Introdução
As práticas sexuais têm variado consoante o tempo e o espaço. Em termos amplos, as sociedades humanas são sexualmente positivas ou sexualmente negativas, dominando, todavia, a primeira qualidade. Por exemplo, os habitantes das Ilhas Trobriand da Melanésia foram descritos por Malinowski como sexualmente permissivos, uma vez que a vida sexual começa aos 10 anos para os jovens do sexo masculino, e aos 6 anos para as jovens do sexo feminino.
As relações homossexuais também são comuns em sociedades onde a literacia é invulgar, mas também nas ditas sociedades modernas. Em algumas sociedades indianas da América do Norte, encontrou-se uma prática que consistia num homem denominado como berdache, que se vestia como mulher, assumia papéis femininos, e engajava em práticas sexuais com outros homens, e tudo isto com aprovação social.
Nas civilizações agrárias, em contextos geográficos remotos à tradição sexual negativa judaico-cristã, a permissibilidade sexual ultrapassou habitualmente as fronteiras impostas pelas restrições culturais. Os gregos foram uma cultura permissiva em termos de sexualidade, e são famosos pela sua forma institucionalizada de homossexualidade entre homens velhos e jovens. Talvez tenha sido a Índia a civilização agrária mais sexual, historicamente falando, uma vez que os hindus assumiam que as mulheres disfrutavam tanto das práticas sexuais quanto os homens.
Práticas Sexuais e Teoria
Sigmund Freud e os Freudianos dominaram o estudo da sexualidade humana durante muitos anos. Para Freud, o sexo era um impulso e necessidade biológica sobrepujante, que era reprimido pela sociedade de diferentes formas e graus. A tradição freudiana foi preservada em diferentes contextualizações, nomeadamente a de Reich e Marcuse.
A abordagem corrente e dominante na explicação das práticas sexuais apropria-se do construtivismo social, que reduz a significância da natureza biológica dos humanos para enfatizar a criação sociocultural das práticas sexuais. Entre os sociólogos que cedo aplicaram esta formulação, especificamente sob o rótulo de interaccionismo simbólico, encontramos John Gagnon e William Simon, assim como Ken Plummer. Segundo o construtivismo social, o essencialismo enquanto noção que explica a sexualidade como impulso biológico, não possui o valor da explicação da prática sexual enquanto uma complexa rede de definições sociais e interacções sociais.
Fora da tradição do interaccionismo simbólico, as visões do construtivismo social começam com Michel Foucault. Foucault não desafiou somente o essencialismo biológico, mas também associou o sexo ao poder, e interessou-se particularmente pelo desenvolvimento da nova ciência da sexualidade durante o século XIX, que compreendeu como elemento na ascensão da sociedade disciplinar, na qual o Estado aperta as amarras da camisa-de-força aos cidadãos para um controlo eficiente.
A alternativa principal ao construtivismo social é a abordagem darwinista da sociobiologia e da psicologia evolucionista. Donald Symons, a título de exemplo, tentou demonstrar como a seleção sexual darwiniana moldou os desejos sexuais humanos ao analisar atitudes e práticas sexuais amplamente ou universalmente disseminadas. Com efeito, indicou a tendência dos elementos de sexo masculino frequentemente se excitarem com estímulos sexuais visuais; de desejarem mulheres mais jovens; do sexo como serviço dispensado pelas mulheres aos homens; e da universalidade do desejo masculino por uma variedade de parceiras sexuais. A pesquisa inserida na tradição evolucionista darwinista enfatizou também a ampla difusão da existência da inveja sexual tanto nos homens como nas mulheres.
Duas outras abordagens recentes à sexualidade humana traduzem-se na teoria da interacção ritual de Collins (2004) e da escolha racional de Posner (1992). Collins argumenta que as práticas sexuais devem ser compreendidas na linha de pensamento exposta por Erwin Goffman quanto às interacções rituais. Posner, por seu turno, baseia a sua teoria no balanço entre os custos e benefícios privados que determinam a frequência relativa de diferentes práticas sexuais.
References:
Collins, R. (2004) Interaction Ritual Chains. Princeton University Press, Princeton.
Posner, R. A. (1992) Sex and Reason. Harvard University Press, Cambridge, MA.