Adoção
A adoção, habitualmente, diz respeito ao ato de alguém acolher no seu seio familiar, uma criança que não tem qualquer relação biológica com o adotante, no intuito de a criar como se fosse sua.
Antunes (s.d.) define as famílias adotivas como aquelas que recebem, no seu seio, responsabilidades parentais em relação a uma nova pessoa que não tem laços de sangue com elas, frequentemente devido a problemas de fertilidade que provocam dor e sofrimento ao casal.
De acordo com os estudos levados a cabo por Baptista, Soares e Henriques (2013) no que concerne à adoção, podemos observar que crianças retiradas à família biológica, entregues às instituições e adotadas posteriormente, mostram ganhos bastante visíveis no seu desenvolvimento, quando integradas na nova família. Verificam-se ainda diferenças no que concerne ao desenvolvimento das crianças, a nível individual, tanto influenciadas pelas experiências anteriores como pela recuperação ao longo do tempo de adoção (Baptista, Soares, & Henriques, 2013).
Antunes (s.d.) considera, no que diz respeito à integração com a nova família, que as emoções, necessidades e interações de todos os intervenientes, acabam também por contribuir para um enorme desgaste de stresse nestas crianças.
Ao nível do seu desenvolvimento físico, apesar dos vários efeitos negativos da institucionalização, pode dizer-se que, após ser retiradas da mesma, as crianças mostram melhorias imediatas, no que concerne à sua recuperação, principalmente no perímetro encefálico e no peso que evidenciam diferenças bastante acentuadas quando comparadas com as crianças criadas com a família biológica (Baptista, Soares, & Henriques, 2013).
Com estes dados e após várias pesquisas, Antunes (s.d.) e Baptista, Soares e Henriques (2013) concluíram que quanto mais cedo se dá o processo da adoção, mais rapidamente se observam melhoras no desenvolvimento das crianças e que, quanto mais tarde se dá o processo de adoção, mais lentas são as melhoras. Por outro lado, referem que as crianças do sexo feminino que são adotadas por cidadãos de um país diferente, apresentam o risco de puberdade precoce, o que pode resultar em baixa estatura, principalmente nos casos de adoção mais tardia (Baptista, Soares, & Henriques, 2013).
Fatores que contribuem para prejuízos no desenvolvimento da criança, em casos de adoção tardia
- Traumas de infância acumulados e duradouros;
- Estímulos ambientais na própria família de adoção que contribuem para um crescimento instável e que influenciam negativamente o sistema límbico, o metabolismo e o sistema endócrino;
- Fusão prematura da cartilagem de crescimento que limitam a estatura definitiva.
(Baptista, Soares, & Henriques, 2013).
Quanto ao desenvolvimento cognitivo Baptista, Soares e Henriques, (2013) observam limitações ao nível da linguagem e das capacidades cognitivas que podem provocam danos graves.
Existem ainda fortes evidencias, no que respeita ao desenvolvimento sócio-emocional, destas crianças que podem apresentar traços do espetro autista, como por exemplo, interesse excessivo em assuntos particulares, embora a adoção contribua positivamente para atenuar este quadro através do estimulo à comunicação (Baptista, Soares, & Henriques, 2013).
Antunes (s.d.) e Baptista, Soares e Henriques (2013) falam ainda das competências de organização e de vinculação que demonstram a influência de reforços positivos maternos na segurança sentida pelas crianças, e com maior capacidade de organização do que as crianças que permanecem nas instituições. No processo de adaptação e de relação entre a criança e os pais adotivos, Antunes (s.d.) considera fundamental que a criança saiba do processo o mais cedo possível, e que, ao ser-lhe revelada essa situação, que ela não sinta a menor alteração no que concerne à sua segurança e apoio emocional.
Em crianças mais velhas, entre 10 a 12 anos, é necessário todo um preparo em volta dos sentimentos de pertença e dos vínculos afetivos no sentido de proporcionar todo o equilíbrio e toda a estabilidade que a criança precisa (Antunes, s.d.).
Neste tipo de vinculação, Antunes (s.d.) esclarece a importância do bem-estar e a capacidade para que todos aceitem as diferenças entre os membros que daí advêm.
Todo este processo envolve duas vertentes, a real e a fantasiosa, ou seja, na realidade, os pais e a criança adotada mantêm sempre o contato, na fantasia, a criança imagina como serão os seus pais biológicos, e os pais adotivos, por sua vez, imaginam como seria o filho biológico que nunca chegou a existir (Antunes, s.d.).
Conclusão
Podemos dizer que um processo de adoção afeta todos os intervenientes (criança, pais adotivos, família e, por vezes, pais biológicos) e que, devido à sua complexidade, este processo é bastante delicado. No entanto, uma vez adotadas, estas crianças apresentam melhorias evidentes em todos os níveis, principalmente físico, quando comparadas com outras crianças que permanecem institucionalizadas. De referir que, segundo os estudos, quanto mais precoce for a adoção, melhor adaptação terá a criança.
References:
- Antunes, N. (s.d.). Fantasia ou realidade? (Re)Pensar a adoção. [em linha] Oficina de Psicologia, oficinadepsicologia.com. Acedido a 27 de junho de 2016 em http://oficinadepsicologia.com/fantasia-ou-realidade-repensar-a-adocao;
- Baptista, J., Soares, I., & Henriques, M. O impacto da adoção no desenvolvimento da criança. The impact of adoption on child’s development. Psicologia [online]. 2013, vol.27, n.2 [citado 2016-06-26], pp.63-79. Disponível em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-20492013000200003.