Androgenia

Entende-se como androgenia a junção de ambos os géneros na postura assumida por um indivíduo.

Androgenia

Entende-se como androgenia a junção de ambos os géneros na postura assumida por um indivíduo. No entanto, a mesma ainda não é bem conhecida nem compreendida do ponto de vista social.

A androgenia é vista, segundo a literatura platónica, como junção de todas as concepções religiosas e culturais que formavam a divindade assexuada/sem distinção sexual (Rojas, & Franco, 2008).

No mundo grego acreditava-se na androgenia como forma de atingir o auge de amor puro que mais tarde foi aniquilada limitada pela incapacidade humana de conjeturar sentimentos segundo esta postura, extinguindo-a com o passar dos tempos no que diz respeito ao género (Rojas, & Franco, 2008).

Pesquisas realizadas por Knoppers (1980) sugeriam a ideia de androgenia como uma junção d figura masculina com a feminina em que ambas podiam estar ativadas no mesmo indivíduo.

De acordo com Lubinski, Tellegen e Butcher (1983) a androgenia é uma espécie de atualização do self, ou seja, como mais do que a soma das duas partes (masculina e feminina), o que se traduz numa combinação não normatizada.

Do ponto de vista biopsicológico, a androgenia caracteriza-se pela bipolaridade entre as características masculinas e as femininas (Knoppers, 1980).

Nas últimas décadas, os movimentos sexistas defendem distinções feministas e machistas, contudo, na fase da adolescência, há uma clara tendência para assumir uma postura mais neutra, por exemplo no que concerne ao código de vestuário, como vermos um rapaz com a depilação feita, ou em algumas caraterísticas da sociedade, em que vemos, como por exemplo, uma mulher a conduzir um autocarro (Rojas, & Franco, 2008).

Vemos ainda mulheres assumindo o papel de chefes de família e homens a assumir papeis mais ligados ao cuidar dos filhos e da casa (Maus, e D’Andrea, 2013).

Uma das coisas que melhor definem a androgenia é o facto de ela ter características culturais, psicológicas, antropológicas, sociológicas, históricas, etc, no que concerne à mistura de ambos os sexos (Rojas, & Franco, 2008).

Nos dias de hoje, nascer homem ou mulher traz consequências biológicas, psicológicas e sociais que traçam as possibilidades e limites do ser humano, contudo, a tendência é para adaptar a sociedade à indefinição de género, vista com cada vez mais naturalidade (Rojas, & Franco, 2008).

Assim, parece óbvio que a sociedade tende para construir uma nova identidade de género para além do masculino e do feminino, que se trata, precisamente, da androgenia, que, segundo as linhas de orientação psicológica, implica que a masculinidade não é o contrário da feminilidade nem vice versa e que a mesma não é uma questão biológica (Rojas, & Franco, 2008).

Os estudos de Maus e D’Andrea (2013) evidenciam a forma como a androgenia entrou no mundo da moda, tanto em meios de publicidade como na apresentação de modelos ambíguos entre o masculino e o feminino.

A androgenia caracteriza-se também pelo facto de promover maior bem-estar mental porque o indivíduo se adapta a qualquer tipo de comportamento, uma vez que o mesmo acaba por ser maleável a qualquer circunstância, o que lhe proporciona maior capacidade de equilíbrio (Rojas, & Franco, 2008).

A androgenia não é , contudo, um modo não sexista de viver, nem exclui os valores associados ao género, no que diz respeito às diferenças, mas sim, uma forma de viver que privilegia um comportamento mais flexível, não estereotipado de acordo com o contexto (Knoppers, 1980).

Do mesmo modo, os estudos de Lubinski, Tellegen e Butcher (1983) demonstram a androgenia do ponto de vista liberal, como uma forma de viver alternativa, que contraria o sistema normativo bissexuado de saúde mental.

Um fenómeno que influencia bastante a tendência para a androgenia, é o facto de uma criança se identificar bastante com o progenitor do sexo oposto, que pode levar a que a mesma adquira uma grande capacidade de adaptação ao comportamento do género oposto (Rojas, & Franco, 2008).

Servin (1982) explicava que as pessoas andrógenas eram dotadas de maior auto estima, maior capacidade de desenvolvimento social e maior capacidade de adaptação (Servin, 1982, cit in Rojas, & Franco, 2008).

Conclusão

Do ponto de vista biopsicossocial a postura assumida pelo indivíduo andrógeno, como uma junção ou mistura de ambos os géneros, permite que este consiga adaptar-se a qualquer situação, sem estar preso a valores e preconceitos culturais de género. Isto leva-o a assumir uma forma de estar mais maleável, em que há menos tendência para o desconforto social em qualquer situação, o que se traduz, mais facilmente em bem-estar ao nível da sua saúde mental.

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References:

  • Knoppers, A. (1980). Androgyny: Another Look. QUEST, 32(2), 184-191. Acedido a 8 de maio de 2016 em http://journals.humankinetics.com/AcuCustom/Sitename/Documents/DocumentItem/10948.pdf
  • Lubisnki, D., Tellegen, A., & Butcher, J.N. (1983). Masculinity, Feminility, and Androgyny Viewed and Assessed as Distinct Concepts. Journal of Personality and Social Pychology. Vol. 44, nº2, 428-439. Acedido a 6 de março de 2016 em https://my.vanderbilt.edu/smpy/files/2013/02/LubinskiTellegenButcher1983.pdf
  • Maus, S., & D’Andrea, J.M. (2013). Androginia e suas Vertentes. 9º Colóquio de Moda – Fortaleza (CE).
  • Rojas, L.B.P., & Franco, A.L.M. (2008). ANDROS Y GYNE: LO INEVITABLE DEL NUEVO MILENIO. Revista CES Psicología. Volume 1 – número 2.
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