Conceito de Homossexualidade
A homossexualidade diz respeito à atração sexual por indivíduos do mesmo sexo. Embora sempre tenha feito parte da história, foi também sempre entendida como algo contra natura, pela sociedade, a nível mundial.
De acordo com Anjos (2002) vários estudos representativos acerca da população homossexual procuram encontrar uma definição própria, na tentativa de tornar a condição em causa, como legítima, o que parte para o campo da sociologia. Podemos encontrar diferentes abordagens sobre o estudos de movimentos sociais, que pretendem explicar o surgimento de organizações no âmbito da orientação sexual (Anjos, 2002).
Boltanski (1982, cit in Anjos, 2002), ao pesquisar sobre o tema, foca que, para além da existência de organizações fundadas com vista ao apoio da população homossexual, é preciso investir na formação dos profissionais que nelas atuam.
Pode-se dizer que a “condição homossexual” tem sido objeto de luta por definições legítimas, nas quais defrontam-se e aliam-se estudiosos, religiosos, agentes do espaço político – legisladores, partidos, estado e, nas últimas décadas (McRae, 1990; Trevisan, 1986, cit in Anjos, 2002), as associações e organizações que fazem parte da sociedade civil, nas quais, de forma explícita ou tácita, estão identificados diferentes subgrupos no interior da categoria homossexual, atuando de formas não meramente de representação política (Anjos, 2002).
O preconceito e a discriminação
Com a entrada do novo século a sociedade em geral torna-se cada vez mais consciente das diferenças e multiplicidades sociais emergentes, bem como da necessidade de regular os vários aspetos envolvidos nos relacionamentos sociais decorrentes dessas diferenças (Bandeira, & Batista, 2002). Isso traduz-se numa identificação quase obsessiva que estabelece novas linhas de demarcação no domínio das interações sociais (Bandeira, &Batista, 2002). Estas podem ser suscetíveis de regulação com base em novos valores que pretendem gerar uma ética de igualdade, baseada no respeito moral e no reconhecimento de direito das diferenças e dos pluralismos, que dependa cada vez menos de leis e procedimentos formais (Bandeira, & Batista, 2002).
Observa-se a vitimização da população homossexual, chegando a casos extremos de violência, escondidos no próprio sofrimento sem poder falar, denunciar ou mesmo compreender (Bandeira, & Batista, 2002).
Torna-se então evidente a necessidade de mudanças na consciência da sociedade,a qual, se traduz na produção de conceitos e teorias que visam a interpretação dessas realidades, preparando o caminho da sua evolução (Bandeira, & Batista, 2002).
Sentimentos de discriminação são vividos desde a adolescência, principalmente na escola, por jovens cujo comportamento se mostra mais atípico e efeminado (Cunha, & Gomes, 2015). Esses sentimentos são reconhecidos desde a iniciação sexual, que se dá a partir de algumas normas de comportamento baseadas em papéis de género, homossociabilidade e escolha de objeto, que mostraram que os adolescentes que possuem uma tendência sexual diferente sofrem discriminação por parte dos seus pares, por meio de intimidações e exclusões dos grupos, causando comportamentos de riscos sociais, psicológicos e físicos e, em muitos casos,bullying (Cunha, & Gomes, 2015).
Ainda nesse campo, investigações internacionais, que analisam o não-uso de preservativos por homens que fazem sexo com homens, demonstram que o sentimento de perda de prazer associada ao preservativo pode ser um impedimento fundamental para a sua utilização (Cunha, & Gomes, 2015). Muitos acreditam que o uso do preservativo não é necessário quando se tem um parceiro confiável e fixo, e algumas referências afirmam que o uso do preservativo causa dificuldade de ereção, provocando angústia e depressão (Cunha, &Gomes, 2015).
Tanto na literatura nacional quanto na internacional, torna-se evidente que a preocupação de intensificar sensações de prazer físico e emocional é muito maior do que a de contrair a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV), e que esse comportamento é incentivado pela pornografia que exibe, com frequência, atos sexuais desprotegidos, geralmente representados por orgasmos espetaculares (Cunha, & Gomes, 2015).
Ainda em relação à vulnerabilidade ao HIV, estudos de pesquisa realizados com jovens norte-americanos, demonstram que esses apresentam, com frequência, a prática de sexo oral e anal tanto passivo como ativo, com homens mais velhos, sem uso de preservativos(Cunha, & Gomes, 2015). Essa atividade pode envolver comportamentos homossexuais, por heterossexuais, muitas vezes por questões de poder, idade e género (Cunha, & Gomes, 2015).
Conclusão
De acordo com a revisão bibliográfica, a homossexualidade não é considerada como patologia, mas sim como contra natura, para a população em geral. Contudo, para algumas amostras da população, e mesmo depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) já a ter retirado da lista de patologias, a mesma ainda é alvo de crenças erróneas respeitantes à ideia de doença.
Podemos, portanto, dizer que ainda existe muito preconceito e discriminação a nível mundial e um pouco por toda a sociedade, em relação a indivíduos homossexuais, ao longo de todo o seu percurso vital, o que lhes causa bastantes obstáculos no mercado de trabalho ou mesmo nos seus relacionamentos afetivos.
References:
- Anjos, G. (2002). Homossexualidade, direitos humanos e cidadania. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, nº7, jan/jun, 2002, p.222-252;
- Bandeira, L., & Batista, A.S. (2002). Preconceito e discriminação como expressões de violência. Revista Estudos Feministas. Acedido a 25 de julho de 2016 em scielo.br/pdf/ref/v10n1/11632.pdf;
- Cunha, R.B.B. (2015). Os jovens homossexuais masculinos e sua saúde: uma revisão sistemática. [em linha] SCIELO BRASIL. scielo.br. Acedido a 26 de junho de 2016 em www.redalyc.org/articulo.oa?id=180138352006.