Auto-estima na criança

A auto-estima da criança é formada ao longo do crescimento, pela interpretação que faz do ambiente que a rodeia.

Auto-estima na criança

A auto-estima da criança é formada ao longo do crescimento, pela interpretação que faz do ambiente que a rodeia. Pretendemos compreender de que forma é que o mesmo interfere com o seu desenvolvimento físico e emocional.

A auto-estima não nasce com a criança, mas desenvolve-se com o tempo e está relacionada com fatores sociais e emocionais que condicionam o seu desenvolvimento e constroem a sua personalidade, o que leva a que a interação com os que a rodeiam se traduza, psicologicamente, na auto-estima que ela vai construir e que forma o ideal do eu (Bonavides, 2005).

A autora foca ainda cinco fatores responsáveis pela construção da auto-estima da criança que são a aparência física, as habilidades atléticas, a popularidade entre os pares, as competências sociais e o rendimento académico (Bonavides, 2005). Em conformidade com estes fatores, também os pais, os professores e os colegas são as pessoas cujo julgamento é mais significativo para ela (Bonavides, 2005).

Os estudos de Senos e Diniz (1998) demonstram que o ambiente escolar está diretamente relacionado com o auto-conceito da criança e, por conseguinte, com a sua auto-estima devido à reação que os outros têm às suas características que são demonstradas no seu comportamento.

A auto-estima da criança pode ser analisada pelos outros através de observação direta e pela forma como ela fala de si mesma, que advém das circunstâncias em que vive, por exemplo, se for alvo de constantes punições, rejeições e dominações, a tendência será para desenvolver baixa auto-estima (Bonavides, 2005).

Verifica-se ainda uma relação direta entre a forma como a criança se vê e o seu rendimento escolar (Senos, & Diniz, 1998).

Bonavides (2005) considera, quanto a esta questão da forma como a criança se vê, que a mesma provém de como ela é tratada pelos outros e de como reage a esse tratamento e ao ambiente no seu todo.

Crianças com uma boa auto-estima são otimistas, entusiastas, confiantes, seguras, felizes, com sentido de humor, independentes, flexíveis, assertivas, e gratas pelas oportunidades (Bonavides, 2005).

Se a criança for elogiada pelas pessoas que são importantes para ela, a sua auto-estima sobe e far-se-á sentir na forma como age, confiante e saudável, e, pelo contrário, quando é criticada pela negativa, ela fica agitada e sente que falhou, chegando mesmo a não agir com naturalidade e a forçar comportamentos que visem a aprovação por parte do outro (Bonavides, 2005).

Quando falamos de auto-estima na criança, falamos ainda da influência de vários fatores como os grupos de pares, os interesses, as emoções, etc, que interferem com o sucesso ou insucesso académico (Bonavides, 2005; Senos, & Diniz, 1998).

Uma das situações mais frequentes quando estamos perante uma criança que tem baixa auto-estima é que ela se torna indisciplinada à medida que tem menos rendimento escolar, como que uma forma de desfocar a sua atenção do problema (Bonavides, 2005; Senos, & Diniz, 1998).

Por vezes, a criança, mais do que ser indisciplinada para se destacar, é ainda vítima de violência doméstica ou as expectativas dos pais em relação a ela, são demasiado altas e exigentes, ao ponto de mexer com o seu eu (Bonavides, 2005).

Pode observar-se, dessa forma, que este tipo de comportamento serve como forma de manter alguma espécie de amor próprio, por ser justificado ao nível da indisciplina e não da ausência de capacidades cognitivas (Senos, & Diniz, 1998).

Devido a este mecanismo de defesa, os estudos indicam que os alunos com baixo rendimento escolar, acabam por apresentar iguais níveis de auto-estima comparados com os alunos que possuem bons rendimentos (Senos, & Diniz, 1998).

Outro fator a ter em conta é que resultados baixos num ambiente onde a maioria dos resultados se mostra alta, não são interpretados da mesma forma que os resultados baixos obtidos num ambiente em que a generalidade dos resultados se apresenta baixa, sendo maior o impacto que o primeiro caso tem na auto-estima da criança, do que no segundo caso (Senos, & Diniz, 1998).

De acordo com os estudos de Bonavides (2005), a auto-estima pode nem estar diretamente relacionada com a escola mas sim com a família, quando, por exemplo, a criança não é devidamente valorizada pelos pais, independentemente dos resultados que obtém.

Conclusão

A auto-estima da criança está diretamente ligada à forma como se desenvolve física e psicologicamente ao longo do seu crescimento, de acordo com o feedback que recebe pelos elementos familiares e sociais que lhe são próximos. Assim, quanto melhor for o feedback que os pais, os professores e os colegas dão a uma criança, mais segura, independente, e com melhor auto-estima ela cresce. Se, pelo contrário, o feedback for negativo, isso faz-se sentir na sua postura insegura, dependente, etc.

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References:

  • Bonavides, S.M.P.B. (2005). A AUTO-ESTIMA DA CRIANÇA QUE SOFRE VIOLÊNCIA FÍSICA PELA FAMÍLIA. Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal.
  • Senos, J., & Diniz, T. (1998). Auto-estima, resultados escolares e indisciplina. Estudo exploratório numa amostra de adolescentes. Análise Psicológica, 2 (xvi): 267-276.
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