A violência escolar diz respeito à agressão física e/u verbal vivida tanto entre os alunos como entre alunos e professores ou outros membros da comunidade escolar. Ela acontece devido à dificuldade de adaptação face às diferenças, pelo que, na maioria dos casos, a comunidade escolar ainda não reúne as condições obrigatórias para lidar com.
Segundo os estudos de D’Aurea-Tardeli e Paula (2009) a violência escolar, com contornos cada vez mais graves, tem vindo a aumentar exponencialmente nos últimos anos.
De acordo com os estudos de Longo, Seco, Motta, Shiromoto e Altrão (2014) o fenómeno é pautado, frequentemente, por falta de diálogo, de capacidade crítica tanto em relação às vítimas como aos agressores, alastrado a todos os membros da comunidade escolar (professores, pais, educadores, funcionários, alunos).
Vários autores em diferentes pontos do globo concordam que, entre muitas outras caraterísticas, a escola é pautada pela diversidade social e cultural, uma vez que é constituída por alunos provenientes de diferentes realidades (D’Aurea-Tardeli, & Paula, 2009). Por esse motivo, é aqui que se reúnem diferentes formas de educação, de valores familiares, de etnia, de religiões, etc (D’Aurea-Tardeli, & Paula, 2009).
Esta característica, a diversidade de realidades, é, portanto, algo que deve ser levado em conta por professores e educadores, no sentido de orientar os seus alunos e educandos para a aprendizagem em respeito ao coabitar entre si (D’Aurea-Tardeli, & Paula, 2009).
Nesse sentido, D’Aurea-Tardeli e Paula (2009) acreditam que a inibição da violência pode ser feita através desta mesma capacidade de orientação. Tornar esta tarefa numa realidade leva à necessidade de levar alunos e professores a interagir entre si dentro de um processo que obtenha o tempo de antena necessário à sua função (D’Aurea-Tardeli, & Paula, 2009).
Longo, Seco, Motta, Shiromoto e Altrão (2014) entendem que a maioria das relações entre professores e alunos contribui, também, muitas vezes, para perpetuar a situação, uma vez que nem sempre são as mais saudáveis, gerando conflitos entre as duas classes.
Deste modo, o simples facto de os professores não terem as ferramentas e o tempo necessário para poder atuar no sentido de orientar os alunos para o evitar de conflitos e violência, acaba por se tornar, só por si, também uma forma de violência escolar (Longo, Seco, Motta, Shiromoto, & Altrão 2014).
Exemplos claros deste quadro são projetos educativos e ações pedagógicas impostos sem o conhecimento e acompanhamento prévio dos docentes, ou seja, construídos sem a sua colaboração, o que faz com que não tenham as ferramentas necessárias para poder aplicar os mesmos (Longo, Seco, Motta, Shiromoto, & Altrão 2014).
Entendem-se como violência escolar, diferentes situações tais como constrangimento público, brincadeiras de mau gosto, agressões físicas, coerções, extorsões, entre outros tipos (D’Aurea-Tardeli, & Paula, 2009). Alguns autores referem ainda outros contornos de extrema gravidade tais como ameaças, brigas entre alunos, porte de armas, conflitos entre alunos e professores (Longo, Seco, Motta, Shiromoto, & Altrão 2014).
O grande problema da maioria dos casos em que se verifica a presença de situações de violência, é que, muitas vezes, trata-se de episódios de tal forma frequentes que não são vistos pelos demais como quadros claros de violência (D’Aurea-Tardeli, & Paula, 2009).
Devido a esta cronicidade de situações de violência escolar rotineira, o que acaba por acontecer é que a gravidade da mesma atinge patamares tão elevados que os atos acabam por ir parar aos jornais por não terem sido reconhecidos e evitados a tempo (D’Aurea-Tardeli, & Paula, 2009).
De referir que a violência escolar, nem sempre tem início dentro dos portões da escola, já que, em muitas situações, o conflito surge fora do meio escolar mas acaba por ser ”resolvido” dentro da instituição de ensino (D’Aurea-Tardeli, & Paula, 2009).
Além deste tipo de contexto, verificam-se situações de violência escolar que vêm de fora dos portões da escola e de fora dos relacionamentos entre os alunos, uma vez que, quando os alunos vivem, nos seus contextos de vida, ambientes de violência constante, a tendência para levar o comportamento de violência para dentro dos portões da escola, aumenta exponencialmente (Longo, Seco, Motta, Shiromoto, & Altrão 2014).
Conclusão
A violência escolar, traduz-se numa multiplicidade de circunstâncias de agressão, seja ela verbal ou física, todas elas verificadas no ambiente de ensino e geradas tanto por alunos entre si como entre alunos e professores. A mesma acontece devido a existência de diferentes realidades vividas, principalmente, entre os alunos que não possuem as ferramentas necessárias para saber interagir entre si, adaptando-se à diferença e pelo facto de os professores também não estarem preparados para lidar com essas limitações entre os seus alunos.
Toda esta situação leva ao perpetuar de um círculo vicioso, alimentado pelas lacunas, em vários aspetos, que se verificam em grande parte das realidades na comunidade escolar.
References:
- D’Aurea-Tardeli, D., & Paula, F.V. (2009). Violência na escola e da escola: desafios contemporâneos à Psicologia da Educação. Violence in school and from school: contemprany challenges to Educational Psychology. Violencia en la escuela y de la escuela: desafíos contemporáneos a la psicologia de la educación. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologiaa Escolar e Educacional (ABRAPEE). Volume 13, Número 2, Julho/Dezembro de 2009. 343-346. Recuperado em 27 de dezembro de 2017 de bvsalud.org/pdf/pee/v13n2/v13n2a18.pdf;
- Longo, C.S., Seco, B.B., Motta, H.A., Shiromotto, N.R., & Altrão, S.S. (2014)- A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA DISCUSSÃO DA PSICOLOGIA CRÍTICA. VILENCE IN THE SCHOOL ENVIRONNMENT: A DISCUSSION OF CRITICAL PSYCHOLOGY. Interfaces da Educação., Paranaíba, v.5, p. 148-164, 214.