintomas são inicialmente semelhantes aos de uma constipação comum, que incluem dores de cabeça, no olhos, músculos e articulações, assim como uma quebra da imunidade do hospedeiro. A forma mais severa designa-se por dengue hemorrágica. O tratamento consiste em medicamentos à base de paracetamol e a ingestão de elevadas quantidades de liquido.

Doença de chagas – esta doença transmite-se pelo contacto com as fezes do hospedeiro de trypanossoma cruzi, um protozoario, muitas vezes flagelado que infeta uma grande quantidade de hospedeiros. A infeção pode ocorrer devido ao contacto com as fezes ou devido à ingestão de alimentos contaminados, ou ainda por transfusões de sangue. Esta doença tem tratamento que pode demorar até 60 dias, mas a prevenção é mais importante particularmente a lavagem cuidada dos alimentos.

Esquistossomose – o consumo de água contaminada pelas larvas de vermes é a forma de contrair esta doença. Esta doença tropical não possui vacina, no entanto, existem medicamentos que controlam a doença e em casos graves os hospedeiros humanos podem mesmo ter que ficar internados e ser submetidos a cirurgia para remover os parasitas.

Febre amarela – doença caraterizada por febre, hemorragias e complicações no fígado, transmitida pela picada de mosquito. Esta doença possui cura através de uma vacina bastante eficaz, no entanto, devido aos locais onde surge esta pode mesmo torna-se numa epidemia.

Leishmaniose – doença causada por um protozoário, Leishmania donovani, transportado geralmente pelas fêmeas dos mosquitos do género Phlebotomus. Esta doença ocorre através de erupções cutâneas, podendo mesmo destruir as narinas e a garganta. Além de afetar os seres humanos esta doença também pode afetar os cães. Esta doença é tratável nos seres humanos.

Oncocercose (doença dos rios) – doença causada pelo parasita Onchocerca volvulus, transmitido pela picada de insetos, particularmente mosquitos. O hospedeiro sente geralmente comichão, formação de estruturas subcutâneas (nódulos) e em último caso pode levar à cegueira. Após a infeção desenvolvem-se larvas que se deslocam para fora do corpo do hospedeiro. Não existe vacina contra esta doença, mas existe tratamento, no entanto, é essencial apostar na sua prevenção.

Doença do sono (Tripanossomíase africana) – doença causada por protozoários do género Trypanosoma, em particular o Trypanosoma gambiense, disseminado pela picada de mosquitos (mosca de tsé-tsé). O seu principal sintoma é o excesso de sono, com duração prolongada , febres altas, erupções cutâneas. A ausência de tratamento pode levar à morte.

Teníase – doença provocada por ténias, parasitas que infetam o organismo humano através de alimentos (carne de vaca e porco) ou água contaminada. Os principais sintomas são a perda gradual de peso, sem qualquer explicação aparente. Fragmentos do parasita podem aparecer nas fezes, o local de incubação dos ovos de ténia pode levar a consequências mais graves. O tratamento pode exigir a internação do hospedeiro e mesmo a cirurgia para a remoção do verme.

Malária – doença provocada por um hematozoário (Plasmodium) através da picada de mosquito infetado. Esta doença carateriza-se por febres altas intermitentes, com calafrios, tremores e suores. Os parasitas infetam as células sanguíneas, hemácias, permanecendo nestas durante o período de incubação, muitas vezes após esse período as células são destruídas para libertar o parasita causando anemias ao hospedeiro. Os sintomas podem demorar a aparecer pois o período de incubação pode ser longo. Não se trata de uma doença mortal, mas antes incapacitante, não havendo uma cura.

Raiva – doença viral infetocontagiosa, que leva à morte em poucos dias, caso não seja tratada. Esta doença pode ser transmitida pela mordedura de cães, ou morcegos, entre outros animais que se encontrem raivosos. Após a mordida de um animal desconhecido é aconselhável iniciar um tratamento anti-rábico. Esta doença afeta particularmente o cérebro e o sistema nervoso.

Elefantiase – esta doença carateriza-se pelo inchaço de partes do corpo, em especial por um elevado espessamento da pele (frequentemente das pernas) podendo mesmo fazer dobras. Esta doença é transmitida pela picada de mosquitos contaminados com parasitas filiformes (filária) que entram na corrente sanguínea (em particular no sistema linfático) e no tecido conjuntivo, provocando inflamação dos tecidos. A medicação nem sempre resulta, sendo por vezes necessária uma intervenção cirúrgica.

Zika – os sintomas são semelhantes aos da dengue com erupções cutâneas avermelhadas. Os principais sintomas são febres baixas, vermelhidão ocular e comichão. Tal como a dengue, as águas paradas são uma fonte de mosquitos portadores do vírus e cuja picada infeta o ser humano. A dor causada pela doença pode ser tratada com medicação, mas o principal tratamento é repouso e ingestão de líquidos.

Lepra (Hanseníase) – doença infeciosa crónica contagiosa, cuja contaminação ocorre de pessoa para pessoa pelo contacto com secreções. Esta é contraída pelo contacto com o bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae). Esta doença afeta a pele e mucosas, ocorrendo a formação de nódulos, podendo diminuir a sensibilidade em certas zonas da pela pois afeta os nervos periféricos. A lepra atualmente tem cura, sendo aconselhável um diagnostico precoce.

Tuberculose – doença infeto-contagiosa causada pelo bacilo de Kock (Mycobacterium tuberculosis). O sintomas são predominantemente pulmonares, ocorrendo a formação de tubérculos, podendo apresentar localizações ósseas, na pele e em outras zonas do corpo. A doença é transmitida de pessoa para pessoa, ocorrendo geralmente em pessoas que vivem em local com falta de higiene, má alimentação e que possuam qualquer fator que baixe a sua imunidade. O tratamento é à base de antibióticos e demora 6 meses.

Hepatite -inflamação do fígado causada por vetores virais, bacterianos ou toxicidade. A pele e os olhos adquirem uma coloração amarelada, outros sintomas consistem em vómitos e fezes com sangue, fadiga, perda de peso, náuseas e anemias (causadas pela perda de sangue). Os sintomas variam com o tipo de hepatite. Nem todos os tipos de hepatite têm cura, mas é essencial consultar um medico o mais rápido possível, sendo possível controlar a doença em 6 a 8 semanas.

Doença de Lyme – doença causada por uma espiroqueta, bactéria Borrelia burgorferi, que é transmitida por carraças (Ixodes ricinus). Esta doença pode apresentar sintomas muito distintos, geralmente carateriza-se pela ocorrência de erupções cutâneas e sintomas semelhantes aos da gripe. O principal tratamento é a toma de antibióticos, em especial quando detetada precocemente. Quando detetada tardiamente torna-se numa doença debilitante de difícil tratamento.

Formas de prevenção:

mosquito transmissor de doenças

mosquito transmissor de doenças

Ao viajantes para países tropicais são muitas vezes aconselhados a tomarem vacinas que pretendem prevenir contra algumas das doenças tropicais mais conhecidas. As consultas ao viajante antes da viagem têm também como função advertir o viajante contra alguns comportamentos que em países diferentes do seu podem ser considerados de risco.

Os indivíduos que vivem em países tropicais necessitam de reconhecer algumas destas doenças, os seus sintomas, as formas de prevenção, assim como os processos que podem levar à cura, no entanto, nem todas estas doenças possuem uma cura.

Um dos principais comportamentos a ter em países tropicais é não deixar águas paradas durante muito tempo, pois trata-se de um clima muito quente que propicia a proliferação de insetos portadores de diversos vírus. Estes insetos acabam por se reproduzir dentro dessas fontes de água parada levando a um maior número de potenciais fontes de contaminação.

O mosquito é o principal hospedeiro dos vetores de transmissão da maioria das doenças tropicais, pelo que é aconselhável a utilização de redes mosquiteiras, assim como outros meios que impeçam o contacto com estes seres, impedindo a disseminação das doenças.

As condições de vida e particularmente de higiene estes países torna-se um fator importante na prevenção de doenças, pois muitas vezes as populações consomem produtos contaminados ou vivem em ambientes propensos à ocorrência de contaminações.

A intervenção nessas comunidades deve ser sempre no sentido de lhes proporcionar meios para que estas possam ter melhores condições de viva, com mais higiene e cuidados de saúde.

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References:

Doenças Tropicais. Instituto de Higiene e Medicina Tropical. Universidade Nova de Lisboa. Consultado em: Abril 30, 2018 em http://www.ihmt.unl.pt/

Fact sheets: tropical diseases. World Health Organization. Consultado em: Abril 30, 2018 em http://www.who.int/topics/tropical_diseases/en/

Tropical Diseases. American Society of Tropical Medicine and Hygiene Consultado em: Abril 30, 2018 em http://www.astmh.org/education-resources/tropical-medicine-q-a/major-tropical-diseases

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