Assexualidade

A assexualidade está ainda pouco explorada pela comunidade científica e pela sociedade no geral, devido aos seus contornos raros.

Assexualidade

A assexualidade está ainda pouco explorada pela comunidade científica e pela sociedade no geral, devido aos seus contornos raros. No entanto, os indivíduos assexuais existem e tal como indivíduos que se identificam com outros tipos de orientação sexual, precisam de ser compreendidos para que se possa promover a sua integração.

 

Segundo Oliveira (2014) apesar de a assexualidade ser uma orientação sexual que sempre existiu, ela nunca foi alvo da atenção social, tal como, por exemplo, a homossexualidade que chegou a ser vista como ilegal, imoral ou controversa. Ao contrário, a assexualidade sempre foi vista como uma orientação sexual inexistente, ao longo da história (Oliveira, 2014).

De acordo com o Diário de Saúde (2015) a assexualidade é uma orientação sexual ainda muito pouco explorada e que causa choque à maioria das pessoas, contudo, Oliveira (2014) percebeu, nas suas pesquisas junto de pessoas assexuadas, que as mesmas vêem a assexualidade como uma orientação sexual, tão normal como a heterossexualidade, a homossexualidade e a bissexualidade.

Oliveira (2014) refere que a assexualidade do ponto de vista médico-histórico é vista como uma perturbação psicológica ou fisiológica, devido ao desinteresse sexual e/ou afetivo em que se traduz. Contudo, mais tarde, as comunidades assexuais construíram um conceito relacionado com a condição em questão, definindo-a como uma identidade sexual que exprime a sua sexualidade de uma forma diferente do padrão mais comum (Oliveira, 2014).

“A assexualidade é compreendida, nesta investigação, como uma forma de viver a sexualidade caracterizada pelo desinteresse pela prática sexual, que pode ou não ser acompanhado pelo desinteresse por relacionamentos amorosos.”

(Oliveira, 2014, p.15).

Na maioria das vezes, segundo Oliveira (2014) o indivíduo assexual descobre a sua orientação sexual da forma mais comum através de informação virtual, de palestras e de blogs tais como o “Blog Assexualidades”, elaborado pela própria autora.

Autores como Cerankowski, (cit in Diário da República, 2015) referem que o prazer pode ser experimentado de várias formas que não necessariamente através da sexualidade, tais como ouvir música.

Uma das principais diferenças entre uma pessoa assexuada ou uma pessoa heterossexual, bissexual ou homossexual, é, especificamente, a ausência de atividade sexual, mesmo que se encontrem num relacionamento afetivo (Oliveira, 2014).

Uma vez que vivemos numa sociedade em que, cada vez mais, se promove a compreensão, aceitação e integração da diversidade sexual, é preciso compreender que a assexualidade faz parte dessa diversidade, pelo que, nem todos os indivíduos sentem vontade de se exprimir sexualmente ou então, têm uma menor energia sexual, sem que tenham algum tipo de disfunção (Diário da Saúde, 2015). Algumas das dificuldades mais comuns da comunidade assexual prendem-se com a confusão mental com que o indivíduo se depara quando descobre que não se encaixa em nenhum tipo de orientação sexual conhecido, acrescentado ao fato de que a heteronormatividade continua a ser a orientação sexual mais vincada porque é melhor aceite (Oliveira, 2014).

Oliveira (2014) nas suas pesquisas de campo, concluiu que alguns indivíduos que se afirmam como assexuais por não terem qualquer interesse em relacionamentos sexuais e/ou afetivos, podem, ainda assim, ser felizes sem esta faceta da vida, muito embora, com alguma frequência, haja preconceitos sociais que não entendem esta forma de viver.

É aqui que encontramos relatos de solidão, dor, incompreensão e até rejeição social devido à diferença presente nestes indivíduos, sujeitos, muitas vezes, a tentativas de “arranjos conjugais” por parte dos amigos e da família, porque a sua condição não é aceite nem compreendida pelas normas sociais de orientação sexual (Oliveira, 2014).

Devido a todas estas questões, Oliveira (2014) constatou a formação de cada vez mais grupos virtuais em redes sociais que reúnem indivíduos dos quatro cantos do mundo em luta pelo reconhecimento e aceitação da sua condição assexual. Estes grupos virtuais acabaram, inclusive por contribuir para um menor isolamento das pessoas assexuais devido à possibilidade de contatarem com indivíduos em situações com as quais se podiam identificar (Oliveira, 2014). A autora refere, aquando das suas pesquisas, que, ao entrar no campo da assexualidade, muitas pessoas reconhecendo-se como tal, consideraram que o estudo lhes trazia esperança de poderem ser aceites numa sociedade que tem dificuldades em lidar com a diferença (Oliveira, 2014).

Conclusão

A assexualidade é uma orientação sexual que, devido aos seus contornos raros, leva a que o indivíduo nessa condição, esteja sujeito a mais incompreensão do que indivíduos que também não estão de acordo com as normas sociais, mas cuja orientação sexual é reconhecida, tais como os homossexuais e os bissexuais. Este termo é ainda pouco conhecido e pouco compreendido devido ao fato d pouco se falar dele, o que, muitas vezes provoca confusão ao indivíduo assexual. Assim, é necessário explorar mais o conceito para que pessoas assexuais possam ser normalmente integradas numa sociedade onde se luta diariamente pelo respeito à diversidade sexual.

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References:

  • Diário da República (2015). Por que as pessoas têm dificuldade em aceitar a assexualidade? [em linha] PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS, www.psicologia.pt. Acedido a 1 de junho de 2016 em http://www.psicologia.pt/noticias/ver_noticia.php?codigo=NO02051&area=d11;
  • Oliveira, E.R.N. (2014). “MINHA VIDA DE AMEBA”: OS SCRIPTS SEXO-NORMATIVOS E A CONSTRUÇAO SOCIAL DAS ASSEXUALIDADES NA INTERNET E NA ESCOLA. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, FACULDADE DE EDUCAÇÃO. São Paulo: Brasil.
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