Gravidez tardia

Classificamos como gravidez tardia toda a gestação que se inicia dos 35 anos para cima.

Gravidez tardia

Classificamos como gravidez tardia toda a gestação que se inicia dos 35 anos para cima. Esta condição acarreta algumas consequências, tanto para a mãe como para o bebé, que exigem alguns cuidados especializados por parte da equipa que acompanha a gestante.

 

Caetano, Netto e Manduca (2011) referem-se ao desenvolvimento feminino segundo uma ordem de acontecimentos fisiológicos que passam pelo nascimento, o crescimento, a reprodução e a morte que, para se realizarem, implicam um conjunto de mudanças corporais.

O que estes autores puderam observar na sua revisão da literatura, foi que, nos dias de hoje, cada vez mais mulheres têm a sua primeira gravidez entre os 35 e os 40 anos, ou seja, uma gravidez tardia, que, em geral, traz algumas consequências para o feto e posterior recém-nascido (Caetano, Netto, & Manduca, 2011). Afirma-se assim que o intervalo de idades ideal para a gravidez é entre os 20 e os 29 anos, pelo que o limite ideal é por volta dos 35 anos (Caetano, Netto, & Manduca, 2011).

Nestas circunstancias, as gestantes dos 35 anos para cima, são, habitualmente, acompanhadas desde o início da gravidez, como grávidas de risco, sendo submetidas a vários exames como biópsias, além de consultas pré-natais mais frequentes (Gomes, Donelli, Picinini, & Lopes, 2008).

Um dos problemas mais comuns em gestantes dos 35 anos para cima é o desenvolvimento de doenças como diabetes mellitus e outras patologias relacionadas com alterações e anomalias que podem, inclusive, originar abortos, mortalidade materna, gestação múltipla, entre outras complicações, bem como anomalias no bebé como baixo peso, sofrimento fetal, nascimento prematuro, etc (Caetano, Netto, & Manduca, 2011; Gomes, Donelli, Picinini, & Lopes, 2008).

Estas características inerentes à gravidez tardia trazem alguns estigmas para as gestantes, tais como maternidade inapropriada, gravidez pré-menopásusica, grávidas idosas, entre outros (Gomes, Donelli, Picinini, & Lopes, 2008).

 

Muitas vezes, as mulheres enfrentam dificuldades de fertilidade, pelo que acabam por aderir a métodos de fertilização artificial e, ainda assim, apenas depois de conseguir estabilidade financeira (Gomes, Donelli, Piccinini, & Lopes, 2008).

Não podemos deixar de fazer referência ao fato de a mulher, hoje em dia, além de ser um elemento central na família, uma vez que, é comum que o cuidado com o lar esteja entregue a ela, também participa no orçamento e na vida social do casal, o que acarreta mudanças que se refletem diretamente na reprodução feminina mais tardia (Caetano, Netto, & Manduca, 2011).

Na mesma linha teórica Gomes, Donelli, Piccinini e Lopes (2008) já haviam referido a influência da industrialização dos países desenvolvidos no que concerne à gravidez tardia, muito por causa da proliferação dos métodos contraceptivos, do aumento da taxa de divórcio, da ambição em progredir na carreira, que atrasa o planeamento familiar, etc.

Juntando o fato de a mulher engravidar cada vez mais tarde ao fato de a fertilidade diminuir gradativamente a partir dos 35 anos, parece evidente o fenómeno mundial da gravidez tardia e da queda consequente na taxa de natalidade (Caetano, Netto, & Manduca, 2011; Gomes, Donelli, Picinini, & Lopes, 2008).

Deste modo, é quase certo que a maioria das gestações, uma vez que acontecem em contextos mais tardios, se tornem maioritariamente de risco, tanto para a mãe como para o filho, o que compromete, desde logo, toda a concepção e posterior nascimento (Caetano, Netto, & Manduca, 2011).

De referir que todo este conjunto de condições especiais durante a gravidez tardia, acaba por se manifestar emocionalmente, o que pode ser facilitador ou trazer dificuldades no enfrentar da gravidez, após os 35 anos, que vai depender da maturidade da mãe para lidar com todo o processo, tal como, a capacidade de controlo durante o parto (Gomes, Donelli, Picinini, & Lopes, 2008).

Por outro lado, com o avançar da investigação científica, já é possível, hoje em dia, no âmbito da medicina, proporcionar uma gravidez mais segura, através de reprodução assistida, tanto no caso de gestantes tardias como no caso de gestantes precoces (Gomes, Donelli, Picinini, & Lopes, 2008).

Além disso, quando a equipa médica presta o apoio adequado, a gestante mais tardia também tem maior capacidade para compreender todas as fases que antecedem o parto, e a ficarem mais satisfeitas com a assistência que lhes é prestada (Gomes, Donelli, Picinini, & Lopes, 2008).

 

Conclusão

Verifica-se assim que a gravidez tardia já não é um fenómeno tão raro como em outros tempos, vista a evolução dos países industrializados e a emancipação da mulher, que deixa de ser dona de casa para se tornar também ativa no mercado de trabalho. As condições e a qualidade de vida dos dias de hoje, cada vez mais provoca alterações à taxa de natalidade, além de que a instabilidade financeira constante que parece perpetuar-se, associada às alterações corporais inerentes à condição da natureza feminina, levam a que a gravidez tardia e assistida se torne uma realidade cada vez mais frequente.

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References:

  • Caetano, L.C., Netto, L., & Manduca, J.N.L. Gravidez depois dos 35 anos: uma revisão sistemática da literatura. Pregnancy after 35: a systematic review of the literature. Revista Mineira de Enfermagem. [online]. 2011, [citado 2016-07-05], pp. 2316-9389. Disponível em http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/73;
  • Gomes, A.G., Donelli, T.M.S., Piccinini, C.A., & Lopes, R.C.S. maternidade em Idade Avançada: Aspectos Teóricos e Empíricos. Interação em Psicologia. 2008, 12(1), pp:99-106.
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