A saúde junto da população LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual e Trangénero/transexual) visa procurar a melhoria de qualidade de vida destes indivíduos. Para tal é necessário que a ciência e o setor da saúde procurem implementar demandas que visem dar respostas mais adequadas a estes indivíduos, uma vez que ainda se verifica que se encontram em situação de risco.
De acordo com Cardoso e Ferro (2012) a importância de cuidar da área da saúde junto de indivíduos inseridos na população LGBT começou por prender-se com questões associadas à Síndrome da Imunideficiência Adquirida (HIV). Verificou-se assim, dois anos mais tarde, no que dizia respeito ao campo da saúde, os estudos elaborados no sentido de promover a qualidade de vida destes indivíduos, não procurava estabelecer mais demandas além das relacionadas apenas com indivíduos homossexuais e risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DST) (Duarte, 2014).
Com o avançar e o evoluir da ciência, foi possível desenvolver a implementação de programas que visam combater a homofobia e, por consequência, combater a violência e a discriminação contra esta população, ao mesmo tempo que se promove o direito à cidadania de indivíduos pertencentes à população LGBT (Cardoso, & Ferro, 2012).
Os estudos de Duarte (2014) corroboram estas ideias quando mencionam a cada vez maior necessidade observada em várias áreas além da saúde que procuram promover o direito à orientação sexual e à expressão da identidade de género de forma livre, como direitos de cidadania.
No entanto e apesar de todo o percurso já feito neste campo, as dificuldades experimentadas por esta população, no que diz respeito a questões de saúde, segundo Cardoso e Ferro (2012), estão relacionadas com o facto de o indivíduo LGBT não se adequar à sociedade heteronormativa em que o sexo biológico está de acordo com a identidade sentida pelo mesmo.
A presença da variável identidade sexual e da variável identidade de género, na construção do “Eu” dos indivíduos LGBT, leva os mesmos a encontrar-se vulneráveis ao nível da saúde porque são constantemente colocados de lado, de forma discriminatória, chegando ao extremo da violação dos direitos dos mesmos no que concerne ao acesso à saúde e à dignidade (Cardoso, & Ferro, 2012). Muitas vezes, verifica-se que, por ainda se fazer muito presente o preconceito e a discriminação junto da população LGBT, haja casos que chegam mesmo à morte, sem qualquer respeito pelos direitos humanos (Duarte, 2014).
No entanto, não podemos deixar de referir que os estudos já apontam para uma franca evolução por parte das instituições de saúde no que se associa às respostas dadas pelas mesmas e respetivos profissionais na orientação de indivíduos LGBT (Cardoso, & Ferro, 2012).
O cumprimento destas necessidades que são básicas visa dar as devidas respostas, aos indivíduos LGBT para evitar que entrem, sistematicamente, num processo de dificuldade nas oportunidades de desenvolvimento (Cardoso, & Ferro, 2012).
Para que tenhamos conseguido chegar a estas transformações, foi também necessário mudar mentalidades junto dos próprios profissionais de saúde, já que os mesmos também não tinham a devida preparação que lhes permitisse intervir junto destas minorias (Cardoso, & Ferro, 2012).
Porém, os estudos de Duarte (2014) indicam que ainda há muito a fazer em termos de mudança de atitude nas próprias instituições de saúde, já que as práticas profissionais anda se encontram aquém daquilo que está legislado quanto ao correto acompanhamento na saúde junto de populações LGBT.
Não podemos, contudo, deixar de referir que a saúde destes indivíduos não é deixada em situação de risco apenas devido à falta de preparação pelos profissionais de saúde, mas também e, na maioria das vezes, principalmente, pelos atos de violência a que são muitas vezes sujeitos por parte de agressores que lhes estão, frequentemente, bem próximos, como familiares, colegas, amigos e conhecidos (Cardoso, & Ferro, 2012).
Conclusão
Os estudos levados a cabo junto da população LGBT no que diz respeito à sua saúde, demonstram uma franca necessidade de implementar mais estratégias de inclusão quer seja nas instituições de saúde quer seja junto das pessoas que lhes são mais próximas. Esta necessidade verifica-se pelo facto de que ainda hoje, a maioria dos profissionais de saúde não estarem devidamente preparados para saber dar as respostas adequadas a esta população, o que coloca em risco o seu acesso à saúde e consequentemente, a sua qualidade de vida.
References:
- Cardoso, M.R., & Ferro, L.F. (2012). Saúde e População LGBT: Demandas e Especificidades em Qutestão. PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2012, 32 (3), 552-563. Recuperado em 18 de junho de 2018 de https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6133775;
- Duarte, M.J.O. (2014). DIVERSISDADE SEXUAL, POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS HUMANOS. SAÚDE E CIDADANIA LGBT EM CENA. Brasília (DF), ano 14, n. 27, p.77-98, jan/jun. 2014. Recuperado em 18 de junho de 2018 de http://portaldepublicacoes.ufes.br/temporalis/article/view/7209/5837.