Conceito de Transfobia
A transfobia diz respeito à aversão contra indivíduos que não se identificam com o seu sexo biológico. Devido às suas características específicas estes encontram diversos obstáculos sociais nas mais variadas situações do seu quotidiano.
Rodriguez, Cervantes e Martínez-Guzmán (2015) referem-se à transfobia como forma de violência para com pessoas trangénero. Barrón-Velázquez, Salín-Pascual e Guadarrama-López (2014) referem que a homofobia-transfobia não são um fenómeno comportamental apenas da espécie humana e que se assume como a aversão obsessiva em relação a indivíduos homossexuais.
Por esse motivo, em alguns países latinos criou-se uma lei que visa a proibição de discriminação e comportamentos violentos contra qualquer cidadão com base na identidade de género ou orientação sexual (Rodriguez, Cervantes, & Martinez-Gusmán, 2015). Esta lei vale para toda a comunidade lésbica, gay, bissexual e trangénero/transexual/travesti ou intersexual (LGBTTTI) (Rodriguez, Cervantes, & Martinez-Gusmán, 2015).
Fez-se necessário criar estas leis devido aos obstáculos frequentes sentidos pelos indivíduos que sofrem com atitudes de transfobia e também devido à sua dificuldade em lidar com a sua própria aparência física, o que os leva a iniciar processos de alteração corporais baseados em automedicação com hormonas e sem qualquer tipo de orientação médica, injeções de todo o tipo e ainda intervenções cirúrgicas que são realizadas por pessoas sem formação superior para o efeito (Barrón-Velázquez, Salín-Pascual, & Guadarrama-López, 2014).
Nestas situações, muitos acabam por ser vítimas de mutilações e chegam a acabar por se suicidar (Barrón-Velázquez, Salín-Pascual, & Guadarrama-López, 2014).
Segundo estes pressupostos, parece evidente a necessidade de terapia junto destes indivíduos, que visa promover a sua autoestima e fortalecer a sua autoafirmação para que, uma vez agindo dentro dos parâmetros adequados, possam usufruir de direitos como a mudança de nome e de género, a possibilidade de casar e outros tipos de direitos legais acessíveis à maioria dos cidadãos (Barrón-Velázquez, Salín-Pascual, & Guadarrama-López, 2014).
Algumas das especialidades habilitadas a intervir junto destes indivíduos, são a medicina interna, a medicina interna e especialidades cirúrgicas, a urologia, a psiquiatria, a ginecologia e a cirurgia plástica (Barrón-Velázquez, Salín-Pascual, & Guadarrama-López, 2014). Dentro da medicina interna e da medicina geral, encontramos ainda a psicologia, numa vasta quantidade de casos (Barrón-Velázquez, Salín-Pascual, & Guadarrama-López, 2014).
De acordo com os seus estudos Rodriguez, Cervantes e Martinez-Gusmán (2015) observaram que uma grande parte da comunidade considera que a orientação sexual de cada indivíduo provoca reações divididas, uma vez que uns aceitam a diferença e outros não.
Estas atitudes díspares entre a população em relação aos indivíduos LGBTTTI deve-se às questões acerca da preservação da espécie, uma vez que a reprodução é a única forma de garantir a vinda de novas gerações (Barrón-Velázquez, Salín-Pascual, & Guadarrama-López, 2014).
A comunidade transexual apercebe-se bastante de comportamentos transfóbicos quando se depara com a dificuldade em adquirir o direito à identidade sexual através de um documento oficial já que o reconhecimento da sua identidade sexual permanece ignorado, ou que acaba por levar o indivíduo à resignação (Rodriguez, Cervantes, & Martinez-Gusmán, 2015). São estes alguns dos obstáculos com que o indivíduo trans se depara quando enfrenta uma situação de transfobia (Rodriguez, Cervantes, & Martinez-Gusmán, 2015).
“…a discordância que experimentam entre a sua identidade de género e o seu sexo de nascimento reproduz-se e agrava-se devido à sua carência de personalidade jurídica de acordo com a sua identidade de género, de modo que se convertem em não identificados na sua própria nacionalidade” (Alcaraz, 2008, p.29, cit in Rodriguez, Cervantes, & Martinez-Gusmán, 2015).
Podemos, contudo, assumir que é no mercado de trabalho que estes indivíduos encontram as suas maiores dificuldades, uma vez que a maioria deles não consegue arranjar emprego devido à transfobia de que é alvo, o que os leva a acabar na rua e a enveredar pela indústria do sexo, com salários precários (Rodriguez, Cervantes, & Martinez-Gusmán, 2015).
Se a isto tudo juntarmos o nível socioeconómico, a situação de transfobia piora uma vez que a comunidade LGBTTTI não é tratada toda da mesma forma, dependendo de ser proveniente da alta sociedade ou da baixa sociedade (Rodriguez, Cervantes, & Martinez-Gusmán, 2015).
Conclusão
A transfobia abarca, entre a comunidade LGBTTI, principalmente os indivíduos transexuais, trangénero e travestis, que, por se identificarem com o género oposto ao seu, tornam-se vítimas de comportamentos agressivos por parte da comunidade. Devido a estas circunstâncias tornou-se crucial criar uma lei que vise a proteção dos mesmos embora a mesma abarque falhas no que concerne ao reconhecimento dos indivíduos na sua identidade de género verdadeiro. Outra questão fundamental é a necessidade de cuidados de saúde e de acompanhamento adequado, junto de profissionais habilitados às condições específicas desta população.
References:
- Barrón-Velázquez, E., Salín-Pascual, R.J., & Guadarrama-López, L. Encuesta para evaluar el conocimiento sobre las condiciones de diversidade sexo-genérica y homofoia em uma muestra de alunos universitários. Survey to assess knowledge about the conditions of sex-gender diversity and homofobia in a sample of university students. Rev Mex Neurocl [online] 2014 16(6) [cited 2016-07-08]: 267-276. Disponível em com/wp-content/uploads/2014/…/Nm145-04.pdf;
- Rodríguez, N.E.M., Cervantes, O.O.G., & Martínez-Gusmán, A. Identidades transgénero y transfobia em el contexto mexicano: Uma Aproximación narrativa. Transgender identities and transphobia in the Mexican contexto: A narrative approach. Quaderns de Psicologia [online]. 2015, vol.17, no3 [cited 2016-0708]: pp. 71-82. Disponível em quadernsdepsicologia.cat/article/viewFile/…/1279-pdf-es.