Afetividade
A afetividade é responsável por uma grande percentagem de comportamentos, atitudes e emoções vividas pelo indivíduo através da experiência. O processo de ensino e aprendizagem ao longo do percurso vital, está fortemente relacionado com esta pelo que se torna importante compreender esta influência.
Quando nasce, a criança precisa de cuidados primários, biológicos e psicológicos que se vão mantendo ao longo da fase infantil, embora, em fase inicial, o recém-nascido precise totalmente da mãe, dependendo dela para viver (Silveira, 2014). Essa dependência acarreta calor, proteção, segurança, amor e carinho, que fazem com que a personalidade do indivíduo se desenvolva a partir daqui, começando por uma total dependência e ganhando, gradualmente, a sua independência (Silveira, 2014).
O crescimento da criança deve proporcionar-lhe a aquisição de competências vinculativas dependentes e independentes, do ponto de vista biológico e psicológico, como é o caso da emoção, primeiro vínculo da criança com o mundo ao seu redor (Silveira, 2014).
Estas duas competências diferem de aspecto, na medida em que o mundo biológico é visível aos olhos e o psicológico é intrapsíquico, lento e passa por diferentes fases (Silveira, 2014).
Mais tarde aparece a capacidade de dar e receber afeto, à medida que a criança passa pelas diferentes fases de desenvolvimento, o que faz com que ela tenha diferentes tipos de comportamento de acordo com as relações estabelecidas com os demais (Silveira, 2014).
Parece claro que as capacidades cognitivas são fortemente influenciadas pela afetividade, no sentido da capacidade de formar um mundo simbólico que se traduz na simbiose entre a criança e o mundo externo e interno, percebendo o mesmo de forma agradável ou desagradável (Silveira, 2014).
Silveira (2014) defende a importância da afetividade na educação, já que os educadores devem focar-se nesta área porque condiciona todo o comportamento das crianças, uma vez que o amor e o conhecimento não são antagónicos, e, quando o indivíduo gosta do que o rodeia, procura conhecer mais ainda.
O afeto começa no ambiente familiar onde se estabelecem os primeiros vínculos e onde também se insere o processo inicial de ensino e aprendizagem, começando pela capacidade da criança para comunicar com o adulto no sentido de procurar que este satisfaça as suas necessidades (Silveira, 2014).
Tudo isto engloba corpo/mente, matéria/espírito, afeto/cognição, pelo que precisa de uma atenção redobrada (Silveira, 2014).
Sendo a escola um dos promotores de desenvolvimento da personalidade do aluno, é fundamental que a influência do professor na aprendizagem passe pelo desenvolvimento emocional e comportamental do aluno (Silveira, 2014). É preciso que o professor tenha a noção de como os seus atos influenciam o processo de aprendizagem devido a esta relação entre o mesmo e a afetividade (Silveira, 2014).
Uma aprendizagem eficaz acarreta competências cognitivas, afetivas, físicas, éticas, estéticas, de inserção social e de relacionamento interpessoal, no sentido de fomentar a capacidade de dialogar e de respeitar mutuamente por parte do aluno e do professor (Silveira, 2014).
Piaget (1996, cit in Silveira, 2014) já referia o conhecimento como uma interação entre o indivíduo e o objeto alvo englobando o organismo e estímulos externos, e que era este processo que dava origem à aprendizagem em que a afetividade relacionada com esta interação levava o indivíduo a mover-se em prol de uma motivação.
O afeto, segundo outros autores, pode ainda relacionar-se com mágoa, medo, desconfiança, tristeza, ressentimento, decepção, vergonha e raiva, o que leva à interpretação da agressividade como um mecanismo de defesa devido ao medo da rejeição e a sentimentos de inadaptação que bloqueiam a capacidade emocional do relacionamento humano (Silveira, 2014).
Assim a aprendizagem está diretamente ligada ao amor e o processo de aprendizagem parte do mesmo princípio do processo vital ao nível dos seus fatores físicos, motores, afetivos e psicológicos (Silveira, 2014).
Esta teoria permite-nos facilmente concluir que a aprendizagem se interliga com o afeto presente na relação entre o aluno e o professor, bem como a autoestima, o que faz com que a mesma dependa do vínculo estabelecido entre ambos que pode ou não promover as habilidades e competências do aluno bem como o seu crescimento do ponto de vista global (Silveira, 2014).
Conclusão
A afetividade está presente em quase todos os contextos da vida do indivíduo pelo que é através dela que se dá o processo de ensino e aprendizagem e a partir da mesma que se adquire comportamentos. A experiência vivida pelo indivíduo desde que nasce e ao longo do seu processo de desenvolvimento, dita a forma como ele vai agir, e relacionar-se com o mundo ao seu redor, influenciada por emoções e afetos para com os demais.
References:
- Silveira, E.A. (2014). A importância da Afetividade na Aprendizagem Escolar: O Afeto na Relação Aluno-Professor. [em linha] PSICOLOGADO, psicologado.com. Acedido a 11 de junho de 2016 em https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/a-importancia-da-afetividade-na-aprendizagem-escolar-o-afeto-na-relacao-aluno-professor.