Velhice
A velhice acarreta o percurso vital do indivíduo a partir da terceira idade. O envelhecimento deve ser entendido como um processo natural da vida que traz consigo algumas alterações sofridas pelo organismo, consideradas normais para esta fase.
A velhice deve ser compreendida na sua totalidade porque é, simultaneamente, um fenómeno biológico com consequências psicológicas, e acarreta certos comportamentos caraterísticos dessa fase de desenvolvimento (Freitas, Queiroz, & Sousa, 2007). Como todas as situações humanas, a esta também tem uma dimensão existencial, que modifica a relação da pessoa com o tempo, e gera mudanças nas suas relações com o mundo e com sua própria história (Freitas, Queiroz, & Sousa, 2007). Assim, é uma parte do ciclo vital que não poderia ser compreendida senão na sua totalidade e até mesmo enquanto facto cultural (Freitas, Queiroz, & Sousa, 2007).
A etapa da vida caraterizada como velhice, com as suas peculiaridades, só pode ser compreendida a partir da relação que se estabelece entre os diferentes aspetos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais (Schneider, &Irigaray, 2008). Essa interação institui-se de acordo com as condições da cultura na qual o indivíduo está inserido, muitas vezes em condições históricas, políticas, económicas, geográficas e culturais produzem diferentes representações sociais da velhice e do idoso (Schneider, &Irigaray, 2008). Há uma correspondência entre a concepção de velhice presente numa sociedade e as atitudes frente às pessoas que estão a envelhecer (Schneider, &Irigaray, 2008)
Em todo o mundo, o número de pessoas com 60 anos ou mais está a crescer mais rapidamente do que o de qualquer outra faixa etária já que o número de pessoas idosas com 60 anos ou mais, cresceu 7,3 milhões entre 1980 e 2000, totalizando mais de 14,5 milhões em 2000 (Schneider, &Irigaray, 2008). Atualmente, os especialistas no estudo do envelhecimento referem-se a três grupos de pessoas mais velhas, os idosos jovens, os idosos velhos e os idosos mais velhos. O termo idosos jovens geralmente refere-se a pessoas de 65 a 74 anos, que costumam estar ativas, cheias de vida e vigorosas. Os idosos velhos, de 75 a 84 anos, e os idosos mais velhos, de 85 anos ou mais, são aqueles que têm maior tendência para a fraqueza e para a enfermidade, e podem ter dificuldade para desempenhar algumas atividades da vida diária (Schneider, &Irigaray, 2008). Embora esta categorização seja bastante usual, cada vez mais as pesquisas revelam que o processo de envelhecimento é uma experiência heterogénea, vivida como uma experiência individual. Apesar disso, algumas pessoas, aos 60 anos, já apresentam alguma incapacidade e outras estão cheias de vida e energia aos 85 anos, pelo que, apesar de haver tendência para certos padrões, verificam-se casos que diferem (Schneider, &Irigaray, 2008).
Embora a velhice seja nada além do que um construtor social, ela acarreta alguns obstáculos tais como o preconceito que continua a crescer (Schneider, &Irigaray, 2008). A idade é uma categoria que esta embutida dentro dela mesma, é discutível e obsoleta pelo que, enquanto todos os outros estágios da vida são planeados e construídos social e culturalmente e não existem conflitos baseados nos mesmos, tais cmo a infância, a adolescência e a idade adulta do panorama do desenvolvimento humano, a velhice é colocada à margem, pois ao mesmo tempo em que as pessoas querem viver muito, não querem ficar velhas nem parecer velhas (Schneider, &Irigaray, 2008).
Idade psicológica
O conceito de idade psicológica pode ser usado em dois sentidos. Um tem a ver com a relação que existe entre a idade cronológica e as capacidades psicológicas, tais como perceção, aprendizagem e memória, as quais prenunciam o potencial de funcionamento futuro da pessoa (Schneider, &Irigaray, 2008). Outro conceito de idade psicológica tem relação com o senso subjetivo de idade. Este conceito depende de como cada pessoa avalia a presença ou a ausência de marcadores biológicos, sociais e psicológicos do envelhecimento com outras pessoas da sua idade (Schneider, &Irigaray, 2008). O julgamento subjetivo, a estimação da duração de eventos ou a quantia de tempo decorrida compõem este conceito de idade psicológica, que se relaciona diretamente com a idade cronológica (Schneider, &Irigaray, 2008).
Conclusão
Estes estudos permitem-nos verificar que a velhice faz parte de uma etapa da vida da pessoa. Vemos que existemtrês fases da velhice, começando pelos idosos jovens, posteriormente os idosos velhos, e finalmente, os idosos mais velhos. Cada fase da velhice é caracterizada por algumas condições que, frequentemente, trazem limitações físicas e psicológicas ao indivíduo velho, pelo que é necessário implementar estratégias que permitam prolongar a sua qualidade de vida.
References:
- Freitas, Maria Célia de, Queiroz, Terezinha Almeida, Sousa, Jacy Aurélia Vieira de. O significado da velhice e da experiência de envelhecer para os idosos. RevEscEnferm. USP 2010; 44(2): 407-12. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n2/24.pdf;
- Schneider Rofolfo Herberto, Irigary, Tatiana Quanti. O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Estudos de Psicologia | Campinas | 25(4) | 585-593 | outubro-dezembro, 2008. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v25n4/a13v25n4.pdf