Coping na infância

O coping na infância diz respeito à capacidade da criança para lidar com situações geradoras de stresse.

O coping na infância diz respeito à capacidade da criança para lidar com situações geradoras de stresse. Elas aparecem nos diferentes contextos em que a criança se encontra mais frequentemente e associam-se, quer a resolução de problemas, quer ao controlo das suas emoções.

De acordo com as teorias de vários autores, o coping tem sido definido como “um conjunto de esforços, cognitivos e comportamentais, utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com demandas específicas, internas ou externas, que surgem em situações de stress e são avaliadas como sobrecarregando ou excedendo seus recursos pessoais (Lazarus e Folkan, 1984, cit in Dell’Aglio, 2003).”

No que diz respeito ao coping na infância, já anteriormente alguns estudos mencionavam a importância do mesmo para lidar, principalmente, com situações geradoras de stresse, nas quais, a criança fica sobrecarregada em relação aos seus recursos pessoais (Dell’Aglio, & Hutz, 2002).

De facto, quando se fala na infância, Dell’Aglio (2003) entende que o coping deve ser compreendido de acordo com o contexto e com a fase de desenvolvimento em questão. Isto acontece pelo motivo de se tratar de uma fase em que a criança depende muito do adulto para sobreviver e porque as suas capacidades de aquisição do coping são influenciadas pela sua preparação biológica e psicológica para responder às situações (Dell’Aglio, 2003).

Nos estudos de Dell’Aglio e Hutz (2002) verificou-se que as estratégias de coping na infância, são diferentes das estratégia de coping utilizadas pelos adultos, uma vez que os estímulos stressores também são diferentes. Na infância, o que causa maiores níveis de stresse e necessidade de criar estratégias de coping, está mais relacionado com os pais, com a família e com a relação com os professores ou ainda, as condições sócio-económicas (Dell’Aglio, & Hutz, 2002).

Já no ano anterior, a mesma autora, juntamente com Hutz (2002) encaravam estas estratégias, na infância, de acordo com os recursos disponibilizados à criança e mediante a forma como os utilizavam face a situações adversas, para lidar com problemas emocionais e de comportamento.

Alguns dos fatores que mais influenciam o coping na infância são, portanto, as características do desenvolvimento seja do ponto de vista cognitivo ou social, o stresse pelo qual passam, a crenças adquiridas, a auto percepção e a auto eficácia, o autocontrolo, os mecanismos de defesa, os relacionamentos com pais e outras crianças, entre outros (Dell’Aglio, 2003; Dell’Aglio, & Hutz, 2002).

As estratégias de coping nas crianças podem ser observadas nos vários contextos, seja o escolar, o familiar ou social, podendo o mesmo assumir contornos ativos, quando a criança procura controlar o perigo e procurar apoio social, interno, quando tenta resolver o problema e encontrar uma solução, seja de forma passiva ou ativa, ou de forma negativa, quando a criança parte para a agressão, a autodestruição, o afastamento e outras estratégias de tentativa de controlo da ansiedade (Dell’Aglio, 2003).

Vários autores, nas suas pesquisas e trabalhos neste campo, chegaram à conclusão que, tanto no que concerne a estratégias que visam a resolução do problema, como no que diz respeito a estratégias de procura de controlo das emoções, ambas são igualmente necessárias quando se trata de aprendizagem sobre estratégias de coping (Dell’Aglio, 2003). Compreende-se, no entanto, que estas duas estratégias não são complementares entre si, mas apenas duas formas que, cada uma em determinadas situações, poderão atuar de forma construtiva na aquisição de competências de coping (Dell’Aglio, 2003).

Dell’Aglio e Hutz (2002) já mencionavam estas diferença quando perceberam, nos seus estudos, que o coping focado no problema visaria mais o recurso a estratégias de resolução que se focassem em resolver mesmo, ao passo que o coping focado nas emoções se preocupava mais em encontrar meios internos de controlar as mesmas.

Conclusão

O coping na infância vai depender sempre da fase de desenvolvimento em que a criança se encontra, do nível de maturidade cognitiva, da relação com os outros, principalmente com os pais, e dos recursos disponíveis para lidar com as situações. Na grande maioria dos casos, o grande foco de procura de estratégias de coping nesta fase de desenvolvimento, é, sem dúvida, o stresse, existente nos diferentes contextos. A criança aprende a utilizar as suas estratégias de coping, em algumas situações, na procura de resolução de problemas, em outras situações, na procura de controlo das suas emoções.

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References:

  • Dell’Aglio, Débora Dalbosco. (2003). O processo de coping em crianças e adolescentes: adaptação e desenvolvimento. Temas em Psicologia, 11(1). 38-45. Recuperdo em 28 de dezembro de 2017 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2003000100005;
  • Dell, Aglio, B.D., & Hutz, C.S. (2002). Estratégias de coping e estilo atribucional de crianças em eventos stressantes. Estudos de Psicologia, 2002, 7(1), 5-13.
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