Psicologia no sistema educativo
A psicologia no sistema educativo pretende otimizar a qualidade do mesmo, com o intuito de tornar mais eficaz o processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com os estudos de Andrada (2005), o psicólogo no contexto escolar, é cada vez mais requisitado, no entanto, na maioria das situações, espera-se, apenas, que ele trate os problemas mentais do aluno e que o devolva com o comportamento ajustado ao ambiente da sala de aula.
Para que tal seja possível, é preciso que o sistema educativo seja alvo de uma transformação que permite o exercício da psicologia de forma mais eficaz (Martinez, 2009).
É certo que, quando se intervém com um aluno, em contexto educativo, deve ter-se em conta, não apenas o aluno, mas toda a comunidade escolar e os processos inerentes, ou seja, o desenvolvimento humano, as relações entre todos os elementos, e a integração entre a família e a própria comunidade escolar (Andrada, 2005).
O estabelecimento de relações entre os membros da comunidade escolar, é importante, do ponto de vista da psicologia, porque permite que o profissional tenha uma noção mais ampla da medida em que as relações interpessoais e intergrupais afetam, pela positiva ou pela negativa, tanto o ensino como a aprendizagem (Andrada, 2005).
Para que a psicologia, no sistema educativo, possa ser posta em pratica, é imprescindível que o psicólogo tenha, à sua disposição, os materiais necessários, para poder intervir de forma qualitativa e produtiva, o que, além dos materiais direcionados para a sua prática, implica ainda que esteja atualizado em relação aos materiais necessários em sala de aula e aos conteúdos lecionados nos programas escolares (Andrada, 2005).
Uma das formas de colocar em prática todo este processo, é a participação do psicólogo na otimização do sistema educativo, colocando-o como um veículo de acesso à cultura e ao desenvolvimento individual de cada um dos alunos (Martinez, 2009).
A observação de campo, por parte do psicólogo, é um dos instrumentos mais valiosos, já que, assistir ao quotidiano dos alunos no meio escolar, permite a recolha de informação, extremamente rica, em relação às suas necessidades (Martinez, 2009). Além disso, a utilização de jogos e atividades pedagógicas, permite compreender a razão das dificuldades existentes (Martinez, 2009).
Em início de intervenção junto dos membros, é necessário que haja uma reunião previa com todos os técnicos da comunidade escolar, desde diretores, professores, auxiliares, supervisores, para que se possa fazer uma avaliação em relação às necessidades dos alunos (Andrada, 2005).
É neste sentido que Martinez (2009) refere a importância de uma reflexão acerca das necessidades da comunidade escolar, no sentido da prática científico-profissional, atualizando-se, sistematicamente, de acordo com a evolução do processo educativo.
Uma das prioridades, para Andrada (2005) é que, ao reunir com os professores, o psicólogo tenha em mente que não se pode deixar nenhum aluno de parte, especialmente, os alunos com necessidades educativas especiais (nee).
Contudo, é importante lembrar que a atuação do psicólogo escolar não se deve limitar apenas aos alunos com nee e às suas dificuldades de adaptação, ou ainda, à produção, meramente quantitativa, de resultados, ficando o psicólogo isolado em volta de testes de avaliação psicométrica, apenas focados em diagnósticos (Martinez, 2009).
Para que tudo isto seja possível, Martinez (2009) considera a importância da criatividade, no processo de atuação, a qual, é o alicerce para melhorar, significativamente, a qualidade do sistema educativo.
Em relação ao envolvimento da família, é preciso que haja uma participação ativa, no sistema educativo, uma vez que são os elementos que podem dar a informação pertinente no processo de orientação destes alunos, tendo em conta que a dinâmica familiar, permite que se compreendam bastantes características do desenvolvimento do aluno, por influência sistémica (Andrada, 2005).
Para além das atividades exercidas pelo psicólogo, no contexto escolar, cada vez mais, se precisa que o mesmo esteja presente em outros contextos do sistema educativo, como em casas abrigo, universidades, programas de intervenção em educação comunitária, entre outros (Martinez, 2009). Esta polivalência necessária, por parte da psicologia no sistema educativo, deve estender-se, não só a instituições infantis como ainda a processos de ensino à distância (Martinez, 2009).
Conclusão
Tendo em conta todo o processo inerente à psicologia no sistema educativo, percebe-se a, cada vez maior, necessidade de polivalência, por parte do psicólogo educacional. Para que a sua ação tenha, realmente, efeitos positivos, é importante que o mesmo faça um trabalho de campo em todos os contextos da comunidade escolar, e não se limitar apenas à utilização de materiais de forma individual, isoladamente. Além disso, o seu foco deve ver a comunidade educativa como um todo e não apenas contemplar alunos com problemas de aprendizagem, o que significa que é preciso otimizar o seu trabalho.
References:
- Andrada, Edla Grisard Caldeira de. (2005). Focos de intervenção em psicologia escolar. Psicologia Escolar e Educacional, 9(1), 163-165. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572005000100019;
- Martinez, Albertina Mitijáns. (2009). Psicologia Escolar e Educacional: compromissos com a educação brasileira. Psicologia Escolar e Educacional, 13(1), 169-177. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572009000100020