Lista das xx plantas ameaçadas
Portugal ainda não tem um livro vermelho ou uma lista organizada que possa indicar as plantas vasculares ou não vasculares que se encontram em vias de extinção, sendo dos únicos países que não o possui. No entanto, esforços têm vindo a ser feitos no sentido da sua criação para garantir que estas espécies são protegidas e a sua população é recuperada.
Entre esses esforços encontra-se um projeto apoiado pelo UICN (União Internacional de Conservação da Natureza) que visa a criação de um livro vermelho para as espécies ameaçadas até ao fim de setembro de 2018.
As espécies ameaçadas sofrem o efeito de vários fatores, entre eles causados por frequentes incêndios que afetam o país, o seu pisoteio, a construção de infraestruturas que destroem os habitats, as alterações climáticas ou ainda a introdução de espécies exóticas que acabam por retirar o habitat às espécies autóctones.
A listagem que se segue corresponde às principais plantas ameaçadas em Portugal, mesmo que não seja esse o caso noutros países. As espécies serão designadas pelo seu nome cientifico, assim como o nome comum, sempre que possivel.
Estas plantas ameaçadas desapareceram do território português, ou encontram-se em áreas muito reduzidas. Não serão incluídas espécies do território insular, pois este apresenta um clima bastante especifico devido às características dos arquipélagos.
As 20 espécies ameaçadas (em vias de extinção):
Armeria sampaioi (Armeria Sampaio):
Esta planta ameaçada deve o seu estado à pressão provocada por atividades recreativas que ocorrem na região onde estas se encontram.
Asphodelus bento-rainhae subsp. bento-rainhae (Bengala de São José):
Esta planta ameaçada tem os seus habitats (carvalhais e cerejeiras) sobre grande pressão em Portugal. Esta espécie encontra-se inserida na diretiva habitat para a sua proteção.
Asplenium hemionitis (Feto-folha-de-hera):
A sua baixa distribuição leva ao seu estatuto, pois qualquer alteração ao seu habitat (desmatamento, construção de muros) pode destruir as populações existentes.
Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum:
Esta espécie é endémica de Portugal continental, encontra-se de momento protegida pela diretiva Habitats, visto não possuir uma distribuição geográfica elevada. As fortes pressões causadas pelo elevado turismo e pela forte urbanização que tem ocorrido no seu ecossistema.
Convolvulus fernandesii (Corriola do Espichel):
Esta espécie encontra-se apenas numa única região de Portugal, na região do Parque Natural da Arrábida, pelo que a atividade praticada por visitantes do parque podem de alguma forma interferir com a sobrevivência da população desta espécie.
Crepis pusilla:
Espécie associada à diretiva Habitats. O maior fator de risco para esta espécie é o pisoteio, assim como o desaparecimento do seu habitat devido à destruição dos prados e ao pisoteio, quando se encontra nos caminhos.
Dianthus cintranus subsp. cintranus:
A expansão urbana, os incêndios, assim como a introdução de plantas exóticas (em particular as do género acácia) tem vindo a degradar as populações existentes desta espécie.
Festuca henriquesii (leborinho):
Esta espécie é ameaçada, particularmente por processos naturais como os que ocorrem devido à sucessão ecológica. Esta sucessão deve-se principalmente devido ao abandono dos campos de cultivo e pastorícia levando ao surgimento de espécies mais complexas que a substituem.
Herniaria algarvica:
A sua distribuição é bastante pequena, sendo muito fácil que os membros das suas populações desapareçam.
Linaria ricardoi (Coutinho):
Esta espécie encontra-se em perigo, como muitas outras devido à destruição do seu habitat, particularmente, as áreas de searas que lhes forneciam sombra. Com a regeneração das áreas de sobral foram encontradas novas populações de Linaria à sombra destes, isto é, áreas de solo pouco movimentado.
Lycopodiella inundata:
A frequência desta espécie tem vindo a diminuir nos últimos anos, em particular devido à degradação e perda do seu habitat.
Marsilea quadrifolia (Trevo de quatro folhas):
Esta planta é uma espécie com ampla distribuição por todo o mundo, no entanto, em Portugal tem vindo a desaparecer, muitas vezes devido à destruição do seu habitat, assim como a degradação dos cursos de água aos quais estava associada.
Narcissus fernandesii:
Espécie praticamente extinta, devido à alteração do seu habitat, causado pela ocorrência de praticas agrícolas, turísticas e industriais (extrativa).
Narcisus scaberulus (Narciso do Mondego):
Apesar de ser uma espécie que se encontra vulnerável, devido aos esforços realizados por várias instituições, as populações desta espécie têm vindo a recuperar e a aumentar.
Omphalodes kuzinskyanae (Miosótis-das-praias):
Esta espécie encontra-se particularmente apenas nas praias, sofrendo muito com o pisoteio, as atividades praticadas nestes ecossistemas, os agentes erosivos (vento, água, salinidade) sempre presentes neste ecossistema, assim como devido à introdução de plantas exóticas.
Plantago algarbiensis (Diabelha do Algarve):
O seu estatuto de em perigo deve-se particularmente à destruição do seu habitat devido à proximidade das populações humanas, logo à desmatação dos terrenos devido ao perigo de incêndios, levando ao desaparecimento dos membros desta espécie, como por exemplo a pratica de escalada nas encostas, onde é comum surgir indivíduos desta espécie.
Plantago almogravensis (Diabelha do Almograve):
A espécie Plantago almogravensis já viu extinguir-se algumas das populações que existiam no país. Apesar de ainda existirem populações no continente, estas continuam a ver os números dos seus elementos a diminuir devido ao efeito da intervenção humana.
Picris willkommii:
Espécie selvagem em declínio devido ao uso de herbicidas e ao seu corte, pois é vista como uma erva daninha, por isso a sua existência é reduzida em Portugal.
Thymelaea broteriana:
Esta espécie possui uma distribuição bastante restrita, em particular no nordeste da Península Ibérica, principalmente devido aos incêndios e à fragmentação do seu habitat.
Tuberaria major (Álcar do Algarve):
Esta espécie foi encontrada em pequenas populações, particularmente locais com proteção. O seu isolamento e a sua baixa frequência deve-se a derrocadas e deslocamentos de terra que alteraram o ecossistema onde se encontra.
References:
Conservação da Flora em Perigo ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Portugal. Consultado em: Agosto 31, 2018, em http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/patrinatur/conserv-flora-perigo
Caldas, F.B. 2011. Armeria sampaioi. The IUCN Red List of Threatened Species 2011: e.T162040A5539606. Consultado em: Agosto 31, 2018, em http://www.iucnredlist.org/details/162040/0
Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental. Projeto Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental. Sociedade Portuguesa de Botânica. Consultado em: Agosto 31, 2018, em http://listavermelha-flora.pt/inicio/