Educação infantil
A educação infantil diz respeito à orientação recebida pela criança, proveniente da família e/ou de creches e instituições educacionais.
De acordo com os estudos de Vokoy e Pedrosa (2005) a criança deve ser compreendida tendo em conta as diferentes fases de desenvolvimento que atravessa, as quais, começam no meio intra uterino, o que nos permite concluir a importância da ligação significativa entre esta e a mãe, principalmente dos pontos de vista afetivo e emocional.
Além disso, é ainda importante referir que a educação infantil sofreu algumas mudanças desde o fim do século xix, devido ao avanço da industrialização bem como à entrada da mulher no mercado de trabalho (Zendron, Kravchychyn, & Vieira, 2013).
Segundo Vokoy e Pedrosa (2005) a revisão da literatura permitia já perceber que a educação infantil mudou, gradualmente, devido ao atravessar de diferentes movimentos sociais que, inclusive, começaram a ver as crianças e o seu processo de desenvolvimento, de forma diferente. Os seus estudos acerca da emancipação da mulher, em relação às consequências deste processo, na educação infantil, já demonstravam diferenças de paradigma em vários níveis como o familiar, o materno e o social (Vokoy, & Pedrosa, 2005).
Com o processo de mudança, as crianças começaram a ficar entregues a creches e a infantários durante o horário laboral dos pais (Zendron, Kravchychyn, & Vieira, 2013).
Até então, qualquer instituição de acolhimento de crianças, tinha como finalidade, assegurar a educação e os cuidados básicos de crianças carenciadas (Vokoy, & Pedrosa, 2005; Zendron, Kravchychyn, & Vieira, 2013).
Nos dias de hoje, a educação infantil, em creches, tem também novas abordagens, pelo que a elaboração de programas que pretendem contribuir para o desenvolvimento saudável das crianças através de atividades diversas destinadas a elas, tem o objetivo de promover, desde cedo, a formação e a cidadania das mesmas (Zendron, Kravchychyn, & Vieira, 2013).
Tendo em conta todas as alterações e ofertas associadas à conceptualização de creche, as crianças passaram a entrar nas instituições de educação infantil cada vez mais cedo, já que, com a emancipação da mulher, toda a rotina familiar ficou alterada (Vokoy, & Pedrosa, 2005).
Assim pretende-se que estes espaços, mais do que acolher as crianças, façam um trabalho paralelo com o da família, de educar e complementar as estratégias educativas (Zendron, Kravchychyn, & Vieira, 2013).
Vokoy e Pedrosa (2005) mencionam ainda o movimento social e governamental que visou um novo paradigma na educação das crianças, defendendo o seu direito à mesma, a partir do qual se implementou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1996.
Este novo paradigma entende a educação infantil como algo a que a criança tem o legítimo direito e que engloba aspectos como o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social, nos quais, a creche é vista como uma entidade formadora de futuros cidadãos através dos mentores, que nela trabalham e que devem assegurar a orientação das crianças que nelas passam o tempo (Vokoy, & Pedrosa, 2005; Zendron, Kravchychyn, & Vieira, 2013).
Assim conclui-se que, qualquer criança deve ter acesso a respostas educacionais adequadas à sua idade e à sua fase de desenvolvimento, de forma devidamente qualificada que tenha como principal objetivo, o seu desenvolvimento, na totalidade (Vokoy, & Pedrosa, 2005).
É fundamental, para qualquer creche, que a mesma assegure a promoção do desenvolvimento das crianças, a sua autonomia e que, para que tal seja possível, inclua as condições necessárias, como materiais, ambiente, organização e oportunidade (Zendron, Kravchychyn, & Vieira, 2013).
Vokoy e Pedrosa (2005) indicam que todos os profissionais incluídos na educação infantil devem ter em mente que, qualquer atitude que tenham junto das crianças, vão trazer consequências no presente e no futuro das mesmas.
Zendron, Kravchychyn e Vieira (2013) indicam que os profissionais incluídos nestas instituições devem ser professores, educadores, psicólogos, auxiliares e coordenadores pedagógicos, com a devida formação para que o objetivo da cidadania seja cumprido.
“As atividades lúdicas, dessa forma, são práticas pedagógicas que, além de propiciar a estimulação psicomotora proporcionam o desenvolvimento da autonomia, atenção, memória, imaginação, interações entre iguais, experimentação de regras e papéis sociais pelas crianças, bem como a expressão de sentimentos.”
(Zendron, Kravchychyn, & Vieira, 2013).
Conclusão
A educação infantil passou por várias mudanças ao longo do tempo, tanto devido à emancipação e entrada da mulher no mercado de trabalho, como devido às mudanças sociais e culturais associadas a todo o processo. Se em outros tempos, as crianças que ficavam entregues a instituições de acolhimento, tinham origem em famílias empobrecidas, nos dias de hoje, as creches e infantários visam o exercício da cidadania e da promoção do desenvolvimento infantil, em colaboração com os pais e familiares.
References:
- Vokoy, Tatiana, & Pedrosa, Regina Lúcia Sucupira. (2005). Psicologia Escolar em educação infantil: reflexões de uma atuação. Psicologia Escolar e Educacional, 9(1), 95-104. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572005000100009;
- Zendron, Alessandra Ballestero Fukoshima, Kravchychyn, Helena, Fortkamp, Eloísa Teixeira, & Vieira, Mauro Luís. (2013). Psicologia e educação infantil: possibilidades de intervenção do psicólogo escolar. Barbaroi, (39), 108-128. Recuperado em 02 de novembro de 2016, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-65782013000200012.