Mundo da criança
O mundo da criança visa compreender o processo de desenvolvimento inerente à fase infantil. É nesta fase que começam as primeiras aprendizagens marcadas, normalmente, pelas brincadeiras e pelo imaginário/criativo.
O interesse pelo mundo da criança advém, segundo Quintiliano e Pedro (2015) do facto de cada vez mais se assistir a cenários em que crianças se comportam como adultos, isto é, amadurecem de forma precoce e acabam por passar por fases de desenvolvimento importantes de forma antecipada. Isto deve-se a vários estímulos tais como a internet e a promoção, cada vez maior, dos pais, em relação à mesma, o que vem levando alguns autores a preocuparem-se com o indivíduo enquanto criança (Quintiliano, & Pedro, 2015). A estes estímulos está inerente o fascínio pela imagem que se tornou foco central de interesse (Quintiliano, & Pedro, 2015).
No entanto, estas mudanças levam também a uma maior tendência para a solidão, já que a maioria dos estímulos é computadorizada, o que torna cada vez mais artificial o mundo da criança, acabando por tornar banais questões preocupantes como o sofrimento, a violência, o perigo, a sexualidade de risco, etc (Quintiliano, & Pedro, 2015).
Por todos estes motivos Levin (2007, p.11, cit in Quintiliano, & Pedro, 2015) considera que o mundo da criança sofreu bastantes mudanças, bem como aquilo que se espera e exige da mesma, que aumentou. Devido a estas mudanças mudaram também os brinquedos e a forma como as crianças brincar com eles, como se produz o seu imaginário, o seu pensamento e até mesmo a sua realidade (Quintiliano, & Pedro, 2015).
Desta forma, a primeira questão que se coloca é: afinal o que se entende como mundo da criança?
Evolução do conceito de criança
De referir, de acordo com vários dados da literatura, que sempre existiram crianças ao longo de toda a história da humanidade, no entanto, nem sempre alvo de foco científico
Aos olhos da sociedade adulta, pelo que, só com a evolução da mesma é que a definição de criança se tornou alvo de estudo (Quintiliano, & Pedro, 2015).
Em outros tempos, a criança não era vista como tal mas sim como um adulto em miniatura, em todos os níveis, ou seja, desde a forma de se vestir até à participação ativa em reuniões e festas, nas quais, adultos e crianças se misturavam sem qualquer separação de postura, desde a forma de falar até à forma de brincar, por vezes, menos adequadas (Quintiliano, & Pedro, 2015).
A ideia de criança vem da definição de infância que é a fase em que aparecem os dentes e que vai desde o nascimento até, aproximadamente, aos sete anos de idade pelo que “…aquilo que nasce é chamado de enfant (criança), que quer dizer não falante, pois nessa idade a pessoa não pode falar bem e nem formar perfeitamente suas palavras” (AIRÈS, 1981, p.36, cit in Quintiliano, & Pedro, 2015).
O mundo da criança começa então a ser marcado pelas primeiras aprendizagens, as quais, começam pelos pais e pela família, mas também são influenciadas pela televisão, internet, amigos, meios de comunicação e outros significantes para o seu desenvolvimento e já mencionados anteriormente (Quintiliano, & Pedro, 2015).
É através das brincadeiras que se dá a aprendizagem infantil pelo que, além do simples facto de brincar, é essencial ensinar a criança a brincar, papel que, habitualmente, cabe à mãe, quando participa destas brincadeiras (Brougère, 1998).
Além dos processos de aprendizagem Brougère (1998) explica ainda que o mundo da criança é ainda marcado pela criação dos espaços lúdicos, cujas características são mercadas pela cultura. Além disso, o autor defende que a arte de brincar é essencial à criatividade (Brougère, 1998).
A criança vive o mundo de forma diferente daquela que é vivida pelo adulto, já que sente, envolve-se e percebe tudo à sua volta de outra forma que a leva a ter momentos alegres, tristes, etc, de acordo com a sua fase de desenvolvimento (Quintiliano, & Pedro, 2015).
O desenvolver e ultrapassar desta fase pode ser bastante difícil porque a criança está habituada a ver a magia em tudo à sua volta, ao passo que o adulto observa o mundo de forma mais racional (DOLTO, 2005, p.34, cit in Quintiliano, & Pedro, 2015).
Conclusão
O mundo da criança nem sempre foi visto da mesma forma com o evoluir dos tempos. A princípio a mesma era vista como um adulto em miniatura, sem grande necessidade de distinção no que diz respeito a direitos e deveres. Posteriormente as fases de desenvolvimento infantil foram cada vez mais sendo levadas em consideração para que a criança crescesse de forma adequada para a sua idade. Ambientes lúdicos são os mais importantes durante a infância, no entanto, a forma como são construídos e vividos pela criança também sofreu alterações profundas ao longo do tempo.
References:
- BROUGÈRE, Gilles. (1998). A criança e a cultura lúdica. Revista da Faculdade de Educação, 24(2), 103-116. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-25551998000200007&script=sci_arttext&tlng=e!n;
- Quintiliano, Elisângela Barboza, & Pedro, Suzana Cilira. (2015). Desvelando o Ser Infantil: Algumas Características da Criança Contemporânea. [em linha]. www.psicologado.com. Acedido a 23 de setembro de 2016 em https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/desvelando-o-ser-infantil-algumas-caracteristicas-da-crianca-contemporanea.