Negociação escolar

A negociação pretende encontrar respostas para as divergências de ideias existentes entre os elementos da comunidade escolar.

Negociação escolar

A negociação pretende encontrar respostas para as divergências de ideias existentes entre os elementos da comunidade escolar.

O conceito de negociação, de acordo com Teixeira, Fialho e Silva (s.d.) pode ser visto como a procura de um meio de convergência entre duas ou mais ideias distintas, no intuito de chegar a um objetivo comum ou complementar.

“A origem do termo negociação remonta ao latim negocium, palavra formada pela junção dos termos (nem, não) + ocium (ócio, repouso), cujo significado estrito é o de atividade difícil, trabalhosa.”

(Texeira, Fialho, & Silva, s.d., p.3).

Em contexto escolar, a negociação é necessária sempre que há um conflito, fruto da divergência entre opiniões de professores e alunos, com causas objetivas, ou quando a comunicação entre professores e alunos, não acontece de forma assertiva, impedindo o estabelecimento do diálogo.

 Caraterísticas do contexto escolar, que levaram à necessidade da negociação

A massificação da educação, ou seja, a possibilidade de todos poderem frequentar o ensino fez com que a escola acolhesse populações com características específicas para as quais ela não estava preparada.

Em tempos longínquos, a escola era frequentada por alunos com um padrão semelhante e cujos perfis eram muito idênticos, no entanto, com o direito de todos os cidadãos ao ensino, a escola acolheu populações diferentes, com modos de vida diferentes, diferentes pontos de vista e objetivos, diferenças expectativas, diferentes sonhos, diferentes valores, diferentes hábitos, diferentes culturas, entre outras diferenças.

Contudo, apesar desta mudança, o processo educativo manteve-se, o que fez com que surgissem novas formas de relacionamento entre os alunos fruto das dificuldades de assertividade entre diferenças, uma vez que a mudança não foi devidamente trabalhada.

 

 O erro da escalada irracional

Segundo Carvalho (2007), no campo da negociação, é importante que se criem estratégias vantajosas, objetivas e funcionais tanto para professores como para alunos no sentido de se obter um bom acordo.

Quando se toma uma decisão menos adequada e se persiste com o erro decidido sem corrigi-lo, a emoção começa a ganhar terreno, levando à escalada irracional, o que, em contexto escolar resulta em má gestão da negociação.

Devido a esta situação, professores e alunos, tornam-se incapazes de compreender os erros, e, consequentemente podem enveredar em situações pouco favoráveis de negociação (Carvalho, 2007).

Na realidade, a escalada irracional de conflito, refere-se ao processo ganho/perda que o mau negociador faz, ou seja, ao fato de querer ganhar a negociação a qualquer preço, independentemente das consequências graves que isso traz, perdendo a total capacidade de controlo sobre as questões emocionais que a negociação implica (Carvalho, 2007).

Por esse motivo, podemos dizer que a Escalada Irracional deriva de características psicológicas e emocionais, que dificultam a capacidade dos elementos da comunidade escolar para perceber a sua má gestão. Existem três fatores responsáveis pelo fenómeno da escalada irracional da negociação (Carvalho, 2007). São eles:

  1. Falhas na perceção e no julgamento: diz respeito à falta de imparcialidade dos participantes quando se defrontam com as diferentes opções e informações que tem. A perceção e a capacidade de decisão do negociador, são afetadas por esta mesma falta de neutralidade fazendo com que não tome a decisão correta e se dê preferência aos maus resultados. Posteriormente este comportamento afeta as ações seguintes (Carvalho, 2007).

Atitudes e decisões adequadas implicam o conhecimento prévio das várias fontes de informação que lhe são apresentadas (Carvalho, 2007).

  1. Gestão por impressões e não por fatos: quando as partes têm dificuldade em aceitar o próprio insucesso, e selecionam a informação que dão aos restantes elementos incluídos negociação. Defendem-se os próprios pontos de vista e a própria reputação face aos restantes elementos, de modo a que o negociador fique numa situação vantajosa em relação às outras entidades, o que o leva a correr o risco de fracassar. Para que haja uma correta e bem-sucedida negociação é necessário analisar adequadamente os custos e os benefícios aos quais a mesma pode estar sujeita de modo a que futuramente ela possa assentar em dados mais coerentes e verdadeiros (Carvalho, 2007).
  2. Irracionalidade competitiva: acontece quando dois negociadores competem entre si de forma errada e que resulta em situações das quais não estavam à espera. Quando se entra neste quadro de competição, cada negociador começa a responder aos desafios que lhe são enviados pelo outro e não pensam nas consequências destes a partir do momento em que os desafios deixam de ser uma oportunidade. Isto significa que é importante que se tenha em conta o controlo de impulsos, o auto-conhecimento emocional, a flexibilidade e a auto-atualização para que se evite cair em erros emocionais graves (Carvalho, 2007).

Conclusão

A negociação em contexto escolar pretende criar respostas para os conflitos existentes entre a comunidade escolar, principalmente entre professores e alunos, uma vez que nem sempre as suas ideias convergem.

Verifica-se que é comum a presença da escalada irracional quando as partes tem dificuldades em assumir os seus próprios erros e não aceitam que as suas estratégias podem não ser as mais eficazes.

Uma vez que o meio escolar tem como objetivo fornecer a bagagem para o sucesso futuro dos alunos, é importante que se consiga chegar a um consenso que deve ser resultado do debate e partilha de opiniões, partindo do respeito pelas diferenças e pela flexibilidade dos dois lados.

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References:

  • Carvalho, J.C. (2007). Negociação para (in)competentes relacionais. Negoceie sem competências relacionais e será presa fácil de outros negociadores. Lisboa: Edições Sílabo;
  • Teixeira, A., Fialho, F.A.P., & Silva, R.F.T.S. (s.d.). A negociação, o negociador e o perfil psicológico: um estudo teórico reflexivo com ase nos pressupostos de Martinelli e Almeida (2009), Hirata (2007) e Jung em Keirsey-Bates (1984). In VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração.

 

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