Floresta Boreal – descrição
Floresta boreal é uma floresta que surge maioritariamente a elevada latitude. Esta está associada a climas muito frios, correspondendo a um terço da superfície florestal do planeta. Muitas vezes associada à designação de taiga, em particular na Europa e Ásia. Outra denominação é floresta de coníferas, devido à predominância destas espécies de árvores e arbustos.
Estas florestas encontram-se particularmente na latitude 50º a 70º no Hemisfério Norte. No Canada onde se encontram bastante conservadas, como no Alasca, e no norte da Europa, Escandinávia. Também no norte da Rússia, em especial da região da Sibéria.
Apesar da existência de uma limitação geográfica aparente, os limites desta região deve-se principalmente às condições climáticas. Este corresponde a um dos maiores biomas terrestres, especialmente devido à destruição que os outros biomas têm vindo a sofrer.
Características:
Clima
O clima típico presente neste bioma é o continental polar. Logo este apresenta temperaturas extremamente frias, ao mesmo tempo que se desenvolvem ventos frequentes e muito fortes durante todo o ano. Nas regiões mais a sul a floresta é mais densa, enquanto que mais a norte a densidade florestal é baixa.
A precipitação pode ser muito frequente, surgindo sob a forma de neve durante o inverno ou nevoeiro. Os solos encontram-se cobertos por uma camada de neve. A camada mais inferior do solo está permanentemente congelada, pois situa-se na proximidade da zona ártica.
Nesta região a temperatura nunca sobe para valores muito superiores a 20 ºC, e os dias são curtos. Os verões são mais quentes, mas as suas temperaturas nunca chegam a valores superiores a 10ºC, assim como apresentam uma elevada concentração de precipitação.
A concentração de água no solo é elevada devido à baixa taxa de evaporação, uma vez que as temperaturas mantêm-se constantemente baixas.
Fauna e flora
Os solos desta região estão quase sempre congelados, com execpção do verão, o que permite o crescimento de flora. Destes podem mencionar árvores perenifólias e arbustos, desde coníferas (teixos, pinheiros, larício…), a bétulas e faias, no entanto, a flora e a fauna não são muito diversificadas. Estes solos são maioritariamente ácidos e cobertos de agulhas das árvores. O seu coberto dificulta o crescimento de outras espécies vegetais, apesar da presença de fetos.
O crescimento destas florestas é muito lento, devido às baixas temperaturas e às árvores de crescimento lento, sendo difícil a sua regeneração num curto espaço de tempo. A forma cónica das árvores permite a estas suportarem a queda da neve evitando a quebra dos ramos.
As folhas estão também adaptadas para evitar a perda de água, pois durante o inverno as raízes não conseguem obtê-la. A quantidade de cloroplastos, ou mesmo a espessura do caule são também características adaptativas a condições de baixas temperaturas.
A fauna carateriza-se pela existência de ursos, bisontes, renas, diversas espécies de aves (a maioria não permanece durante ao inverno) e alguns insetos.
Funções:
Há primeira vista trata-se de um local muito estéril, no entanto, corresponde a um dos maiores sumidouros de CO2 em todo o planeta Terra.
As espécies arbóreas que formam a floresta boreal caracterizam-se por libertarem uma elevada percentagem de dióxido de carbono ao contrario de fixar o carbono como a maioria das zonas florestais. Isto é, como todas as árvores também aquelas que habitam estes espaços acumulam carbono. No entanto, ao contrario da maioria, se perturbadas por fogo ou por uma praga de insetos, a quantidade de carbono libertada é consideravelmente superior à esperada.
Estas florestas são muito exploradas pela sua madeira, assim como pelos produtos derivados que apresentam um elevado valor económico.
Outros serviços do ecossistema correspondem à regulação do clima, da qualidade do ar e da água. No entanto, a quantidade de serviços prestados encontra-se em declínio especialmente devido à intervenção humana que favorece um tipo de serviços em detrimento de outros.
Ameaças:
A utilização de produtos derivados do petróleo, assim como produtos obtidos através da exploração das florestas tem posto estes ambientes sobre uma grande pressão. Uma grande percentagem de área florestal tem vindo a ser perdida, em especial na região mais a sul.
Este ecossistema é muito sensível à presença humana, podendo ser um indicador de alterações climáticas, pois ocorrem diversas alterações em ambientes, como lagos e pântanos, presentes nestes ecossistemas.
As alterações climáticas também têm contribuído para o aumento da pressão sobre estas florestas. Alguns investigadores acreditam que em alguns anos floresta boreal será transformada numa área prados devido ao aumento das temperaturas.
As chuvas e os períodos de crescimento podem também ser alterados devido a mudanças climáticas, levando à diminuição de habitats ou mesmo a sua fragmentação.
Os incêndios e o impacto da atividade humana também estão a por em risco estas florestas. No entanto, estas encontrarem-se em melhores condições que as florestas tropicais. Uma parte do que é considerado floresta boreal encontra-se agora sob a forma de glaciares devido à sua recessão, provocada pelas alterações climaticas.
References:
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