Educação em saúde
A educação em saúde visa a prevenção da doença e, em simultâneo, a promoção da saúde. Este método interventivo pretende uma maior aproximação entre o profissional e o utente, que deve objetivar a melhoria da qualidade de vida de toda uma comunidade.
Ao longo da história, os serviços de saúde passaram por diferentes métodos de intervenção, pelo que, inicialmente, os mesmos eram exclusivamente sanitários, ou seja, os interesses do estado e da economia, eram meramente higienistas e moralistas, com o objetivo único de desenvolver as forças produtivas (Alves, 2005). Só mais tarde se compreendeu a importância de fazer uso de uma comunicação mais adequada entre o profissional de saúde e a população (Alves, 2005).
Hoje em dia, de acordo com autores como Machado, Monteiro, Queiroz, Vieira e Barroso (2007) sabe-se que a educação em saúde abrange várias e diferentes áreas que se articulam entre si, tais como a psicologia, a sociologia, a filosofia e a antropologia.
Quando falamos de educação em saúde, falamos, portanto, de todo um conjunto de indivíduos, ou seja, não só a população enferma mas também a população saudável o que remete para a questão de, mais do que intervir ao nível do tratamento, a educação em saúde pretende promover a saúde dos indivíduos no seu dia-a-dia, tanto do ponto de vista físico como do ponto de vista mental (Machado, Monteiro, Queiroz, Vieira, & Barroso, 2007).
Alves (2005) corrobora esta mesma teoria quando afirma que a educação em saúde pretende integrar a componente compreensiva em relação ao indivíduo, uma vez que os programas de saúde promovem subsídios no âmbito de novos comportamentos mais saudáveis.
“A educação em saúde constitui um conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção de doenças e promoção da saúde.” (Costa & López, 1996, cit in Alves, 2005, p. 5).
Este tipo de educação, visa uma prestação de serviços de saúde comunitária no sentido de promover competências de cidadania, de solidariedade e de qualidade de vida para todos (Machado, Monteiro, Queiroz, Vieira, & Barroso, 2007).
A educação em saúde, pretende assim consciencializar a população para políticas e práticas mais saudáveis que aproximem profissionais e população, já que ambos têm a ensinar e a aprender de forma recíproca (Machado, Monteiro, Queiroz, Vieira, & Barroso, 2007).
Conceitos de educação básica para a saúde são levantados ao sensibilizar os profissionais de saúde para a proximidade com os pacientes com a intenção de lhes fazer chegar, na prática, melhores ações acerca dos programas de saúde (Alves, 2005). Com efeito, por exemplo, a função do médico será a de prevenir, curar, reabilitar, comunicar e educar em saúde (Alves, 2005).
Para que todas as práticas educativas em saúde possam funcionar corretamente, é importante que este seja um serviço geograficamente, politicamente, socialmente, e culturalmente aberto, para toda a comunidade e respetivas famílias (Machado, Monteiro, Queiroz, Vieira, & Barroso, 2007).
Nesse sentido, os Programas de Saúde Familiar (PSF) pretendem que as competências de todos os profissionais da área da saúde sejam do foro familiar, de forma integral, identificando e intervindo em situações de risco tanto no contexto saúde-doença como no desenvolvimento de estratégias educativas para a saúde, tais como programas de promoção de autocuidado para a população (Alves, 2005).
Não podemos deixar de referir o papel do enfermeiro, que, por ser um dos profissionais que mais contato têm com os pacientes, é também um dos que detêm maior necessidade de adquirir competências no que respeita à educação em saúde, tanto para fins individuais como para fins coletivos (Machado, Monteiro, Queiroz, Vieira, & Barroso, 2007).
Contudo, nas práticas reais, muitas vezes assistimos a um despreparo total por parte destes profissionais quando se trata de promover nos cidadãos a educação em saúde que visa a melhoria da qualidade de vida da comunidade (Machado, Monteiro, Queiroz, Vieira, & Barroso, 2007).
Deste modo, uma das estratégias considerada mais eficaz para que estes profissionais possam chegar à população, é a capacidade para articular saber profissional e saber popular, no processo de educação para a saúde, através dos programas educativos implementados (Machado, Monteiro, Queiroz, Vieira, & Barroso, 2007).
Conclusão
De acordo com os estudos verificamos que a educação para a saúde, mais do que curar, pretende ser um processo que intervenha ao nível da promoção da mesma, através de estratégias eficazes. As técnicas levadas a cabo nesse sentido, devem vir por parte dos profissionais de saúde, tendo em conta cada realidade no seu contexto ambiental, social, cultural, político, económico, etc, sem nunca esquecer de se adaptar a cada um deles. A partir destes pressupostos pretende-se melhorar exponencialmente, a qualidade de vida dos indivíduos.
References:
- Alves, Vânia Sampaio. (2005). Um modelo de educação m saúde para o Programa Saúde da Família: pela integridade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, 9(16), 39-52. Retrieved August 20, 2016, from http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1414-32832005000100004&script=sci_abstract&tlng=es;
- Machado, Maria de Fátima Antero Sousa, Monteiro, Estela Maria Leite Meirelles, Queiroz, Danielle Teixeira, Vieira, Neiva Francenely Cunha, & Barroso, Maria Graziela Teixira (2007). Integridade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS: uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva, 12(2), 335-342. http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232007000200009&script=sci_abstract&tlng=pt.