Campeonato Europeu 2004 – Portugal
Foi o europeu dos sonhos. Do primeiro ao último minuto, o país parou ao longo de um mês para ver jogar a selecção, como nunca antes tinha acontecido. Portugal organizava pela primeira vez um Europeu, de forma elevada diga-se, e os adeptos tinham expectativas elevadas, estabelecidas pelo próprio seleccionar nacional, o brasileiro Luís Filipe Scolari. Chegar às meias finais era o objectivo mínimo.
Portugal entrou mal, recuperou na fase de grupos e lançou-se para uma campanha extraordinária, com um futebol fortíssimo, naquela que era a última oportunidade para muitos dos jogadores da “geração de ouro“. De jogo em jogo, a vontade crescia, a confiança também e a festa nas ruas era cada vez maior. Até à final. Até à derrota. A vitória da Grécia no último jogo fez cair por terra o sonho português de conquistar o troféu pela primeira vez.
Lista de Jogadores convocados
Guarda Redes
Ricardo
(Sporting) |
Quim
(Braga) |
Moreira
(Benfica) |
Defesas
Rui Jorge
(Sporting) |
Nuno Valente
(FC Porto) |
Miguel
(Benfica) |
Fernando Couto
(Lázio) |
Paulo Ferreira
(FC Porto) |
Jorge Andrade | Beto
(Sporting) |
Ricardo Carvalho
(FC Porto) |
Médios
Petit
(Benfica) |
Costinha
(FC Porto) |
Maniche
(FC Porto) |
Tiago
(Benfica) |
Deco
(FC Porto) |
Rui Costa
(Milan) |
Luís Figo | Simão
(Benfica) |
Avançados
C. Ronaldo | Hélder Postiga | Nuno Gomes
(Benfica) |
Pauleta
(PSG) |
Seleccionador Nacional
Luís Filipe Scolari |
Fase de Grupos: Começar com “mata-mata”
GRUPO A | P | J | V | E | D | GM | GS | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 |
Portugal
|
6 | 3 | 2 | 0 | 1 | 4 | 2 |
2 |
Grécia
|
4 | 3 | 1 | 1 | 1 | 4 | 4 |
3 |
Espanha
|
4 | 3 | 1 | 1 | 1 | 2 | 2 |
4 |
Rússia
|
3 | 3 | 1 | 0 | 2 | 2 | 4 |
2004/06/12 |
Portugal
|
1-2 |
Grécia
|
2004/06/16 |
Rússia
|
0-2 |
Portugal
|
2004/06/20 |
Espanha
|
0-1 |
Portugal
|
Portugal – Grécia (1-2)
Quando todos esperavam uma vitória no jogo inaugural, a Grécia estragou a festa a Portugal. Giorgios Karagounis e Angelos Basinas marcaram na primeira derrota do anfitrião Portugal na fase de grupos de um Europeu. Cristiano Ronaldo, entrado na segunda parte, ainda reduziu mas sem efeito
Portugal – Rússia (2-0)
Golos de Maniche e Rui Costa deram a primeira vitória a Portugal no Euro 2004 e afastaram da prova a Rússia, reduzida a dez jogadores. Portugal, estava obrigado a ganhar para não sair da prova numa fase inicial e Scolari foi obrigado a fazer várias alterações no “onze” inicial, que passaria a ser a base da equipa ao longo do Euro. Entraram Miguel, Ricardo Carvalho, Nuno Valente e Deco, deixando de fora Paulo Ferreira, Fernando Couto, Rui Jorge e Rui Costa.
Portugal dominou o encontro e venceu por 2-0, numa noite em que até poderia ter marcado mais golos.
Portugal – Espanha (1-0)
À entrada para a última jornada do grupo, Portugal só tinha uma hipótese para seguir em frente: ganhar. Luís Filipe Scolari já tinha afirmado antes do jogo com a Rússia que a selecção das “quinas” estava agora no «mata-mata». E Portugal respondeu bem, com uma vitória sobre os espanhóis, que ficaram pelo caminho logo na fase de grupos.
Nuno Gomes, que substituiu Pauleta no início da segunda parte, fez o único golo da partida, com um remate de fora da área aos 57 minutos. O domínio de Portugal foi evidente, com quase o dobro dos remates da Espanha, 11 contra 6, e carimbou a passagem à próxima fase, deixando os adeptos em delírio no Estádio de Alvalade e pelas ruas do país.
QUARTOS-DE-FINAL: Emoção ao rubro
Portugal – Inglaterra (2-2)
Num jogo épico, decidido num penalti marcado pelo guarda-redes Ricardo, Portugal apurou-se para as meias-finais e deixou a Inglaterra pelo caminho. Foi um jogo histórico, arrepiante e emotivo, do primeiro ao último segundo. E o último segundo culminou com a bola dentro da baliza e os portugueses a festejarem mais uma vez uma vitória sofrida sobre a selecção inglesa.
Se o jogo entre ambas as equipas no Euro 2000, que Portugal venceu por 3-2, foi emocionante, este passá-lo-ia em muito. A Inglaterra entrou a ganhar logo aos três aos 83 minutos, com um golo de Michael Owen, depois de um pontapé longo do guarda-redes David James. Jorge Andrade falhou a intercepção e o avançado inglês, num bom movimento de rotação, abriu o marcador, fazendo a bola passar por cima de Ricardo.
Scolari repetia o “onze” que tinha vencido a Espanha e o jogo manteve-se sempre equilibrado, com Portugal a dispor de algumas boas ocasiões para igualar a partida, sem sucesso. O mesmo aconteceu do lado inglês, que não se limitou a defender a vantagem.
Aos 27 minutos, Rooney saiu lesionado e para o seu lugar entrou Darius Vassel, ele que seria um dos protagonistas mais tarde nas grandes penalidades.
Ao intervalo, Portugal tinha feito 13 remates, contra 8 dos ingleses, mas apenas um foi à baliza, com o guarda-redes David James a defender.
Na segunda parte, Scolari foi mexendo na equipa para tentar igualar a partida. Aos 63′ tirou Costinha, médio defensivo, e colocou Simão Sabrosa, aos 75′, trocou Figo por Postiga, numa substituição algo polémica no momento, mas que viria a tornar-se decisiva, e aos 79′ colocou Rui Costa no lugar de Miguel. Portugal apostava tudo para não cair nos quartos-de-final.
E quando já poucos acreditavam, Hélder Postiga empatou o jogo, 8 minutos depois de ter entrado, e levou o jogo para o prolongamento.
Rui Costa marcou na segunda-parte do tempo extra, com um grande golo de fora da área, mas Lampard empatou na sequência de um canto. No desempate por grandes penalidades, Beckham falhou o primeiro e Rui Costa seguiu-lhe o caminho. Depois da primeira série de cinco penaltis, eis que surge o herói da noite: Ricardo. O guarda-redes português resolveu tirar as luvas e defendeu o penalti marcado por Darius Vassel. De seguida, assumiu a marcação do penalti decisivo e colocou Portugal nas meias-finais.
MEIAS-FINAIS: Espremer a laranja
Portugal – Holanda (2-1)
Depois de ter sido eliminado por duas vezes nas meias-finais de um Europeu, a selecção portuguesa conseguiu finalmente marcar presença da final da competição, em 2004. Com Pauleta de regresso, após ter cumprido um jogo de castigo, Portugal dominou o encontro, perante uma Holanda que não tinha armas para contrariar o bom futebol luso.
Ronaldo inaugurou o marcador, Aos 25 minutos, num cabeceamento depois de um canto marcado por Deco. No segundo tempo, aos 56 minutos Maniche fez o 2-0, com um excelente golo de fora da área, novamente após canto marcado por Deco. O jogador do FC Porto deu curto para Maniche que ainda bem longe da área disparou uma “bomba” ao canto superior esquerdo da baliza holandesa.
A Holanda ainda reduziu graças a um autogolo de Jorge Andrade, mas festa seria novamente portuguesa. Portugal estava na final.
FINAL: Do céu ao inferno
Portugal – Grécia (0-1)
Vinte e dois dias depois do primeiro jogo entre as duas equipas, no arranque do europeu, Portugal e Grécia voltaram a encontrar-se. A festa estava à espera de ser feita, depois de um mês de apitos na rua, bandeiras na janela e loucura nos festejos, a cada vitória de Portugal. No entanto, o desfecho não seria o esperado.
Portugal apresentava-se claramente como favorito nesta final e a Grécia, sem Giorgios Karagounis devido castigo, lançou Giannakopoulos como suporte aos dois avançados, Angelos Charisteas e Zisis Vryzas. Na selecção portuguesa, Scolari repetiu o “onze” que eliminou a Holanda nas meias-finais.
Foi um jogo praticamente de sentido único, com Portugal a controlar e a Grécia a defender e à espera de oportunidades para sair em contra-ataque. Com Pauleta bem marcado entre os dois centrais, e com Figo e Cristiano Ronaldo sem espaço para ganhar vantagem nas alas, a selecção grega neutralizou a capacidade atacante de Portugal, que recorreu aos lançamentos longos e sem perigo para a baliza de Nikopolidis.
O jogo chegou empatado ao intervalo, sem que Ricardo tivesse de fazer qualquer defesa, uma vez que o único remate helénico à sua baliza nos primeiros 45 minutos saiu ao lado. Portugal terminou a primeira parte com 56 por cento de posse de bola e quatro remates.
A equipa portuguesa voltou do balneário com Paulo Ferreira em campo, que substituíra Miguel, por lesão, aos 43 minutos. O lateral regressava ao «onze» depois de ter jogado apenas no primeiro jogo contra a Grécia, precisamente, no Estádio do Dragão.
A toada do encontro manteve-se, mas, tal como nos dois jogos anteriores, a Grécia preparava-se para fazer história, exactamente da mesma forma. Aos 57 minutos, Charisteas saltou mais alto do que Costinha, após um pontapé de canto cobrado pore Angelos Basinas na direita, e fez o golo da Grécia, num cabeceamento certeiro. Ricardo não ficou bem na fotografia, tendo saído mal à bola.
A selecção portuguesa tentou a igualdade até ao final, dispondo de algumas boas oportunidades, mas os gregos conseguiram tapar da melhor forma os caminhos para a sua baliza. A final terminou com a vitória grega, para tristeza e choro de jogadores e adeptos portugueses. Não foi desta.
References:
http://pt.uefa.com/uefaeuro/season=2004/standings/index.html