A esperança de vida diz respeito ao tempo e longevidade da vida de um indivíduo, a qual, depende de diferentes fatores. A evolução da ciência e das condições de vida gerais, vem influenciando bastante este processo.
Para Camargos e Gonzaga (2015) a esperança de vida relaciona-se com os anos que a pessoa vive com saúde e sem saúde, ou seja, com doença ou livre dela.
Miranda e Banhato (2008) consideram a evolução da ciência e da medicina quando se referem à esperança de vida, a propósito da mesma ter aumentado consideravelmente tanto em qualidade como na quebra da natalidade.
De acordo com os dados dos estudos levados a cabo por Camargos e Gonzaga (2015) em alguns países, a esperança de vida aumentou, desde os anos 50 do século xx, de menos de 50 anos para mais de 70, e a taxa de mortalidade infantil diminuiu consideravelmente para menos de metade.
Devido a esta evolução observa-se que a população tende a envelhecer, principalmente no feminino, uma vez que a própria vida das mulheres também mudou muito nas últimas décadas em todos os níveis (Camargos, & Gonzaga, 2015; Miranda, & Banhato, 2008).
Por outro lado, Camargos e Gonzaga (2015) referem que, de acordo com as suas pesquisas, as mulheres têm maior esperança de vida do que os homens, mas também sofrem de maior número de maleitas, além de se verificar uma relação entre estas condições de vida e a escolaridade das mesmas. No entanto, os autores não deixam de concluir que a qualidade de vida das mulheres se torna inferior à dos homens, por motivos paradoxais, ou seja, uma vez que vivem mais tempo, sofrem maior número de maleitas relacionadas com a idade (Camargos, & Gonzaga, 2015). As condições de vida das mesmas também são levadas em conta, como por exemplo, nível sócio-económico (nse), sociedade e nível sócio-cultural (nsc) diferente, que influenciam largamente os processos inerentes à esperança de vida (Camargos, & Gonzaga, 2015).
Corroborando esta ideia, Camargos e Gonzaga (2015) referem a melhoria acentuada no que diz respeito às condições de vida da população idosa, incluindo o fato de as doenças terem começado a ser tratadas de forma muito mais eficaz, aumentando os números de sobrevivência duas das coisas que mais impulsionaram esta melhoria na esperança de vida das populações, foram as mudanças nas idades em que as pessoas adoecem e o diagnóstico cada vez mais precoce (Camargos, & Gonzaga, 2015).
Este fenómeno no que concerne ao aumento da esperança de vida levou à promoção de estratégias que visam o equilíbrio entre o envelhecimento e as limitações inerentes ao avançar da idade (Camargos, & Gonzaga, 2015; Miranda, & Banhato, 2008). Tendo em conta três dimensões: envelhecimento normal, envelhecimento patológico e envelhecimento saudável (Miranda, & Banhato, 2008).
Quando falamos em envelhecimento normal, referimo-nos às condições normatizadas que definem o mesmo tais como alterações na tensão arterial, problemas visuais e auditivos, mudança de papeis de ordem social, lentidão na execução das atividades comuns, etc (Miranda, & Banhato, 2008).
Quanto ao envelhecimento patológico refere-se a mudanças globais na saúde do indivíduo como síndromes e doenças crónicas (Miranda, & Banhato, 2008).
Por fim, o envelhecimento saudável significa qualidade acima do esperado, chegando mesmo a ser melhor do que na maioria da população, principalmente através de atividade contínua, promoção da autonomia, dignidade e respeito pelo idoso (Miranda, & Banhato, 2008).
Quanto a este, uma das maiores contribuições deve-se aos avanços consideráveis da medicina, que, cada vez mais, aumentam a esperança de vida das populações, além de diminuírem bastante as complicações derivadas das doenças originadas pelo envelhecimento (Camargos, & Gonzaga, 2015).
A autonomia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “… habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de acordo com as suas regras e preferencias.” (OMS, 2005, p.14, cit in Miranda, & Banhato, 2008, p.2).
Camargos e Gonzaga (2015) referem ainda a cada vez maior procura por serviços de saúde para o tratamento das maleitas, principalmente as mulheres, o que, como já foi referido, aumenta a sua esperança de vida.
Conclusão
Verifica-se que a esperança de vida melhorou bastante nos últimos 50 anos, devido aos avanços da medicina e da maior oferta de atividades que permitem que as populações envelheçam de forma mais saudável. Podemos observar ainda que, em geral, as mulheres vivem mais tempo, embora com menos saúde, devido ao avançar da idade, muito por assumirem mais preocupações e cuidados em relação à sua saúde, procurando os serviços com maior frequência. É possível concluir que estas mudanças na esperança de vida das populações, parecem tender para alargar, permitindo maior longevidade e melhores condições de saúde, no geral.
References:
- Camargos, M.C.S., & Gonzaga, M.R. (2015). Viver mais e melhor? Estimativas de expectativa de vida saudável para a população brasileira. Live longer and better? Estimates of healthy life expectancy in the Brazilian population. Vivir más y mejor? Cálculos de esperanza de vida saludable para la población brasileña. [em linha] SCIELO, scielosp.org. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 31(7): 1460-1472, julho, 2015. Acedido a 21 de junho de 2016 em www.scielosp.org/pdf/csp/v31n7/0102-311X-csp-31-7-1460.pdf;
- Miranda, L.C., & Banhato, E.F.C. (2008). Qualidade de vida na terceira idade: a influência da participação em grupos. Quality of life in elderly people: the influence of the participation in groups. Psicologia em Pesquisa | UFJF | 2(01) | 69-80 | janeiro-junho de 2008. Acedido a 21 de junho de 2016 em bvsalud.org/pdf/psipesq/v2n1/v2n1a09.pdf.