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Anti racismo
Anti racismo é um fenómeno que visa combater a desigualdade e a discriminação com base na raça. Esta atitude procura lutar pelos direitos humanos de todo o cidadão compreendendo que a dignidade é um direito de todos, independentemente da cor da pele.
De acordo com Michael Foucault (1992, cit in Schucman, 2010) o racismo é definido como “uma ideologia que se solidificou com base na ideia científica da luta entre as raças, justificada pela teoria do evolucionismo e da luta pela vida”.
É deste fenómeno inter racial que nascem as lutas anti racismo, as quais, visam, através da educação dada pelos pais, levar as crianças a não ter atitudes de discriminação baseadas em diferenças raciais (França, & Monteiro, 2004).
Para que a monitorização de comportamentos anti racistas nas crianças dê frutos, é importante a interiorização de atitudes anti racistas através de posturas não discriminatórias por parte dos pais (França, & Monteiro, 2004). Podemos compreender, pela revisão da literatura, que essa é a forma mais poderosa de promover mudanças de comportamentos preconceituosos e discriminatórios nas crianças, principalmente a partir dos 5 anos até aos 7, uma vez que é nesta fase que elas adquirem a sensibilidade necessária para perceber a diferença (França, & Monteiro, 2004).
Segundo alguns estudos, quando pretendemos entender como se dá o processo contra o racismo, devemos compreender de que forma é que este se origina pelo que, os mesmos estudos permitiram concluir que crianças entre os 5 e os 7 anos ainda não têm maturidade suficiente para compreender atitudes racistas pelo que os seus níveis de preconceito ainda são consideráveis, independentemente da educação que adquirem por parte dos pais (França, & Monteiro, 2004).
No entanto, verifica-se que, ainda hoje, apesar de todas as tentativas de combater o problema do racismo, este é um fenómeno que, juntamente com o preconceito e articulado com o mesmo, continua a ser um problema com contornos graves (Lima, & Vala, 2004).
Para França e Monteiro (2004) trata-se de um fenómeno que, para ser combatido, o processo deve ser o mais precoce possível, ou seja, iniciado, preferencialmente na infância, a partir dos 5 a 7 anos, como já foi referido. Este processo remete para a necessidade da intervenção dos pais e educadores, junto das crianças, tendo em conta a capacidade de compreensão dos mesmos em relação à noção de anti racismo (França, & Monteiro, 2004).
Crandall et al (2002, cit in França, & Monteiro, 2004) referem que, ao longo do seu desenvolvimento, as crianças vão adaptando os comportamentos dos pais em relação ao racismo e ao preconceito, pelo que, se a postura dos pais for de racismo e discriminação, a das crianças será, invariavelmente, a mesma.
Os estudos levados a cabo por Schucman (2010) demonstram também que as práticas anti racismo em determinados estados do Brasil, começaram por recorrer a estratégias como a implementação de uma secretaria de igualdade, dirigida a negros bem como a disciplina de História da África e da cultura afro-brasileira, obrigatória.
Este tipo de demanda visa combater políticas públicas de cariz discriminatório, uma vez que a definição racial leva a que as populações tenham diferentes comportamentos de acordo com a raça que têm, o que acaba por proliferam a desigualdade (Schucman, 2010).
A promoção de políticas públicas para o reconhecimento da população negra, tem como finalidade a extinção das desigualdades existentes e a identidade do povo de raça negra de modo a que estes indivíduos não sejam discriminados em função da sua aparência física (Schucman, 2010).
Para Oliveira e Lima (2004) as práticas antirracistas começam por ser, antes de mais, demandas a favor dos direitos humanos, com a finalidade de resolver conflitos entre grupos, tais como, por exemplo, a crítica ao regime nazi-fascista, a Declaração dos Direitos Humanos, a condenação da UNESCO às classificações raciais, as lutas pelos direitos civis, entre outros movimentos sociais de relevância ao longo da história da Europa.
A autora não deixa, no entanto, de referir o fenómeno da autodepreciação, ou seja, a questão de ser a própria pessoa de raça negra a inferiorizar a sua própria raça, enquanto grupo minoritário devido à deterioração de que já é alvo por parte da sociedade (Schucman, 2010). Esta pessoa assume uma postura de incapacidade, ódio e desprezo por si mesma e pelo seu grupo racial (Schucman, 2010).
Conclusão
Podemos perceber que as medidas anti racismo devem começar, preferencialmente, durante a infância, uma vez que esta é a fase de desenvolvimento em que as crianças mais absorvem aquilo que lhes é incutido pelos adultos. Atitudes discriminatórias e preconceituosas são largamente evitadas quando os educadores assumem comportamentos que promovem a igualdade de direitos e deveres e trabalham pela extinção da desigualdade, pois são estes os conteúdos de cidadania que as crianças aprendem.
References:
- França, Dalila, Xavier de, Monteiro, Maria Benedita. A expressão das formas indirectas de racismo na infância (*). Análise Psicológica (2004), 4 (xxii): 705-720;
- Schucman, Lia Vainer. Racismo e antirracismo: a categoria raça em questão. Psicol..polít. [online]. 2010, vol.10, n.19 [citado 201608-10], pp. 45-55. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1519-549×2010000100005.