Síndrome da Imunodeficiência Adquirida no Idoso

A síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV) no idoso, propaga-se, principalmente, à crença de que esta população é sexualmente inativa.

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida no Idoso

A síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV) no idoso, propaga-se, principalmente, devido à crença de que esta população é sexualmente inativa. Isto leva a que se formem mitos errados e a que a falta de informação adequada seja comum entre indivíduos a partir dos 50 anos, principalmente.

De acordo com os estudos de Lazzarotto, Kramer, Hadrich, Caputo, Tonin e Sprinz (2008) a evolução da ciência permitiu prolongar a vida sexual ativa do idoso, contudo, em consequência da falta de informação e de cuidados ao nível da prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) propagou-se, também, a infeção pelo HIV.

Corroborando esta teoria, os estudos de Garcia, Lima, Silva, Andrade e Abrão (2012) focam, a escassez de informação e o tabu associado à sexualidade como fatores de grande influência sobre a contaminação por HIV.

Os profissionais de saúde, por vezes, também não estão sensibilizados para informar devidamente os idosos, o que provoca obstáculos à informação, pelo que os mesmos só conseguem ter acesso através da televisão, dos jornais e da rádio, ficando, frequentemente, aquém, por exemplo, do simples fato de saber colocar um preservativo (Garcia, Lima, Silva, Andrade, & Abrão, 2012).

Muitas vezes, por uma questão de maior facilidade no acesso aos recursos disponíveis para manter uma vida sexual ativa, os idosos contraem HIV, devido à ausência de cuidado no ato (Araújo, Brito, Gimeniz, Queiroz, & Tavares, 2007).

No caso das mulheres, é habitual deixar de haver preocupação com a prevenção devido à entrada na menopausa (Lazzarotto et al, 2008), ou ainda, ceder às imposições dos maridos para o não uso do preservativo, que o mesmo seja utilizado apenas com estranhos, ou em caso de desconfiança da fidelidade do parceiro Garcia, Lima, Silva, Andrade, & Abrão, 2012

Segundo os estudos de Araújo, Gimeniz, Queiroz e Tavares (2007) as alterações fisiológicas na vagina, como o estreitamento e a diminuição de secreções, levam à crença errada de que o perigo de contágio também diminui, o que leva ao oposto.

Além destes fatores, baixos níveis de cultura (verifica-se maior incidência de infeções por HIV em indivíduos com baixa ou nenhuma escolarização), falta de noção dos riscos, práticas sexuais desprotegidas e aumento da esperança média de vida, promovem a sexualidade ativa no idoso, que não leva em consideração todos os fatores de risco citados (Araújo, Brito, Gimeniz, Queiroz, & Tavares, 2007).

Mesmo os profissionais de saúde, por vezes associam a idade avançada à vida sexual não ativa, o que faz com que, aquando do diagnóstico de uma possível DST, descartam a possibilidade da mesma por meio sexual (Araújo, Brito, Gimeniz, Queiroz, & Tavares, 2007; Garcia, Lima, Silva, Andrade, & Abrão, 2012).

Além disso inicialmente, o vírus do HIV incidia mais em grupos específicos tais como homossexuais e toxicodependentes, o que fez com que o impacto fosse muito maior quando se alastrou à população idosa (Garcia, Lima, Silva, Andrade, & Abrão, 2012).

Contudo, Araújo, Brito, Gimeniz, Queiroz e Tavares (2007) observaram, nas suas pesquisas, que, a partir do início dos anos 2000, se verificou um aumento acentuado de pessoas dos 50 anos para cima, contagiadas com o vírus do HIV, pelo que urge promover campanhas de prevenção para estas populações.

A par destas causas, é comum que muitos dos idosos associem ainda a infeção a castigos divinos, excluindo a falta de prevenção como fator predominante para que esta aconteça, além de não terem qualquer tipo de cuidado, mesmo quando estão informados, devido a esta associação permanente da infeção, a motivos religiosos (Lazzarotto et al, 2008). Por este motivo, verifica-se a necessidade de articular as instituições religiosas com os serviços de saúde, para que a prevenção possa ser realizada (Lazzarotto et al, 2008).

De grosso modo, o que Araújo, Brito, Gimeniz, Queiroz e Tavares (2007) acreditam é que a epidemia do HIV em pessoas idosas, leva à urgência em criar medidas sérias de prevenção, enquanto a mesma ainda pode ser controlada, com recurso a novas terapias que procurem encontrar uma vacina eficaz que combata a doença.

Um dos meios de prevenção que têm sido mais promovidos, é o recurso gratuito a anti-retrovirais, para proporcionar maior taxa de sobrevivência aos doentes de todas as idades, embora se observe que a população idosa infetada pelo HIV morre mais rápido do que a população jovem devido à combinação desta com outras doenças que levam ao acelerar dos sintomas (Araújo, Brito, Gimeniz, Queiroz, & Tavares, 2007).

Garcia, Lima, Silva, Andrade, e Abrão (2012) acrescentam a estas medidas, ações de prevenção focadas no HIV, para que se desmistifique o mesmo na população da terceira idade, abordando temas como o uso do preservativo, já que, muitas vezes, ele já só é usado após a contaminação, o que leva à discriminação e à estigmatização do idoso.

Conclusão

O grande problema da propagação do HIV na população idosa deve-se, fundamentalmente, ao fato de ainda se ver o idoso como um ser sexualmente inativo. Este mito faz com que haja grandes tabus em volta do tema da sexualidade no idoso, que criam obstáculos ao acesso deste à informação e acabam por trazer consequências drásticas e fatais para o indivíduo. Assim, urge elucidar a população idosa com a máxima urgência para combater a falta de informação e corrigir mitos errados, no sentido da prevenção do contágio e promoção da saúde.

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References:

  • Araújo, V.L.B., Brito, D.M.S., Gimeniz, M.T., Queiroz, T.A., & Tavares, C.M. (2007). Características da Aids na terceira idade em um hospital de referência do Estado do Ceará, Brasil. Characteristics of Aids amongst the elderly at a reference hospital in the State of Ceará, Brazil. [em linha] SCIELO BRASIL – scielo.br. Rev Bras Epidemiol 10(4): 544-54. Acedido a 6 de maio d 2016 em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2007000400013&lng=pt;
  • Garcia, G.S., Lima, L.F., Silva, J.B., Andrade, L.D.F., & Abrão, F.M. (2012). VULNERABILIDADE DOS IDOSOS FRENTE AO HIV/AIDS: TENDÊNCIAS DA PRODUÇAO CIENTÍFICA ATUAL NO BRASIL. FRONT OFTHE VULNERABILITY OF ELDERLY HIV/AIDS: CURRENT TRENDS OF SCIENTIFIC PRODUCTION IN BRAZIL. DST – J bras Doenças Sex Transm; 24(3): 183-188.
  • Lazzarotto, A.R., Kramer, A.S., Hadrich, M., Tonin, M., Caputo, P., & Sprinz, E. (2008). O conhecimento de HIV/ids na terceira idade: estudo epidemiológico no Vale do Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil. The knowledge of the aged about HIV/AIDS: epidemiologic study in Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brazil. [em linha] SCIELO – scielosp.org. Instituto de Ciências da Saúde, Centro Universitário Feevale, CAPUS II. Rio Grande do Sul, Brasil.
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