Condições psicológicas de estudo no trabalho individual

Este breve artigo pretende mostrar como em que medida é que as condições psicológicas, no trabalho individual, podem afectar as estratégias de estudo.

Este breve artigo pretende mostrar como em que medida é que as condições psicológicas podem afectar as estratégias de estudo. Pretendemos compreender os factores internos e externos que levam os alunos a assumir mais ou menos dedicação face às disciplinas e em que medida é que a vontade de aprender se relaciona mais com a curiosidade e o interesse ou com o factor “resultado final”. A par disso, consideramos pertinente a influencia de toda a comunidade escolar (pais, professores, pares) para o estudo.

 As Condições Psicológicas e os hábitos de estudo no Trabalho Individual

Giordan (1998) defende que o Trabalho Individual requere um ambiente pessoal que estimule a curiosidade, desejo de aprender, persistência e perseverança e para o qual deve contribuir toda a comunidade escolar promovendo a aprendizagem.

É importante também que o aluno esteja em boa forma física e psicológica para se concentrar no estudo, o que passa por uma boa auto-estima, entusiasmo, vontade de aprender, ser sociável e colaborar com a turma nos trabalhos, sem que os seus problemas pessoais afectem o seu desempenho (Carita et al., 1997).

Segundo Guanir (2005) os alunos possuem diferentes razões para se dedicarem à aprendizagem, tais como: razões de realização, “gosto de resolver, ganhar, melhorar, conquistar, ser capaz de…” o que promove o esforço e o tempo de estudo que são determinantes no rendimento escolar.

Feather (1967, citado por Guanir, 2005) revela algumas das razões que levam à persistência de alguns alunos, mesmo quando passam por fracassos, lembrando que, por vezes, há mais produtividade quando, depois do fracasso, surge um sucesso:

  • Alta noção de responsabilidade “gosto do que tenho de fazer, cumprir, obedecer, responsabilizar-me, esforçar-me…” cuja aprendizagem se revela pela necessidade de dever cumprido e de usufruir do aprendido;
  • Epistemológicas: “Gosto de saber, averiguar, conhecer, descobrir…” observado em alunos que procuram conhecer e investigar através do estudo;
  • Auto-realização: “gosto de criar, imaginar, produzir, levar a cabo, relacionar, comprovar…” são autores e actores do próprio estudo, fazem perguntas, geralm ideias e investigam;
  • Aprovação social: “gosto que tenham consideração por mim, de ser querido, ser valorizado, ser significativo para o grupo…” que está presente nos alunos que gostam essencialmente de ser reconhecidos;
  • Competitividade: “tendo a sentir-me superior aos outros, a criar metas que superem as dos outros, comparar-me e sentir-me acima deles, evitando perder ou estar abaixo deles”;
  • Estrutura paradoxal: “não gosto de continuar a responder ou a esforçar-me e prefiro que acabe”, que segundo o autor está patente em alunos cuja aprendizagem tem como objectivo o término da tarefa.

Silva et al. (2000) consideram que as características mais vincadas nos alunos com boas estratégias de estudo são a preocupação com a escola, os métodos de trabalho, a organização do seu material e o tempo de realização dos trabalhos, além do apoio dos pais, e dos professores.

Uma boa forma física e psicológica para se concentrar no estudo, com boa auto-estima, entusiasmo, vontade de aprender, ser sociável e colaborar com a turma nos trabalhos, sem que os seus problemas pessoais afectem o seu desempenho, também são fundamentais para obter bons resultados (Carita et al., 1997).

 Problemas pessoais do aluno que afectam o estudo

Para Oliveira e Oliveira (1999) o aluno é a parte mais importante do contexto escolar, influenciado por diferentes elementos, tais como, o código genético e hereditário, a família, o meio social e físico, e toda a comunidade escolar, que dentro de parâmetros normais, farão do aluno o primeiro responsável pelo seu percurso escolar, excluindo casos extraordinários, como doenças graves, incompetência dos professores ou famílias disfuncionais.

No que concerne aos problemas familiares, Lopes et al. (2006) consideram que são raros os problemas psicológicos que levam aos problemas de aprendizagem, sendo maus-tratos, negligência familiar (a razão mais grave que leva à hostilidade, ansiedade, abandono escolar, entre outras), stresse parental, e outras características extremas. Habitualmente, os problemas de aprendizagem são os que mais despoletam os problemas psicológicos nos alunos.

Habitualmente o aluno sofre o insucesso sem ser notado, e os técnicos responsáveis devem avaliá-lo e verificar a (in)existência de problemas psicológicos (Lopes et al., 2006).

 Os estudos indicam que as dificuldades surgem quando as expectativas são maiores que os resultados, despoletando sentimentos de incompetência e desleixo (Lopes et al., 2006)

Por vezes os adultos não compreendem as dificuldades vividas pelos educandos pensando que é preguiça, e, segundo Lopes et al. (2006), o aumento do grau de dificuldade leva ao constante fracasso e à atribuição do eventual sucesso ao acaso.

 Conclusão

Podemos perceber que a maioria dos alunos é fortemente influenciada, tanto por factores internos, como a vontade de aprender, a curiosidade, a necessidade de criar ideias e realizar-se, como por factores externos, como a competitividade, o resultado final ou a responsabilidade que lhes é imposta. Fundamental, tanto para um caso como para o outro, é que o aluno usufrua de boas condições psicológicas como a auto-estima, a auto-confiança e o apoio adequado para que se sinta, não só responsável pelo cumprimento das suas tarefas, como impelido a organizar-se e motivado para a aprendizagem e a evolução enquanto estudante.

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References:

  • Carita, A.; Silva, A.M,; Monteiro A.F., & Diniz, T.P. (1997). Como ensinar a estudar. Lisboa: Editorial presença.
  • Giordan, A. (1998). Aprender. Instituto Piaget: Lisboa.
  • Guanir, P.H. (2005). Educación del pensamento y las emociones. Psicología de la Educacion. Tenerife: Tafor/Narcea.
  • Lopes, J.A.; Rutherford, R.B.; Cruz, M.C.; Mathur, S.R., & Quinn, M.M. (2006). Competências comportamentais, emocionais e de aprendizagem. (Colecção psicologia escolar). Braga: Psiquilíbrios.
  • Oliveira, J.H. & Oliveira, A.M.B. (1999). Psicologia da educação escolar. I aluno – aprendizagem. (2ªed). Coimbra: Livraria Almedina.
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