Homofobia
A homofobia trata-se de um comportamento abusivo de um indivíduo para com o outro, com base na não aceitação da sua orientação homossexual. Uma vez que esta atitude pode resultar em repercussões graves individuais e sociais, é preciso intervir no sentido da sua prevenção, começando por compreender quais são as questões envolvidas na mesma.
Durante uma grande parte do século xx, a homossexualidade foi entendida como uma perturbação de personalidade e de identidade sexual (Costa, & Nardi, 2015).
Hoje em dia é definida como preconceito e discriminação contra pessoas homossexuais, que se traduz em consequências individuais e sociais negativas e graves, mas que continua a ser vista como parte da gíria popular e académica (Costa, & Nardi, 2015; Pena, França, França, Bailon, Vieira, & Lopes, 2012).
Depressão, baixa auto-estima, culpa, etc, são alguns dos sentimentos que estes indivíduos desenvolvem ao longo do tempo, fruto das agressões homofobicas a que são sujeitos (Costa, E Nardi, 2015; Pena et al, 2012).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que segundo o Movimento Homossexual Brasileiro (MHB) “a cada dois dias um homossexual continua sendo brutalmente assassinado no Brasil, vítima de homofobia” (Hooker, Evelyn “Male Homossexuals and Their Worlds”, in Marmor, j, cit in Pina et al, 2012, p.2).
“Homofobia é o pavor de estar próximo a homossexuais – e no caso dos próprios homossexuais, autoaversão” (Weinberg, 1972, p.8, cit in Costa, & Nardi, 2015, p.3).
Pina et al (2012) afirmam homossexualidade não é escolha e que o simples fato de o ser, implica frequentemente não aceitação em muitos contextos, sem qualquer controlo sobre isso.
O que podemos controlar no que concerne à nossa sexualidade, é apenas o nosso comportamento, o que significa que a homossexualidade deve ser entendida como algo tão legítimo como a heterossexualidade e que ninguém tem o direito de a castigar (Pina et al, 2012).
Costa e Nardi (2015) afirmam que, segundo as suas pesquisas, o heterossexismo leva os homofobicos a tratarem a homossexualidade como se fosse menos legítima do que a heterossexualidade.
Devido a isto os indivíduos enfrentam consequências que resultam muitas vezes em morte, pelo que, segundo um estudo realizado em Nova Iorque em 2011, o número de suicídios cometidos por homossexuais é muito maior do que o número de suicídios cometidos por heterossexuais (Pina et al, 2012).
Costa e Nardi (2015) perceberam nas suas pesquisas que homofobia é uma perturbação psiquiátrica e que, quando submetida a tratamento, em algumas situações, o paciente não é considerado curado enquanto não ultrapassasa o preconceito.
No entanto, Pina et al (2012) observaram nas suas pesquisas, que este tipo de preconceito vem sendo enfrentado e combatido (Pina et al, 2012).
Voltando um pouco atrás, foi a partir da II Guerra Mundial, que, segundo Costa e Nardi (2015) começaram a aparecer os movimentos em favor dos Direitos Humanos no que concerne ao combate à homofobia, embora de forma discreta, mas que serviram como alavanca para se investir cada vez mais na sensibilização para o tema.
Uma das razões porque a homofobia aumenta é que a discriminação contra a população homossexual vem de todo o tipo de contexto, seja por professores, funcionários, colegas que desvalorizam as brincadeiras homofobicas e em vez de refletirem sobre os seus atos, reprimem mais esta população (Pina et al, 2012).
Nos dias de hoje a homofobia é vista como agressão aos direitos humanos embora haja ainda muito trabalho a fazer nas escolas, uma vez que os alunos homossexuais ainda sofrem com o preconceito dos colegas e os professores nem sempre sabem lidar com a situação, muitas vezes devido às atividades dos programas a cumprir ou porque não estão devidamente preparados (Pina et al, 2012).
Por esse motivo é importante implementar políticas de prevenção e reflexão nas escolas, com vista ao fim dos atos discriminatórios, pelo que é importante dar formação aos professores nesse sentido (Pina et al, 2012).
Algumas das atitudes mais radicais dos atos discriminatórios contra homossexuais são os obstáculos criados para vagas de emprego, opressão da sua possibilidade de expressar afeto em público e em casos extremistas, o homicídio (Costa, & Nardi, 2015; Pina et al, 2012).
Uma outra questão que é preciso compreender é o fato de que a homofobia está presente em qualquer contexto, classe social, idade, raça, etc, mas nem sempre a homossexualidade é vista até mesmo pelo próprio indivíduo homossexual que, em muitas situações, não se assume nem para si mesmo (Pina et al, 2012).
Um dos passos mais importantes para travar a homofobia, é aprender a encarar a homossexualidade como uma condição natural e não como uma doença, e muito menos um fenómeno que mereça ser tratado com atos de violência (Pina et al, 2012).
Conclusão
Vista a homofobia como um problema social que afeta a integridade e os direitos humanos, é imperativo que se adotem políticas de proteção às pessoas vítimas da mesma, uma vez que cada indivíduo, como ser humano, deve ter o direito de viver e ser respeitado de acordo com a sua natureza. É preciso compreender a homofobia como um problema de ordem psicológica e que, como tal, precisa de intervenção adequada, no sentido da prevenção da violação dos direitos humanos e promoção da saúde individual e social.
References:
- Costa, A.B., & Nardi, H.C. (2015). Homofobia e Preconceito contra Diversidade Sexual: Debate Conceitual. Trends in Psychology/ Temas em Psicologia. Vol. 23, nº3, 715-726. Acedido a 11 de março de 2016 em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v23n3/v23n3a15.pdf
- Pena, L.O., França, C.S., França, F.C.S., Bailon, L.M.,Vieira, S., & Lopes, V.F. (22012). HOMOFOBIA. [em linha]. PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. www.psicologia.pt. Acedido a 11 de março de 2016 em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0321.pdf