Abiú – Descrição
Abiú é a designação atribuída ao fruto do abieiro (Pouteria caimito), que pertence ao género Pouteria, da família Sapotaceae, que se encontra incluída na ordem Ericales, da classe Magnoliopsida.
Origem:
Este fruto é um fruto tropical, particularmente da América do Sul, sendo possível encontra-lo no Brasil, Peru, Venezuela, em particular na região dos Andes. Esta espécie é bastante comum na floresta Amazónica, assim como na mata Atlântica.
A sua ampla distribuição geográfica leva a supor que este fruto terá sido domesticado pelos índios da América do Sul, sendo ainda hoje cultivada em jardins, em várias regiões da América do Sul. Este fruto correspondeu a um dos principais alimentos consumidos pelos indígenas, no entanto, atualmente perdeu alguma importância na alimentação dos povos da América do Sul.
O abiú cresce em árvores de fruto cultivadas em jardins e diversos pomares, sendo a sua comercialização comum nos países da América do Sul, como o Brasil. Apesar de se desenvolver melhor em regiões tropicais, onde apresenta elevada produtividade, esta espécie também pode desenvolver-se em regiões subtropicais, no entanto, possuindo menor produção de frutos.
Caraterísticas:
O abiú é um fruto carnoso indeiscente, designado por baga. Este fruto possui um epicarpo de cor amarela ou esverdeada, com um aspeto globoso ou ovóide, podendo atingir até 10 centímetros de comprimento e 8 centímetros de diâmetro.
Estes frutos nascem em árvores que no estado selvagem podem atingir no máximo 20 metros de altura e 50 cm de diâmetro. Normalmente, quando cultivadas o tamanho destas árvores tendem a diminuir consideravelmente, atingindo no máximo 6 metros de altura.
As flores que lhes dão origem possuem uma cor amarela ou branca e um perfume caraterístico, surgindo normalmente em inflorescências com forma de fascículos (em grupos de 3 a 7 flores), assim como cada flor apresenta caraterísticas de ambos os sexos (hermafroditas).
A camada mais superficial do fruto é lisa, o seu interior (endocarpo) é carnoso de coloração amarela ou esbranquiçada e textura gelatinosa, possuindo uma sabor adocicado. Este fruto pode conter 1 a 4 sementes de cor preta e forma oval, que podem ser retiradas facilmente.
O amadurecimento deste fruto continua após a apanha, o que permite proceder à sua colheita muito antes deste estar pronto para consumo, o que torna o seu transporte mais fácil. O fruto por amadurecer libertar um látex que coagula quando em contato com o ar, e que produz uma sensação desagradável ao ser consumido, no entanto, pode ser utilizado para a produção de diversos produtos.
A época de amadurecimento varia consoante a região onde o fruto se encontra, existindo locais onde podem ser realizadas colheitas varias vezes ao ano. O fruto amadurecido possui uma cor amarelada brilhante. As sementes são dispersas com o auxílio de animais, como por exemplo, os morcegos que se alimentam destes frutos.
Utilizações:
Este fruto é fonte de diversas vitaminas como por exemplo, as vitaminas A, B1, B2 e C, sendo também fonte de cálcio e fosforo. Tradicionalmente este fruto era utilizado como desinfetante, anti-anémico ou mesmo anti-inflamatório. Na medicina alternativa está ainda associado ao tratamento de bronquites e outros problemas respiratórios.
A domesticação deste fruto permitiu o surgimento de diversas variedades que são cultivadas em diferentes zonas, sendo que muitas vezes algumas das caraterísticas do fruto estão associadas a uma determinada região.
O abieiro é normalmente produzido para a obtenção do seu fruto, que pode ser consumido em gelados e sobremesas ou ao natural. A polpa deste fruto também pode ser utilizada na produção de geleias e refrescos, apesar de não ser ainda muito comum.
A sua produção e venda nem sempre são rentáveis, visto que pequenos insetos, como a mosca da fruta, podem danifica-los muito facilmente. Os principais danos são causados no interior dos frutos, em particular o apodrecimento da polpa.
Estes frutos atraem facilmente pequenos insetos e outras pragas, no entanto, em regiões onde a sua produção é pouco comum, esta espécie é muito pouco afetada pois não existem os seus predadores naturais.
References:
Nascimento, Walnice Maria Oliveira do, Müller, Carlos Hans, Araújo, Carolina dos Santos, & Flores, Bruno Calzavara. (2011). Ensacamento de frutos de abiu visando à proteção contra o ataque da mosca-das-frutas. Revista Brasileira de Fruticultura,33(1), 48-52. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-29452011000100007
Bahia, A.S.R.S.; Martins, A.BG (2011). Clonagem do Abieiro por Estaquia Herbácea de Ramos. Scientia Agraria, Curitiba, v.12, n.1, p.031-034. Consultado em: Agosto 31, 2016, em https://www.researchgate.net/publication/273408263_Clonagem_do_abieiro_por_estaquia_herbacea_de_ramos
Nascimento, Walnice Maria Oliveira do.; Carvalho, José Edmar Urano de; Müller, Carlos Hans (2006). Propagação do abieiro. Embrapa Amazônia Oriental Belém, PA Documentos 249, 20p. ISSN 1517-2201