Aversão sexual
A aversão sexual diz respeito à incapacidade ou evitamento da mulher em relação à interação genital com um ou mais parceiros. Pode ser provocada por fatores físicos ou psicológicos o que significa que merece a atenção tanto por parte de profissionais da medicina como por parte de profissionais da psicologia.
Em tempos mais remotos, tal como a maioria das disfunções sexuais femininas, a aversão sexual era vista como frigidez por parte da mulher, facto que se arrastou até à década de 70 (Ferreira, Souza, Ardisson, & Katz, 2007).
Quanto à evolução histórica deste tipo de disfunção, Ferreira, Souza, Ardisson e Katz (2007) consideram que poderá estar ligada às questões acerca da emancipação da mulher, as suas expectativas sexuais e a informação recebida e atualizada ao longo do tempo.
Segundo Pablo e Soares (2004) a aversão sexual trata-se de uma disfunção sexual que leva a pessoa a ser incapaz de manter qualquer tipo de contato sexual genital, ou a evitar o mesmo. Pode expressar-se de diferentes formas como a secreção genital, a penetração vaginal, ou ainda, associada a estímulos tais como beijar e tocar (Pablo, & Soares, 2004).
Habitualmente, a disfunção está ainda relacionada com altos níveis de ansiedade, medo ou nojo da interação sexual, o que leva a pessoa a adotar um comportamento de fobia ou de reações físicas como suor, vómitos, náuseas, diarreia ou palpitações (Pablo, & Soares, 2004).
Este tipo de comportamento/reação, de acordo com os estudos de Ferreira, Souza, Ardisson e Katz (2007) pode acontecer com um ou com todos os parceiros e provoca consequências psíquicas bastante complexas e preocupantes como sofrimento ou problemas de relacionamento interpessoal.
Uma das grandes limitações em relação ao tratamento é no que concerne à informação acerca deste tipo de disfunção sexual, pois existe bastante escassez de recursos e aqueles que existem não são totalmente conclusivos, já que as avaliações não são feitas sempre da mesma forma (Pablo, & Soares, 2004).
Em termos patológicos, os dados indicam que não é obrigatória a presença de uma patologia para que se encontre um quadro de aversão sexual (Pablo, & Soares, 2004).
Assim, podemos dizer que se trata de uma patologia tanto do foro médico como do foro psicológico, embora haja, muito frequentemente, a tendência para abordar a questão apenas do ponto de vista médico (Pablo, & Soares, 2004).
Sabe-se, ainda, que, associadas à aversão sexual, encontram-se características psicológicas comuns como estado emocional negativo, com contornos e depressão, ansiedade, raiva, medo, baixa autoestima, baixa autoimagem ou até mesmo ansiedade de desempenho (Pablo, & Soares, 2004).
Alguns estudos indicam que o indivíduo que sofre de aversão sexual pode não ter perdido a capacidade para ter fantasias ou sonhos eróticos, não sentindo aversão em relação à componente psicossexual propriamente dita, no entanto, a mesma pode ser despoletada mais tarde (Ferreira, Souza, Ardisson, & Katz, 2007).
Certos fatores que podem condicionar este tipo de disfunção prendem-se com histórico de trauma sexual, isto é, abuso, questões educacionais e culturais associados a crenças erradas e informação menos adequada em relação à sexualidade, orientação parental desadequada, associando sexo e religião de uma forma pouco saudável, conflitos conjugais, entre outros (Pablo, & Soares, 2004).
Apesar da escassez de informação acerca da aversão sexual, um dos dados mais relevantes e comuns, é o facto de a mesma ter uma prevalência quase total no sexo feminino (Pablo, & Soares, 2004).
Ferreira, Souza, Ardisson e Katz (2007) corroboram esta questão indicando que, como tal, é urgente focar os estudos sobre o tema, recorrendo a números mais significativos na população e fazendo um diagnóstico mais meticuloso e consensual.
Quanto ao tratamento, Pablo e Soares (2004) consideram que a intervenção psicoterapêutica o método mais eficaz, através do aconselhamento sexual e educacional devido à necessidade de desfazer mitos errados sobre sexualidade.
Não podemos deixar também de referir a importância da indústria farmacêutica, pois o tratamento farmacológico parece ser bastante eficaz, além da maior sensibilidade dos profissionais de saúde que, cada vez mais, se debruçam nos estudos acerca da prevenção de doenças e promoção da saúde sexual nas mulheres, a qual, contribuiu bastante para a melhoria da qualidade de vida sexual das mulheres (Ferreira, Souza, Ardisson, & Katz, 2007).
Conclusão
A aversão sexual pode apresentar-se através de sintomas físicos e comportamentais, sendo o mais óbvio, o evitamento ou a incapacidade para ter qualquer tipo de contato genital.
Começou a merecer cada vez mais o interesse de estudiosos das áreas da psicologia e da medicina a partir da década de 70, pelo que se verifica que a intervenção psicoterapêutica bem como a farmacológica, parecem ser as mais adequadas e eficazes.
Para que tal se tornasse possível, foi imprescindível a sensibilidade de especialistas da área da sexualidade que começaram a debruçar-se sobre o assunto, que afeta as mulheres e que traz consequências negativas em diferentes áreas da sua vida, pelo que este interesse se tem revelado uma grande mais valia no que concerne à qualidade da saúde sexual da população.
References:
- Ferreira, A.L.C.G., Souza, A.I., Ardisson, C.L., & Katiz, L. (2007). Disfunções sexuais femininas. FEMINA | Novembro 2007 | vol.35 | nº 11.
- Pablo, Cristina, & Soares, Catarina. (2004). As disfunções sexuais femininas. Port.Clin Geral 2004;20:357-70. http://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/10044/9781.