O comportamento parental diz respeito à capacidade dos pais para providenciar respostas às necessidades dos filhos. Esta capacidade de resposta está relacionada com diferentes fatores, principalmente históricos.
Este comportamento é influenciado pela história de vida dos pais e pela personalidade daí resultante, direta ou indiretamente (Pires, 1990). Por exemplo, a vida conjugal e a vida laboral, influenciam o comportamento parental que os pais vão adotar (Pires, 1990).
Quanto à história de vida, tanto a proximidade como a não proximidade com os avós, vão influenciar no envolvimento que os pais têm com o seu próprio filho (Pires, 1990).
De acordo com os estudos de Manfroi, Macarini e Vieira (2011) o comportamento parental influencia assim, em grande escala, na educação da criança, pelo que a mãe, sendo ou não biológica, assume um papel fundamental no desenvolvimento infantil já que é, habitualmente, a ela que cabem as respostas às necessidades como a educação, a alimentação e a saúde. Ao pai, é comum caber a responsabilidade por assegurar a estabilidade material e a proteção da família, o que nos mostra, de grosso modo, que os papeis materno e paterno foram sendo construídos segundo contextos socioculturais, por questões de identidade de género, assumindo ainda certos contornos biológicos relacionados com a espécie (Manfroi, Macarini, & Vieira, 2011).
Todo este conjunto de comportamentos relacionados com a identificação de papeis, deve-se às funções de preservação da espécie que se mantiveram ao longo da história, pelo que se considera comportamento parental todo aquele que visa a promoção das capacidades dos filhos, no que concerne à reprodução e ao desenvolvimento (Manfroi, Macarini, & Vieira, 2011).
Pires (1999) considera importante focar o ambiente, que deve ser o mais propício possível ao desenvolvimento saudável da criança, visando a extinção do desconforto ao máximo e ajudando na resolução de conflitos e problemas interpessoais. A par disso, o autor chama a atenção para o ato de responder às necessidades da criança de forma adequada, ou seja, contingente, o que significa que a mãe deve ficar atenta às reais necessidades da criança de acordo com as suas intenções quando chama a atenção (Pires, 1990).
As mulheres, segundo Manfroi, Macarini e Vieira (2011) possuem uma energia que as leva a utiliza-la no acasalamento e no cuidado com os filhos que, com a gravidez e com o aleitamento, lhes dá um lugar de destaque na criação destes, uma vez que, sendo a gestação da inteira responsabilidade da mãe, isso garante a sua descendência, coisa que o pai não tem tanta facilidade em obter.
O fato de o aleitamento ser o primeiro alimento do bebé, aumenta a dependência deste, nos primeiros anos de vida, em relação à mãe, embora, nos dias de hoje, já seja possível contornar a questão do aleitamento, em situações cujo bebé fica privado da lactação materna (Manfroi, Macarini, & Vieira, 2011).
Todas estas questões do aleitamento, da gestação e de outras respostas comportamentais, contam para o vínculo positivo que, desde cedo, é criado entre a mãe e o bebé porque todas elas promovem o contato direto, seja pelo toque, pelo olhar, pela vocalização, etc (Manfroi, Macarini, & Vieira, 2011).
Contudo, embora mais lento, o vínculo com o pai vai-se consolidando ao longo do desenvolvimento do bebé, principalmente entre casais que investem na intimidade e proximidade (Manfroi, Macarini, & Vieira, 2011).
Apesar disso, Pires (1990) verificou, nos seus estudos, que as mães com patologias depressivas, mostram-se menos disponíveis para os seus filhos, dando respostas mais agressivas e indiferentes.
Outros aspetos igualmente importantes com responder às necessidades básicas tais como o choro, as dores ou mesmo a interação positiva, como o riso, são fundamentais no que concerne à promoção de sensitividade dos pais na criança, pelo que o seu desenvolvimento será mais saudável quando há esta interação (Pires, 1990).
Uma das razões que contribuem para que a vinculação entre pai e filho seja mais lenta, como se referiu anteriormente, é o desgaste de energia que o mesmo faz no seu local de trabalho, o que o torna mais impaciente e irritadiço, contudo, pais cujo ambiente de trabalho é positivo, também se mostram mais envolvidos com os seus filhos (Pires, 1990).
Conclusão
O comportamento parental é fortemente ligado tanto ao vínculo estabelecido com o filho, principalmente no caso da mãe, gestante e responsável pelo aleitamento, e à história de vida dos pais, especificamente, a sua vinculação com os avós, que, próxima ou não, irá influenciar a educação dos filhos. No caso do pai, apesar de mais lento, o processo de vinculação depende também de questões como a história de vida, mas também com o ambiente laboral que, como já foi referido, se for harmonioso, contribui, em grande escala, para a harmonia na relação entre o pai e o filho.
References:
- Manfroi, Edi Cristina; Macarini, Samira Mafioletti e Vieira, Mauro Luis. Comportamento parental e o papel do pai no desenvolvimento infantil. Bras. Crescimento desenvolv.hum. [online], 2011, vol.21, n.1 [citado 2016-07-03], pp.59-69. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822011000100007;
- Pires, A. Determinantes do Comportamento Parental. Análise Psicológica [online]. 1999, 4(viii) [citado 2016-907-03], pp.445-452. Disponível em http://repositorio.ispa.pt/handle/10400.12/1731.