Orientação sexual
O tema da Orientação Sexual é vasto porque acarreta mais do que falar sobre sexo, sistema reprodutivo e diferenças de géneros. Por isso torna-se importante compreender ao que nos referimos quando abordamos este tema, relativamente ao qual, ainda há bastantes lacunas a serem corrigidas do ponto de vista da Educação Sexual.
De acordo com Brêtas e Silva (2005) para falarmos de Orientação Sexual temos de falar de cidadania, o que significa que nós enquanto seres humanos, aprendemos a adaptar-nos em relação ao espaço, ao tempo e ao meio, o que implica respeito pelo próprio corpo e pelo outro com que nos relacionamos.
Quanto a este aspecto, Atlmann (2003) lembra-nos a tendência dos adolescentes para adotarem o preconceito de que um rapaz que convive maioritariamente com raparigas, é considerado homossexual entre os seus pares.
Nesse sentido é esperado que a escola exerça a sua função no que concerne à Educação Sexual de adolescentes, do ponto de vista social, embora, ainda hoje, se associe Educação Sexual na escola ao campo apenas biológico, médico e reprodutor, principalmente, por falta de preparo por parte dos professores (Brêtas, & Silva, 2005).
Altmann (2003) considera importante, que, para colmatar a lacuna existente, é preciso apostar na formação adequada a dar aos professores.
Questões como a anatomia, fisiologia, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV), contracepção, são as mais focadas em contexto de aula, negligenciando assim o campo subjetivo do indivíduo (Brêtas, & Silva, 2005).
Altmann (2003) refere que este foco na questão biológica da sexualidade acontece por questões de saúde pública, principalmente quando se introduz o tema da orientação sexual e que, habitualmente, o mesmo é abordado apenas na disciplina de Ciências, e quase sempre por professoras, uma vez que os professores não se mostram tão à vontade para explorar o tema.
Este obstáculo ao nível da Educação Sexual de crianças e adolescentes estende-se também ao campo familiar, uma vez que os pais também sabem quais são os meios mais adequados para abordar temas, por exemplo, como a orientação sexual dos filhos (Brêtas, & Silva, 2005).
Nos seus estudos Altmann (2003) verificou que, mesmo quando o assunto é abordado no ambiente familiar, é normalmente apenas com a mãe e muito raramente com o pai ou com irmãos mais velhos, muitas vezes porque os alunos nem sequer vivem com o pai.
O período da adolescência é pautado pela necessidade de alívio da tensão sexual através da masturbação, no entanto, atingida alguma maturidade física, a mesma já não permite obter a satisfação plena, pelo que começa a haver a necessidade de o indivíduo se relacionar sexualmente com alguém e em que se colocam as primeiras questões sobre a orientação sexual (Brêtas, & Silva, 2005).
Algumas destas questões passam pela prevenção, pelas mudanças corporais, pela identidade, pela forma de estar, pelos relacionamentos, pela auto-estima, entre muitas outras, com via à prevenção do HIV e das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) mas também à vivência de uma sexualidade saudável e prazerosa que permita ajudar os adolescentes a compreender que a sexualidade deve ser vivida de forma responsável e partilhada (Brêtas, & Silva, 2005).
Altmann (2003) já nos referia que o próprio termo “Educação Sexual”, começava a ser substituído pelo termo “Orientação Sexual” no campo da Educação, já que se trata de orientar os adolescentes para comportamentos sexuais promotores da sua saúde, com vista a evitar gravidez indesejada e contágio por DST.
Qual a relevância de falar sobre Orientação Sexual com adolescentes e jovens?
- Dar a informação adequada;
- Desmistificar preconceitos;
- Orientar na resolução de conflitos permitindo que partilhem as suas dúvidas e angústias;
- Cuidar do corpo;
- Aprender a expressar-se;
- Compreender a sexualidade como parte da vida humana;
- Perceber que existem diferentes tipos de orientação sexual e que existem relacionamentos saudáveis e relacionamentos tóxicos.
(Brêtas, & Silva, 2005).
Os autores referem que o tema deve ser inserido no programa de Educação para a Saúde, no sentido de promover comportamentos saudáveis (Brêtas, & Silva, 2005) e responsáveis, que, segundo Altmann (2003) poderão prevenir consequências na vida dos adolescentes, tais como a gravidez precoce que acarreta a necessidade de fazer mudanças extremas na vida dos jovens.
Um dos problemas mais comuns entre a comunidade adolescente no que concerne ao tema da Orientação Sexual é que se verifica em muitas escolas que, principalmente os rapazes, partem do princípio que sabem tudo sobre o tema e por isso não precisam de esclarecer qualquer dúvida (Altmann, 2003).
Conclusão
Verificamos com esta revisão da literatura que orientar os jovens adequadamente ao nível da sua sexualidade, passa pela promoção da cidadania e ajuda-los a perceber e a adotar comportamentos saudáveis. O maior obstáculo encontrado nas escolas é o facto de os professores, na sua maioria, não estarem devidamente capacitados para abordar o tema, limitando o mesmo à disciplina de Ciências e apenas do ponto de visto anatômico e fisiológico da questão, deixando de lado questões relacionadas com a emoção e os afetos, de lado.
References:
- Altman, H. (2003). Orientação sexual em uma escola: recortes de corpos e de gênero. Cadernos pagu (21). P.281-315. Acedido a 15 de março de 2016 em http://www.scielo.br/ pdf/cpa/n21/n21a12
- Brêtas, J.R.S., & Silva, C.V. (2005). Orientação sexual para adolescentes: relato de experiência. Sexual orientation for adolescentes: report of experience. Orientatión sexual para adolescentes: relato de experiencia. Acta Paul Enferm. 18(3): 326-33. Acedido a 14 de março de 2016 http://www.scielo.br/pdf/ape/v18n3/a15v18n3.pdf