Psicologia do desenvolvimento
A psicologia do desenvolvimento acompanha o ser humano desde a sua concepção até ao fim da sua vida. É por esse motivo necessário compreender como se constrói a identidade de cada um, de acordo com factores biológicos, psicológicos, ambientais e de personalidade.
Desenvolvimento da criança
Papalia, Olds e Feldman (2001) referem que, em psicologia do desenvolvimento, a criança deve ser compreendida dos pontos de vista físico, psicossocial e cognitivo em cada período do crescimento, uma vez que todos estes aspectos formam um todo, articulando-se entre si. Por exemplo, um problema de ouvido pode afectar o desenvolvimento ao longo da linguagem, na infância e, durante a puberedade, com as mudanças hormonais e fisiológicas, afectar também o seu auto conceito (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
O desenvolvimento cognitivo inclui alterações mentais, de aprendizagem, de memória, de pensamento, de raciocínio e de criatividade, associadas ao crescimento físico e emocional que, quando afectados, podem comprometer as suas relações entre pares (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
No que concerne à personalidade, diz respeito ao comportamento que adoptamos em cada situação, que articulado com o desenvolvimento social, isto é, a forma como nos relacionamos com os outros, formam o nosso desenvolvimento psicossocial e afectam os nossos processos físicos e cognitivos (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
Influências
Segundo Papalia, Olds e Feldman (2001) embora haja características comuns a todas as crianças, devido aos aspectos naturais das diferentes fases de desenvolvimento, elas não crescem todas ao mesmo ritmo, não aprendem todas da mesma forma, não se relacionam da mesma maneira, por questões sócio-culturais, de personalidade, de contexto ambiental e familiar, etc.
Questões hereditárias, de ambiente e de maturação, explicam estas diferenças (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
A nossa genética é determinada biologicamente; o ambiente externo, que diz respeito ao mundo exterior a nós, começa no útero e está ligado às diferenças individuais que crescem conosco; a nossa maturação (corpo e cérebro) diz respeito às mudanças geneticamente construídas aos níveis físico e comportamental (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
Todas estas características do ser humano, desenvolvidas desde o útero, irão, articuladas entre si, formar o adolescente e posteriormente o adulto, mostrando a importância da relação entre as nossas mudanças físicas e a nossa experiência de vida, para aquilo que vamos ser no futuro (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
Esta fase é característica por trazer novos elementos à vida do indivíduo e de toda a família, período em que a criatividade entra em erupção, junto com a vontade de experimentar coisas novas com coragem e paixão pelo desafio (Boisvert, 2006).
Para além disso, Pratta e Santos (2007) consideram o desenvolvimento de ordem corporal, maturativa, biopsicossocial e de personalidade, que surtem uma grande influência nesta paixão pelo desafio, pelo aproveitar de novas oportunidades e até mesmo pelo questionamento de alguns valores familiares incutidos ao longo da vida, por altura do encontro com os grupos de amigos.
É esperado que os pais compreendam que as mudanças são inerentes a esta fase do desenvolvimento do ser humano e que, quando assim não acontece, pode ser um sinal patológico (Boisvert, 2006).
Mudanças no corpo, no pensamento, nas relações, e até no humor, são muito recorrentes e o indivíduo tende a adoptar comportamentos totalmente inesperados que nem sempre são fáceis de tolerar, contudo, acompanhar as suas capacidades, estimular a sentir-se bem consigo mesmo e a ser capaz de enfrentar a vida com determinação e coragem é fundamental (Boisvert, 2006).
Inseguranças, desiquilíbrios e instabilidade, que muitas vezes provocam angústia, surgem com bastante frequência e é necessária a intervenção e o apoio dos pais nesta fase (Pratta, & Santos, 2007).
Contudo, por vezes, os pais sentem dificuldade em orientar os seus filhos, o que leva à necessidade de criar programas de apoio às famílias, que ajudem as mesmas a encontrar respostas que ajudem os filhos em situações que obriguem a uma grande capacidade de reflexão e necessidade de tomar decisões importantes (Pratta, & Santos, 2007).
As autoras consideram o papel dos pais, nesta fase, como o mais importante de todos, uma vez que se trata da fase de transição da infância para a idade adulta e onde começa, gradualmente, a construir-se a autonomia pessoal (Pratta, & Santos, 2007).
No entanto, devido a factores como Nível Sócio-Económico (NSE), etnia e cultura, as famílias não actuam todas da mesma forma, o que faz com que os adolescentes também não ajam todos da mesma forma, o que resulta na necessidade de diferentes formas de intervir, de acordo com os contextos (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
Conclusão
Verifica-se então que o ser humano é influenciado ao longo de todo o seu desenvolvimento, por questões biopsicossociais e que todas estas se articulam entre si no que diz respeito ao seu desenvolvimento. Quando falamos de psicologia do desenvolvimento temos de saber que os indivíduos não crescem nem adquirem competências a todos os níveis, de forma estanque, devido à sua genética, ao seu grau de maturação, e até ao contexto em que se inserem. O envolvimento das famílias no processo de maturação dos seus membros, é indispensável, já que são estas as primeiras e mais importantes orientadoras e influenciadoras de todo o seu processo de crescimento.
References:
- Boisvert, C. (2006). Pais de adolescentes. Da tolerância necessária à necessidade de intervir. Lisboa: Climepsi Editores;
- Papalia, D.E., Olds, S.W., & Feldman, R.D. (2001). O Mundo da Criança. Amadora: Editora McGraw-Hill;
- Pratta, E.M.M., & Santos, M.A. (2007). FAMÍLIA E ADOLESCÊNCIA: A INFLUIÊNCIA DO CONTEXTO FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DE SEUS MEMBROS. Psicologia em Estudo. Vol. 12, nº2, 247-256. Acedido a 30 de Janeiro de 2016 em http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n2/v12n2a05 .