Qualidade de vida com HIV

A qualidade de vida com HIV diz respeito ao bem-estar psicológico, sociológico, emocional e interpessoal dos doentes.

Qualidade de vida com HIV

A qualidade de vida com HIV diz respeito ao bem-estar psicológico, sociológico, emocional e interpessoal dos doentes. Verificam-se diferenças significativas entre portadores com e sem sintomatologia.

 

“O termo qualidade de vida é utilizado na linguagem cotidiana e em diversas áreas de trabalho e saber. A tentativa de uma definição cientifica de qualidade de vida é recente e a expressão vem sendo utilizada como sinônimo de estado de saúde, estado funcional, bem-estar psicológico, felicidade com a vida, satisfação das necessidades e avaliação da própria vida.”

(Santos, França, & Lopes, 2007).

Segundo Seidl, Zannon e Tróccoli (2005) a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV) ainda constitui um dos problemas de saúde mas gritantes a nível mundial, principalmente pelo facto de ainda não ter cura. No entanto, devido aos avanços da ciência, com o aparecimento da terapia anti-retroviral combinada, em muitos países gratuita, o HIV já não é visto como um obstáculo à manutenção da qualidade de vida (qdv) do indivíduo. Questões importantes e inerentes ao ser humano, como a paternidade/maternidade entre portadores e não portadores, tem passado por grandes melhorias, além de ter crescido exponencialmente a informação no que concerne aos cuidados a ter em conta (Seidl, Zannon e Tróccoli, 2005).

Indo ao encontro desta mesma teoria, Santos, França e Lopes (2007) dizem que a possibilidade de acesso a tratamentos anti-retrovirais, traz consigo algumas consequências positivas. Esta melhoria na qdv dos doentes deve-se à diminuição ou mesmo ausência de sintomatologia o que melhora a satisfação do indivíduo com a sua própria vida, com grande incidência, especialmente, em questões como a renda, a habitação, o emprego, o ambiente, a sexualidade e outros indicadores (Santos, França, & Lopes, 2007).

Uma das considerações a ter quando se fala em HIV quanto a esta questão da presença ou ausência de sintomatologia evidente da doença, é que, quanto mais sintomas forem aparecendo, pior se torna a sua qdv, tanto do ponto de vista físico como psicológico (Seidl, Zannon e Tróccoli, 2005).

Um outro ponto indicador da qdv dos doentes é o nível sócio económico (NSE) pelo que se verifica que, quanto mais baixo ele for, mais comprometida está a sua qdv em geral (emocionalmente, cognitivamente e socialmente) (Seidl, Zannon e Tróccoli, 2005).

No que diz respeito ao indicador social, Seidl, Zannon e Tróccoli (2005) referem que o mesmo se mostra significativo ao nível da importância do apoio de que o doente dispõe pelo facto de haver tendência para um maior isolamento quanto as relações interpessoais e quanto ao campo da sexualidade e dos afetos (Santos, Junior, & Lopes, 2007; Seidl, Zannon, & Tróccoli, 2005). Deste modo, se o apoio social e emocional for positivo, o doente mostra mais qdv ao nível psicológico, principalmente quando analisada a componente ajustamento à condição clínica presente (Seidl, Zannon e Tróccoli, 2005).

Além disso, não podemos esquecer-nos ainda do fator discriminação, quando falamos em apoio social, uma vez que a condição de portador de HIV reflete-se, com elevada incidência, nas relações interpessoais do indivíduo (Santos, França, & Lopes, 2007).

Nesse sentido, muitas vezes, a condição clínica é omitida pelo doente, devido às consequências negativas que a revelação da mesma acarreta ao nível emocional e social (Santos, França, & Lopes, 2007).

Também se verifica que é um facto, a terapia anti-retroviral ser um indicador de melhor qdv nos doentes, uma vez que a mesma ao atenuar a sintomatologia provocada pelo HIV, consequentemente, permite que os mesmos interpretem a terapia como uma forma de melhorar a sua condição física (Seidl, Zannon e Tróccoli, 2005).

De referir ainda que existem diferenças no que diz respeito às diferenças de género, acerca do suporte emocional, social e psicológico, uma vez que as mulheres têm, habitualmente menos qdv do que os homens, muitas vezes originada por um NSE demasiado baixo, pouca escolaridade, dependência dos parceiros, demasiada carga nas tarefas domésticas, entre outros indicadores (Santos, França, & Lopes, 2007). Esta questão da diferença entre os dois géneros acaba por se intensificar quando a mulher trabalha fora de casa porque, tal como no caso de outras mulheres não portadoras, a mesma tem responsabilidades dentro e fora do lar, aumentando as mesmas, no geral, o que as leva, com muita frequência, a desleixar-se em relação à sua saúde (Santos, França, & Lopes, 2007).

Conclusão

A qdv dos doentes portadores de HIV tem mostrado elevadas melhorias com o avanço das ciências médicas bem como das ciências humanas. Doentes que têm acesso à terapia anti-retroviral e apoio emocional e psicossocial adequados, demonstram menos sintomatologia decorrente da doença e melhor sensação da sua condição física. Além disso ainda parece ser notória a diferença entre homens e mulheres, principalmente pelo facto de que, em geral, tendo em conta a emancipação da mulher no mundo do trabalho, as responsabilidades tornam-se acrescidas porque passam a contemplar as tarefas domésticas e as laborais.

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References:

  • Santos, Elisabete Cristina Morandi dos, França Junior, Ivan, & Lopes, Fernanda. (2007). Qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/AIDS em São Paulo. Revista de Saúde Pública, 41 (Suppl, 2), 64-71. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102007000900011.
  • Seidl, Eliane Maria Fleury, Zannon Célia Maria Lana da Costa, & Tróccoli, Bartolomeu Torres. (2005). Pessoas Vivendo com HIV/AIDS: Enfrentamento, Suporte Social e Qualidade de Vida. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(2), pp.188-195. Acedido a 7 de setembro de 2016 em scielo.br/pdf/prc/v18n2/27469.pdf.
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