Os cuidados na saúde mental focam-se principalmente nas perturbações mentais, através de entrevistas, grupos comunitários ou observação direta.
Vecchia e Martins (2009) e Dimenstein, Severo, Brito, Pimenta, Medeiros e Bezerra (2009) fazem referência às Estratégias de Saúde da Família (ESF) que são dirigidas a dependentes químicos, indivíduos com depressão e vítimas de violência doméstica.
Dimenstein et al (2009) consideram que as ESF devem ser vistas como meios de intervenção prioritários nos serviços de saúde, no sentido de atuarem não só nas suas unidades específicas mas em todo o campo comunitário.
A par disso e como já referimos acima, a depressão é uma das perturbações que acarretam mais necessidades de cuidados ao nível mental dos pacientes (Dimenstein, 2009).
É preciso adotar estratégias de prevenção ao nível dos cuidados em saúde mental, por exemplo, em indivíduos com episódios de tentativa de suicídio (Vecchia, & Martins, 2009).
Ao falarmos de saúde mental, focamos necessariamente o campo de atuação da psicologia que, enquanto ciência, leva em conta a história global do indivíduo, no sentido de procurar compreender a razão do seu comportamento, o que nos permite compreender que este não pode ser dissociado das experiências que temos ao longo da vida (Vecchia, & Martins, 2009).
Dimenstein et al (2009) consideram também a importância de compreender a saúde geral do indivíduo e que a mesma está diretamente associada ao seu modo de vida pelo que é a partir daqui que se chega à razão do seu sofrimento.
Para poder atuar com qualidade, é necessário recorrer a instrumentos especializados em saúde mental, que permitem ao psicólogo aceder à informação pertinente que o oriente a poder responder às necessidades do indivíduo (Vecchia, & Martins, 2009).
Um dos instrumentos mais utilizados pela psicologia para intervir junto do ser humano é a linguagem que permite o estabelecimento de comunicação entre o psicólogo e o cliente e através da qual, por meio de entrevistas e análise das mesmas, se pode ter acesso ao consciente do indivíduo (Vecchia, & Martins, 2009).
Na maioria dos casos, os indivíduos passam pela consulta psicológica e pela psicoterapia de grupo, no entanto Dimenstein et al (2009) não deixam de mencionar os fármacos numa grande parte dos casos, que continuam a ser um dos principais meios de tratamento das doenças mentais e, não raras vezes, é visto como o único recurso disponível.
Para Vecchia e Martins (2009) a observação de indivíduos em sala de espera ou em reuniões grupais específicos como os alcoólicos, por exemplo, é uma das formas mais ricas de se recolher informação para entender o comportamento. Além disso os locais onde estes indivíduos se inserem nos seus contextos sociais são também uma forma bastante enriquecedora de os profissionais de saúde mental criarem elos de ligação terapêutica com eles (Dinenstein et al, 2009).
No entanto os grupos específicos para realizar diversas atividades, criar estratégias necessárias de educação para a saúde, recurso a domicílios, etc, continuam a ser métodos privilegiados de atuação eficaz (Vecchia, & Martins, 2009).
Os próprios profissionais precisam também de cuidados de saúde mental devido à sobrecarga de trabalho e à constante necessidade de estar sensibilizados para lidar com cada caso (Vecchia, & Martins, 2009). Este tipo de intervenção é realizado, frequentemente, do ponto de vista emocional, focando a importância de uma boa relação entre todos os técnicos de saúde, onde se promove a interajuda (Dimenstein et al, 2009).
Quanto aos familiares das pessoas com necessidade de cuidados ao nível da saúde mental, devido à sua também alta sobrecarga para com o doente, nem sempre conseguem ter as respostas adequadas para lidar com toda a sintomatologia (Dimenstein et al, 2009; Vecchia, & Martins, 2009).
Em linhas gerais o que Vecchia e Martins (2009) puderam observar nas suas pesquisas junto de indivíduos sujeitos a intervenção no âmbito dos cuidados de saúde mental, foi que os mesmos não estão preparados para lidar com o sofrimento causado pela doença e ainda menos com as possíveis crises de agressividade que às vezes acontecem aquando dos domicílios.
Apesar da clara necessidade de recorrer ao profissional de saúde mental na maioria dos casos, o que se verifica é que só os doentes em situação mais urgente são encaminhados para os mesmos, a partir de avaliações realizadas para o efeito (Vecchia, & Martins, 2009).
Conclusão
Os cuidados em saúde mental, focam-se principalmente ao nível das perturbações, especialmente, na depressão. Verifica-se que os serviços, apesar de urgentes, nem sempre são tratados como tal o que faz com que os doentes sejam encaminhados, na maioria das vezes, apenas em situações severas, pelo que se parte primeira e maioritariamente para o tratamento farmacológico. Podemos dizer ainda que uma das formas mais ricas de obter informação que nos permita compreender os sintomas e o comportamento dos doentes, para saber o tipo de cuidados a realizar, é através de entrevistas, observação de campo, psicoterapia de grupo e observação de contexto social.
References:
- Dimenstein, M., Severo, A.K., Brito, M., Pimenta, A.L., Medeiros, V., & Bezerra, E. (2009). O Apoio Matricial em Unidades de Saúde da Família: experimentando inovações em saúde mental. Matrix Support in Family Health Units: experiencing innovations in mental health. Saúde Social, São Paulo, v8, n1 p.63-74. Acedido a 17 de maio d 2016 em http://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/29512/31374
- Vecchia, M.D., & Martins, S.T.F. (2009). Concepções dos cuidados em saúde mental por uma equipe de saúde da família, em pespectiva histórico-cultural. The concept of mental care of a Family healh team from a historical-cultural perspective. Ciência & Saúde Coletiva – SciELO Public Health.