Deficiência e cuidados parentais
A deficiência e os cuidados parentais, referem-se à capacidade dos pais, de criar/educar crianças com limitações acima do comum.
A influência dos cuidados parentais na deficiência, começa logo na medida em que, quando a criança é sujeita a comportamentos inadequados por parte dos pais, esta situação pode resultar em défice no seu desenvolvimento (Cardozo, & Soares, 2011).
Com efeito, quando os pais têm ao seu cargo uma criança com deficiência, além de a responsabilidade ser acrescida devido à condição desta criança, o que é mais comum de acontecer é que a mãe tenha uma carga de responsabilidade maior do que a do pai, nos vários contextos da vida da criança, seja na educação, na saúde, na alimentação, etc (Cardozo, & Soares, 2010).
Cardozo e Soares (2011) referem que, de acordo com o DSM-IV-TR (203), Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, no que concerne à deficiência intelectual, uma das primeiras coisas a avaliar são os aspetos funcionais e a sua capacidade de adaptação ao ambiente. Verifica-se que, quando estas habilidades estão num padrão muito inferior à média, estamos perante um défice no comportamento, principalmente se o mesmo se expressar ao nível da comunicação, dos cuidados pessoais, da vida de casa, das competências sociais, do trabalho, do lazer, da saúde e da segurança, antes dos 18 anos (Cardozo, & Soares, 2011).
No caso de crianças portadoras de Síndrome de Down, por exemplo, podemos perceber que, de acordo com os mesmos autores, cada conquista dos filhos que permita observar qualquer tipo de evolução, leva estes pais a olhar a mesma como uma dádiva, já que é um motor de desenvolvimento dos mesmos (Cardozo, & Soares, 2011).
Tendo em conta o tipo de características que uma deficiência pode trazer consigo, é importante que os pais, sendo as figuras mais importantes da educação da criança, tenham atenção a qualquer alteração no desenvolvimento que possa ser considerada anómala (Cardozo, & Soares, 2011). Este tipo de cuidado pode ser feito utilizando diferentes estratégias como o diálogo com os filhos e a monitorização de comportamentos que promovam o desenvolvimento da criança (Cardozo, & Soares, 2011).
A participação de ambos os conjugues nos cuidados de crianças com deficiência é fundamental, no sentido de promover em conjunto as capacidades de aquisição de rotinas que influenciam o desenvolvimento físico e mental dos mesmos (Cardozo, & Soares, 2011).
Competências como aptidão para resolver problemas, são extremamente ricos quando estamos perante pais que têm crianças deficientes aos seus cuidados já que estas habilidades são meios de recurso utilizados para a promoção do envolvimento dos filhos nas questões familiares (Cardozo, & Soares, 2011). Estas estratégias utilizadas pelos pais em relação às crianças deficientes, devem ser utilizadas tanto no contexto familiar como em outros contextos porque fomentam a autonomia destes filhos ao mesmo tempo que lhes dão recursos para obter habilidades sociais e sentimentos positivos em relação a si mesmos (Cardozo, & Soares, 2011).
A revisão bibliográfica levada a cabo pelos autores demonstra com bastante evidencia que um filho traz sempre ilusões e medos aos pais e, só o facto de assumir uma parentalidade, já é uma grande responsabilidade que se torna maior quando esse filho é portador de algum tipo de deficiência (Cardozo, & Soares, 2011). Neste caso, é natural que surjam alguns conflitos no que concerne aos vínculos familiares, devido à condição da deficiência, não pela deficiência em si, mas pela necessidade de adaptação à mesma, como uma nova realidade que requere a aptidão para adquirir novas competências (Cardozo, & Soares, 2011).
Deste modo, o facto de descobrir que o filho é portador de uma deficiência leva os pais a precisar de acompanhar a criança mais de perto, ao longo de toda a sua vida, o que acarreta decisões acerca de tratamentos médicos, de questões educativas e de necessidades especiais, o que, muitas vezes leva os pais a associarem a condição do filho a algo muito negativo (Cardozo, & Soares, 2011).
Conclusão
Segundo a revisão da literatura, podemos compreender que os cuidados parentais junto de crianças com deficiência, são, por norma, promotores de responsabilidades acrescidas em relação a estes filhos. No entanto, não podemos deixar de mencionar que uma das mais valias para que a condição destas crianças não seja mais prejudicada ainda, é o facto de os pais serem capazes de promover o desenvolvimento das mesmas, no sentido de lhes dar a maior capacidade possível de autonomia.
References:
- Cardozo, Alcides, & Soares, Adriana Benevides. (2010). A influência das habilidades sociais no envolvimento de mães e pais com filhos com retardo mental. Aletheia, (31), 39-53. Recuperado em 15 de agosto de 2016, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942010000100005;
- Cardozo, A., & Soares, A.B. (2011). Habilidades Sociais e o Envolvimento entre Pais e Filhos com Deficiência Intelectual. PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2011, 31 (1), 110-119. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932011000100010&script=sci_arttext&tlng=es.