Coping
Entende-se por coping a capacidade do indivíduo para lidar com situações de diferentes tipos, tanto internas como externas. Os recursos disponíveis têm bastante influência nesse sentido, porque ajudam a compreender o modus operandi de cada um para responder às situações que enfrenta.
Segundo Schviger (2009) e traduzido do inglês “to cope” entende-se por coping a capacidade para lutar e competir eficazmente em igualdade, ou lidar da melhor forma com algo que implique a superação de desafios ou dificuldades.
Antoniazzi, Dell’Aglio e Bandeira (1998) explicam o coping como um mecanismo de defesa interno e inconsciente que permite que o indivíduo reaja face ao perigo de conflito sexual e de agressão, adotando comportamentos desde os menos responsáveis até aos mais responsáveis e adaptativos. Quanto mais adaptado e maturo for um mecanismo, melhores estratégias de coping o indivíduo está a adquirir, pois encara a situação de uma forma flexível, realista e com visão de futuro (Antoniazzi, Dell’Aglio, & Bandeira, 1998).
No âmbito da psicologia, o coping relaciona-se com stresse do corpo e da mente, proveniente da procura em lidar com exigências ambientais ou internas, que possam ser percebidas como excessivas para os recursos disponíveis (Antoniazzi, Dell’Aglio, & Bandeira, 1998; Schviger, 2009).
Quando se fala e situações geradoras de stresse, dizem respeito ao dia-a-dia, como por exemplo, filas intermináveis no trânsito, insucesso escolar, mas nem sempre o stresse tem a ver com algo negativo (Schviger, 2009). Ele pode ser impulsionado por fatores positivos como elogios no trabalho, uma relação sexual intensa, o sucesso escolar de um filho, entre outros (Schviger, 2009).
Todos estes exemplos fazem com que o ser humano precise de encontrar estratégias de coping para lidar com as mais variadas situações, que podem ser focadas na solução de um problema ou na capacidade para gerir uma emoção (Schviger, 2009).
Em outros casos, o coping pode ter a ver com a gestão de stresse traumático, como é exemplo, um conjunto de indivíduos atacados por uma vaga de assaltantes, cujo stresse possui três características relacionadas com o acontecimento, sendo elas a falta de controlo, a imprevisibilidade da situação e a sua ambiguidade (Schviger, 2009).
O que acontece, nos vários tipos diferentes de gestão do stresse, é que o mesmo também é alvo de diferentes estratégias de coping, como por exemplo, quando alguém é assaltado e, mesmo chorando pelos seus bens perdidos, precisa da condenação do assaltante para sentir que houve justiça (Schviger, 2009).
O coping pode ser passivo ou ativo
De acordo com Schviger (2009) o coping passivo implica a tendência para evitar o problema ou para reduzir a tensão provocada, como por exemplo, no caso do consumo do álcool quando a pessoa está diante de uma situação stressante (Schviger, 2009).
No que concerne ao coping ativo, o indivíduo procura soluções para enfrentar o problema que lhe causa stresse, como por exemplo, quando um edifício desaba e se dá início a uma procura coletiva e organização de distribuição de mantimentos para os moradores (Schviger, 2009).
Deste modo podemos dizer que o coping pode focar-se em duas coisas, sendo elas o problema ou a emoção dependendo do indivíduo e dos recursos disponíveis (Antoniazzi, Dell’Aglio, & Bandeira, 1998).
Todos estes meios de lidar com as adversidades do dia a dia são estratégias de coping que visam compreender de que forma o ser humano se comporta e gere as suas emoções quando há necessidade de ultrapassar as dificuldades, sejam elas de que ordem forem (Schviger, 2009).
É então preciso entender o coping, do ponto de vista mencionado por Antoniazzi, Dell’Aglio e Bandeira (1998) que consideram a importância das capacidades cognitivas e emocionais do ser humano, em encarar situações que o relacionam com o ambiente.
No âmbito da medicina e da psicologia, arranjar boas estratégias de coping é fundamental para obter eficácia nos tratamentos e terapias, visando construir recursos promotores de sucesso para os utentes (Schviger, 2009).
A propósito da psicologia social, clínica e da personalidade, verifica-se que o coping é entendido como a forma que o indivíduo encontra para gerar situações stressantes, crónicas ou agudas, dependendo do seu modus operandi (Antoniazzi, Dell’Aglio, & Bandeira, 1998).
O coping é então definido pela personalidade do indivíduo, relacionada com o seu otimismo, a sua rigidez, a sua autoestima, o seu locus de controlo, etc (Antoniazzi, Dell’Aglio, & Bandeira, 1998).
Conclusão
O coping trata-se da estratégia ou das estratégias adotadas pelo indivíduo para lidar com situações do dia a dia, sejam externas ou internas, que de algum modo sejam vistas como dificuldades ou desafios a serem superados. Ele está ligado à personalidade e, por conseguinte, às emoções inerentes ao ser humano. Por esse motivo, quando falamos de coping não podemos nunca deixar de lado o âmbito da psicologia, no que diz respeito aos recursos que o indivíduo tem e/ou precisa para lidar com as situações.
References:
- Antoniazzi, A.S., Dell’Aglio, D.D., & Bandeira, D.R. (1998). O conceito de coping: uma revisão teórica. [em linha] SCIELO Brasil, scielo.br. Escola de Psicologia, 1998, 3(2), 273-294. Acedido a 20 de junho de 2016 em www.scielo.br/pdf/epsic/v3n2/a06v03n2;
- Schviger, A. (2009). O que é `coping`? [em linha] PSICOLOGIA.PT. O PORTAL DOS PSICÓLOGOS, psicologia.pt. Acedido a 20 de junho de 2016 em http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?codigo=AOP0216.