Métodos contraceptivos
Métodos contraceptivos dizem respeito aos meios de prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e gravidez não desejada, adotados entre os indivíduos. Devido a crenças erróneas em relação às questões de planeamento familiar, observam-se discrepâncias de comportamento entre os sexos.
Duarte, Alvarenga, Osis e Faúndes (2003) e Alves e Brandão (2009) consideram os métodos contraceptivos como o grande desafio no âmbito da educação sexual, a promover, principalmente, nos adolescentes. O assunto parece ser delicado pelo que se observam comportamentos de caris sexual pouco responsáveis, que apelam a estereótipos com base no género e prejudicam o combate às DST e a prevenção da gravidez não desejada (Alves, & Brandão, 2009).
O que Duarte, Alvarenga, Osis, Faúndes e Sousa (2003) já apontavam, era que, apesar de o uso de métodos contraceptivos ser mais dirigido para as raparigas, nos últimos anos, os mesmos tem passado a suscitar a preocupação dos rapazes no que diz respeito à saúde reprodutiva.
A promoção do uso de métodos contraceptivos na adolescência, será a alavanca para a construção da autonomia, com base em estruturas amadurecidas e identidade social e de género bem estabelecida (Alves, & Brandão, 2009).
Uso de métodos contraceptivos pelas mulheres
Quando os cuidados relacionados com a sexualidade não são devidamente adotados e se dá uma gravidez não desejada, a revisão da literatura aponta para uma maior vulnerabilidade por parte das raparigas, na fase da adolescência, devido a fatores como o contexto ou algo mais específico (Alves, & Brandão, 2009). Algumas das questões que aqui se colocam são a incapacidade de negociação acerca de métodos contraceptivos entre os géneros, a subordinação à dominância masculina, a dificuldade em encontrar métodos contraceptivos eficazes a cada organismo, entre outros (Alves, & Brandão, 2009).
Em várias partes do mundo ainda se verifica que o uso de métodos contraceptivos tem uma baixa adesão por parte dos homens, continuando a ficar à responsabilidade das mulheres (Duarte, Alvarenga, Osis, & Faúndes 2003).
De acordo com os estudos de Alves e Brandão (2009) para analisar estes comportamentos, é preciso faze-lo, não de uma perspectiva individualista, mas segundo o contexto em que se insere a pessoa e em que medida é influenciada por esse contexto, tanto no que diz respeito aos valores, como às expetativas, representações, práticas sociais, etc, correspondentes ao foro sexual.
Uso de métodos contraceptivos no caso dos rapazes
O que acontece na maioria das vezes, principalmente nos rapazes, é que o uso de métodos contraceptivos acontece muito mais frequentemente quando há uma relação sexual casual, ao contrário da relação afetiva estabelecida em que, tratando-se do namoro ou do casamento, a orientação do comportamento sexual é a confiança (Alves, & Brandão, 2009).
Quando se verifica o uso de métodos contraceptivos com namoradas ou esposas, é por questões de gravidez ou de amamentação, acreditando que esse cuidado protege as parceiras (Alves, & Brandão, 2009).
Utilização de preservativos apenas quando a mulher não toma a pílula, coito interrompido, falta de uso e método contracetivo devido ao incómodo, são algumas razões que levam a que o cuidado seja negligenciado ((Duarte, Alvarenga, Osis, & Faúndes 2003; Alves, & Brandão, 2009).
No geral, também não se verifica o diálogo entre casais no que respeita aos métodos contracetivos, o que mostra, mesmo quando as raparigas se deslocam às unidades de saúde, que os rapazes não demonstram grande preocupação em acompanha-las (Alves, & Brandão, 2009).
Na maioria das vezes o que acontece relacionado com o comportamento dos rapazes é que a impulsividade sexual e a procura de acompanhamento ao nível do planeamento familiar, são incompatíveis, pelo que acabam sendo deixadas ao cuidado das raparigas (Alves, & Brandão, 2009).
Não nos podemos esquecer, contudo, dos avanços da medicina cirúrgica, ao nível dos métodos contraceptivos, no que respeita à vasectomia, que se mostrou um grande avanço para a comunidade masculina ao nível do planeamento familiar (Duarte, Alvarenga, Osis, & Faúndes 2003).
Métodos contracetivos versus conhecimento prévio
Segundo Alves e Brandão (2009) uma das situações que acarreta maior número de mitos e comportamentos sexuais de risco é a primeira relação sexual em que os rapazes, geralmente, acreditam que a mesma não proporcionará uma gravidez indesejada e as raparigas, apesar de acreditarem, continuam a correr o risco.
Por vezes, devido ao termino de relações amorosas, as raparigas deixam de tomar a pílula e, quando acontece uma relação sexual esporádica, elas acreditam numa grande improbabilidade de engravidar (Alves, & Brandão, 2009).
As raparigas não têm por hábito fazer um estudo de recolha de informação acerca da sexualidade, antes de iniciar a sua vida sexual, enveredando por comportamentos inadequados que as tornam mais vulneráveis (Alves, & Brandão, 2009).
Em contrapartida é evidente a preocupação da comunidade masculina, cada vez maior, no que concerne aos métodos contracetivos, sendo que, em muitos casos, a adoção do próprio homem sob os mesmos, tem-se mostrado uma grande mais valia (Duarte, Alvarenga, Osis, & Faúndes, 2003).
Conclusão
Os estudos prévios relacionados com os métodos contracetivos mostram que ainda há um longo caminho a percorrer devido às discrepâncias de responsabilidade entre os géneros, quando esta chega a existir, e aos mitos relacionados com os mesmos. Ainda hoje os programas de planeamento familiar apontam para maiores cuidados por parte das mulheres do que dos homens, pelo que, a grande maioria dos casos ainda atribui mais a necessidade de contraceção às relações sexuais momentâneas, baseando as relações afetivas na confiança, o que mantem o risco.
References:
- Alves, C.A., & Brandão, E.R. (2009). Vulnerabilidades no uso de métodos contraceptivos entre adolescentes e jovens: interseções entre politicas pulicas e atenção à saúde. Vulnerabilities in use of contraceptive methods among youth: intersections bewteen public policies and healthcare. [em linha] SCIELO BRASIL, scielo.br. Ciência & Saúde Coletiva;
- Duarte, G.A., Alvarenga, A.T., Osis, M.J.D., Faúndes, A., & Sousa, M.H. (2003). Participação masculina no uso de métodos contraceptivos. Male participation in contraceptive use. [em linha] SCIELO BRASIL, scielo.br. Cad. Saúde Pública, 19(1): 207-216.