A violência de género diz respeito à agressão exercida por parte de um agressor a uma vítima, em função do sexo feminino ou masculino. O maior número de registos diz respeito a vítimas do sexo feminino que são inferiorizadas e colocadas em posição de desigualdade perante os homens.
Segundo os estudos de Expósito (2011) a definição mais precisa de violência de género remete a 1995, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu a mesma como “todo o ato de violência sexista que tem como resultado possível o real dano físico, sexual o psíquico, incluindo ameaças, coerção, ou privação arbitrária de liberdade, ocorra ela na vida pública ou na vida privada”.
Kronbauer e Meneghel (2005) entendem a violência de género como um problema de saúde pública, segundo as declarações da própria Organização Mundial de Saúde. Quando se fala de género, remete-nos para as diferenças sexuais que dão diferentes estatutos a homens e a mulheres, o que faz com que seja caracterizado por anatomofisiologia, referindo-se ao sexo propriamente dito, e à dimensão social da sexualidade, quando se fala de género (Kronbauer, & Meneghel, 2005).
A violência de género visa, principalmente, subjugar o outro, mantendo uma desigualdade de poder entre ambos, dentro de uma relação interpessoal, que, ao longo do tempo, leva à construção de uma estrutura em que imperam as diferenças de força entre cada membro (Expósito. 2011).
Na esmagadora maioria das vezes, quando se assiste a um cenário de violência de género, convém compreender que também o agressor cresceu dentro de um ambiente violento, pelo que desenvolveu um carácter agressivo, descontrolado e cuja educação foi dominada pelos maus tratos constantes (Expósito. 2011). Este agressor, ao longo do tempo, vai ter uma maior probabilidade de desenvolver uma personalidade psicopata (Expósito. 2011).
Tendo em conta que nos referimos à violência de género, não podemos deixar de referir que a maioria dos casos de que há registos oficiais, estão associados a vítimas do sexo feminino e a vitimizadores do sexo masculino (Expósito. 2011).
Estudos realizados anos antes, demonstram ainda que este tipo de violência é, em grande dimensão, também pautado pelas diferenças de nível sócio económico (NSE) uma vez que se verifica maior tendência para acontecer em ambientes pobres, onde as mulheres, maior número de vítimas, procuram os serviços de saúde três vezes mais do que em outros ambientes (Kronbauer, & Meneghel, 2005).
Expósito (2011) chama a atenção para o facto de que nem sempre a personalidade agressiva e psicopata está associada à educação da pessoa que exerce violência sobre a outra, ou seja, poderá também estar relacionada om fatores individuais, alterações na personalidade, disposição biológica, entre outros fatores internos.
Esta tendência para encontrarmos mais registos de violência de género contra a mulher, é, de acordo com os trabalhos levados a cabo por Kronbauer e Meneghel (2005) fruto das relações de poder que foram sendo construídas socialmente ao longo da história.
Contudo, é importante referir que isto não significa que as mulheres nascem predispostas para serem vítimas dos seus agressores nem os homens nascem predispostos para se tornarem violentos e agredirem as mulheres (Expósito. 2011). Estas declarações pretendem explicar que não existe, à priori, uma predisposição biológica para nenhuma das duas situações. A necessidade de desmistificar esta ideia, nasce do facto de observarmos, ao longo da história, a tendência para naturalizar socialmente os estereótipos de violência de género que levaram a que haja desigualdades em função do mesmo no nosso ciclo vital (Expósito. 2011).
De referir ainda que as vítimas de violência de género encontram ainda, em algumas realidades, dificuldades e obstáculos nas próprias instituições de saúde, onde, muitas vezes, faltam recursos aos profissionais para lhes darem respostas, tais como materiais e até mesmo tempo ou capacidade para conseguir lidar com a situação em si, porque, muitas vezes, são as próprias vítimas que não falam sobre o assunto (Kronbauer, & Meneghel, 2005).
Conclusão
A violência de género pressupõe a agressão por parte de um agressor a uma vítima, maioritariamente exercida em função do género e na maioria dos casos registados, de homens contra mulheres. Visa qualquer tipo ou forma de violência, seja ela física ou psíquica, e é caracterizada pelo subjugar do agressor em relação à vítima, que é inferiorizada perante este. Trata-se de um problema de ordem pública que, em muitos casos resulta na hospitalização da vítima. É muito comum vermos estes cenários acontecerem em ambientes mais pobres e os agressores serem também, na maioria da vezes, indivíduos que também cresceram em meios violentos, onde desenvolveram características agressivas e mesmo com traços de psicopatia.
References:
- Expósito, F. (2011). Violencia de género. La assimetria social em las relaciones entre mujeres y hombres favorece la violencia de género. Es necessário abordar la verdadeira causa del problema: su naturaleza ideológica. MENTE Y CEREBRO, 2011;
- Kronbaur, J.F.D., & Meneghel, S.N. (2005). Perfil da violência de gênero perpetrada por companheiro. Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São Paulo – SP – Brazil.