Comportamentos sexuais de risco

Comportamentos sexuais de risco podem decorrer em qualquer estrato social e em todas as idades.

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Comportamentos sexuais de risco

Como problema de saúde pública, os comportamentos sexuais de risco podem decorrer em qualquer estrato social e em todas as idades. Precisamos, por esse motivo, de compreender que tipo de situações nos expõem mais ao risco, no sentido de procurar inverter o aumento do mesmo.

“A expressão comportamento de risco pode ser definida como participação em atividades que possam comprometer a saúde física e mental do adolescente.”

(Feijó, & Oliveira, 2001, p.1).

O comportamento sexual de risco advem da procura de aventura e exploração de novas experiências, por parte dos jovens, principalmente quando influenciadas pelos grupos de amigos, que podem trazer consequências individuais, familiares e sociais (Feijó, & Oliveira, 2001).

Segundo Scivoletto, Tsuji, Abdo, Queiróz, Andrade e Gattaz (1999) verifica-se que a proliferação das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), tem ocorrido em paralelo com a proliferação do consumo de drogas ilícitas.

Os autores concluíram, com as suas pesquisas, que a literatura demonstra haver uma grande prevalência, no que concerne ao consumo de crack, entre os jovens que adoptam comportamentos sexuais de risco, fazendo destes um meio de obter a substância, isto é, trocando a mesma por favores sexuais, embora o sexo seja usado apenas como recurso para a obtenção da droga ((Szwarcwald, Castilho, Júnior, Gomes, Costa, Maletta, Carvalho, Oliveira, & Chequer, 2000; Scivoletto et al, 1999), uma vez que o consumo diminui a líbido (Scivoletto et al., 1999).

Os estudos de Cardoso, Malbergier e Figueiredo (2008) corroboram estas pesquisas na medida em que também encontram o consumo de substâncias ilícitas e de álcool como principais preditores dos comportamentos sexuais de risco.

Szwarcwald et al (2000) reafirmam ainda o aumento do risco de contaminação por DST devido aos comportamentos de risco, resultantes do uso de drogas ilícitas, tais como o crack e a cocaína, levando ao não uso de preservativos aquando da relação sexual.

Feijó e Oliveira (2001) acrescentam ao consumo de drogas e de álcool, a influência da família, o contexto social (pares) em que se enquadram e ainda a influência dos media, uma vez que os adolescentes passam muito tempo na internet, e à frente do televisor, factores estes que levam à adopção dos comportamentos de risco devido à banalização da sexualidade a que estes adolescentes têm tendência.

Uma outra característica do comportamento sexual de risco entre adolescentes, verificada pelos autores é o consumo excessivo de álcool associado ao não uso dos preservativos, além da tendência para comportamentos mais desinibitórios aquando do consumo (Scivoletto et al., 1999).

Do mesmo modo, uma vez que o álcool é uma substância psicotrópica que desinibe e reduz a ansiedade, também diminui a actividade cerebral, o que leva à maior facilidade em assumir comportamentos mais relaxados e menos responsáveis, facilitando a tendência para comportamentos sexuais de risco e respectivas DST associadas (Cardoso, Malbergier, & Figueiredo, 2008).

A literatura demonstra ainda que, além da falta de uso de preservativos aquando da actividade sexual, a elevada quantidade de parceiros sexuais na adolescência, também é uma das formas mais comuns de aumento de comportamentos de risco e consequente infecção por DST (Szwarcwald et al, 2000).

Para Feijó e Oliveira (2001) é importante compreender a relação do uso de álcool e de drogas, através da relação intrafamiliar, onde se encontra presente a violência doméstica, frequentemente presentes nos relatos das consultas de rotina assistidas em consulta médica. Nestas circunstâncias, é fundamental recorrer ao questionamento sobre traumas físicos e psicológicos, abuso sexual, exploração sexual e risco de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (HIV), devido às consequências ao nível da saúde, provenientes destes relatos, como por exemplo, problemas gastrointestinais, frequentemente encontrados em pessoas que sofreram algum tipo de abuso (Feijó, & Oliveira, 2001).

Szwarcwald et al. (2000) apontam vários estudos que indicam que mais de metade da população estadunidense contrai HIV entre os 15 e os 24 anos de idade.

De referir ainda que os estudos de Cardoso, Malbergier e Figueiredo (2008) indicam que a população homossexual e bissexual é, segundo aquela que se encontra em maior risco de adoptar comportamentos sexuais de risco como a prática de sexo não protegido, bem como de uso de drogas injectáveis.

Conclusão

Os comportamentos sexuais de risco estão presentes em qualquer relação sexual irresponsável, ou seja, em que não se faça uso do preservativo aquando de relações sexuais obtidas frequentemente com diferentes parceiros. Este tipo de comportamento parece estar associado ao uso de substâncias ilícitas tais como crack e cocaína, bem como ao abuso do consumo de álcool que, como verificamos ainda, provoca maior desinibição no comportamento sexual do indivíduo. Verifica-se ainda que, apesar de ser utilizado muitas vezes para a obtenção de drogas ilícitas, como forma de pagamento, as mesmas tendem a diminuir a líbido. Dois outros pontos a reter são o facto de que famílias onde se encontra presente a violência doméstica e sexual, são mais propícias ao risco de contaminação por DST bem como a população homossexual e bissexual.

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References:

  • Feijó, R.B., & Oliveira, E.A. (2001). Comportamento de risco na adolescência. Risk behavior in adolescence. Acedido a 7 de Fevereiro de 2016 em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/ 10183/54698/000386001.pdf?sequence=1
  • Cardso, Malbergier, & Figueiredo (2008). O consumo de álcool como fator de risco para a transmissão das DSTs/HIV/Aids. Alcohol consumption as a risk factor n the transmission of STD/HIV/Aids. Psiq,Clín, 35, 1, 70-75. Acedido a 7 de Fevereiro de 2016 em http://www.revistas.usp.br/acp/article/viewFile/17186/19193
  • Scivoletto, S., Tsuji, R.K., Abdo, C.H.N, Queiróz, S., Andrade, A.G., & Gattaz, W.F. (1999). Relação entre o consumo de drogas e comportamento sexual de estudantes de 2º grau de São Paulo. Ver Bras Psiquiatr, 21 (2). Acedido a 7 d Fevereiro de 2016 em https://www.researchgate.net/ profile/Wagner_Gattaz/ publication/262520919_ Relationship_between_drug_ consumption_and_sexual_ behavior_among_high_school_ students_of_So_Paulo/ links/00b7d5239ebada1768000000.pdf
  • Swarcwald, C.L., Castilho, E.A., Júnior, A.B., Gomez, M.R.O., Costa, E.A.M.M., Maletta, B.V., Carvalho, R.F.M., Oliveira, S.R., & Chequer, P. (2000). Comportamento de risco dos conscritos do Exército Brasileiro, 1998: uma apreciação da infecção pelo HIV segundo diferenciais sócio-econômicos.Socioeconmic diferences in HIV risk behavior among Brazilian Military conscripts. Saúde Pública. 16, 1, 113-128. Acedido a 7 de Fevereiro de 2016 em http://www.scielosp.org/pdf/csp/v16s1/2217.pdf
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