Trypanosoma (Tripanossoma), Género

Trypanosoma é um género de protozoários hemoflagelados que conta centenas de espécies distribuídas em todo o mundo, a maioria não sendo patogénica.

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Trypanosoma (Tripanossoma), Género

Trypanosoma (Tripanossoma)
Taxon não definido Filo Classe Ordem Família Género Espécie
Excavata Euglenozoa Kinetoplastae Trypanosomatida Trypanosomatidae Trypanosoma centenas de espécies

 

Trypanosoma é um género de protozoários hemoflagelados, pertencente ao Reino Protista (considerado obsoleto nas classificações filogenéticas modernas), que conta centenas de espécies distribuídas em todo o mundo. As espécies desse género são todas parasitas heteroxenos mas a maioria não é patogénica para o hospedeiro vertebrado nem para o invertebrado. Vários tripanossomas causam importantes doenças veterinárias e apenas as espécies Trypanosoma cruzi e Trypanosoma brucei são patogénicas para o Homem.

História

O género Trypanosoma foi proposto em 1843 por David Gruby, após este ter observado um parasita que ele denominou Trypanosoma sanguinis, em Rana esculenta, uma espécie de rã europeia.

Ciclo de vida

As espécies do género Trypanosoma são parasitas heteroxenos uma vez que os seus ciclos de vida passam por uma fase intermediária num hospedeiro invertebrado, chamado vetor, e uma fase final num hospedeiro vertebrado que abrange mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. Os vetores de Trypanosoma, que o transmitem ao hospedeiro vertebrado, são artrópodes hematófagos ou sanguessugas no caso dos peixes.

Morfologia e reprodução

Os tripanossomas são parasitas flagelados de forma livre cujo tamanho varia dos 12 aos 42 µm de comprimento e 1,5 a 3,5 µm de largura. Reproduzem-se assexuadamente por fissão binária no tubo digestivo e/ou probóscide e glândulas salivárias do hospedeiro invertebrado e transmitem-se ao hospedeiro vertebrado por contaminação ou inoculação, dependendo da espécie de Trypanosoma, onde continuam a multiplicar-se no sangue, gânglios e líquido cefalorraquidiano.

Estes parasitas caracterizam-se pela presença de um cinetoplasto, constituído pela acumulação de DNA no prolongamento de uma mitocôndria, pela presença de um corpúsculo basal do flagelo chamado cinetossoma e um flagelo, normalmente livre na extremidade anterior, preso à membrana citoplasmática formando uma membrana ondulante.

As espécies do género Trypanosoma podem apresentar diferentes estados morfológicos (Fig. 1) ao longo do ciclo de vida:

Fig.1. Desenhos esquemáticos das principais formas do género Trypamosoma. A- amastigota; B- epimastigota; C- tripanomastigota. Legenda: cinetoplasto (ctp): cinetossoma (cts); flagelo (F); flagelo livre (Fl); núcleo (N); membrana ondulante (MO)

Fig.1. Desenhos esquemáticos das principais formas do género Trypamosoma. A- amastigota; B- epimastigota; C- tripanomastigota. Legenda: cinetoplasto (ctp): cinetossoma (cts); flagelo (F); flagelo livre (Fl); núcleo (N); membrana ondulante (MO)

Amastigota – Possui uma forma arredondada a oval e mede à volta de 5 µm. Tem um núcleo normalmente excêntrico, um cinetossoma e uma cinetoplasto. Possui um flagelo apesar de este não ser visível;

Epimastigota – Possui uma forma alongada com 9 a 15 µm de comprimento. O núcleo situa-se na extremidade posterior e o cinetossoma e o cinetoplasto localizam-se numa posição anterior ao núcleo. Possuem uma membrana ondulante de pequenas dimensões;

Tripomastigota – Mede de 12 a 35 µm de comprimento por 2 a 4 µm de largura e assume uma forma em S ou U. O núcleo está localizado centralmente e o cinetossoma e o cinetoplasto situam-se numa posição posterior ao núcleo. Possui uma membrana ondulante que percorre todo o tamanho do corpo.

Diversidade

As espécies do género Trypanosoma enquadram-se em dois grupos diferentes de acordo com o desenvolvimento no hospedeiro invertebrado e transmissão ao hospedeiro vertebrado:

Salivaria – Espécies que se multiplicam nos estados tripomastigota ou epimastigota na região anterior do tubo digestivo, probóscide e glândulas salivares do hospedeiro invertebrado e são transmitidas ao hospedeiro vertebrado através de inoculação (picada do inseto portador do parasita) onde a multiplicação ocorre no estado tripomastigota.

Pertencem a esse grupo, entre outras, as seguintes espécies:

Subgénero Duttonella

Trypanosoma vivax, Ziemann, 1905

Subgénero Nannomonas

Trypanosoma congolense, Broden, 1904

Subgénero Pycnomonas

Trypanosoma suis, Ochmann, 1905

Subgénero Trypanozoon

Trypanosoma brucei, Plimmer & Bradford, 1899

Trypanosoma evansi, Steel, 1885

Trypanosoma equiperdum, Doflein, 1901

Stercoraria – Espécies que se multiplicam no estado epimastigota no tubo digestivo do hospedeiro invertebrado e são eliminadas nas fezes ocorrendo transmissão ao hospedeiro vertebrado por contaminação ao contacto com o orifício da picada ou com as mucosas. No vertebrado, multiplicam-se no estado amastigota, epimastigota ou tripomastigota conforme a espécie.

Pertencem a esse grupo, entre outras, as seguintes espécies:

Subgénero Herpetosoma

Trypanosoma leeuwenhoeki, Shaw, 1969

Trypanosoma lewisi, Kent, 1980

Trypanosoma musculi, Kendall, 1906

Subgénero Megatrypanum

Trypanosoma scotophili, Liao, 1985
Trypanosoma talpae, Nabarro, 1907
Trypanosoma theileri, Laveran, 1902

Subgénero Schizotrypanum

Trypanosoma cruzi, Chagas, 1909

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References:

  • Adl, S.M. et al. (2005). The new higher level classification of Eukaryotes with emphasis on the taxonomy of protists. J. Eukaryot. Microbiol. 52 (5), p399-451.
  • Paniker, C.K. (2013). Haemoflagellates. In: Paniker, C.K. and Ghosh, S. Paniker’s Textbook of Medical Parasitology. 7th ed. New Dehli: Jaypee Brother Medical Publishers. p38-62.
  • Tille, P. (2013). Parasitology. In: Tille, P. Bailey & Scott’s Diagnostic Microbiology. 13th ed. Missouri: Elsevier Health Sciences. p546-704.
  • Zeibig, E. (2014). Hemoflagelados. In: Zeibig, E. Parasitologia Clínica: Uma abordagem clínico- laboratorial. 2nd ed. Rio de Janeiro: Elsevier. p104-128.
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