Andropausa
A andropausa trata-se de uma alteração da produção de testosterona no homem que provoca sintomas físicos, emocionais e sociais. Embora semelhante à menopausa feminina, não é tão radical e pode ser contornada com terapia medicamentosa.
Segundo Bulcão, Carange, Carvalho, Ferreira-França, Kligerman-Antunes, Backes, Landi, Lopes, Santos, e Sholl-Franco (2004) e Rohden (2011) a andropausa ou perturbação androgénica do envelhecimento masculino (PAEM) (Patrial Androgen Deficency of the Aging Male – PADAM, em inglês) é uma doença que atinge os homens a partir dos 35 a 40 anos. Os sintomas manifestam-se por ausência de libido, diminuição da massa muscular, falha de energia, depressão, disfunção erétil, etc, devido a uma menor produção da testosterona (Rohden, 2011).
A revisão biliografica de Bulcão et al (2004) refere ainda que a definição da andropausa se refere a uma diminuição da testosterona, contudo, o termo inglês PADAM, parece ser o mais aceite na comunidade científica.
Bulcão et al (2004) afirmam que, tanto no homem como na mulher, é comum haver um declínio da hormona sexual, a testosterona no caso do homem, a progesterona e o estrogénio no caso da mulher, traduzindo-se na andropausa e na menopausa, respetivamente, no entanto, no caso dos homens, a alteração é menos radical e não acontece totalmente.
Habitualmente, no que concerne ao tratamento, é comum recorrer à reposição hormonal (Rohden, 2011).
A investigação no âmbito da andropausa é um investimento recente, uma vez que, até agora, este tipo de assunto era mais direcionado para as mulheres, no que diz respeito às questões da tensão pré-menstrual (TPM), pelo que, com a evolução cientifica, passa a ser igualmente importante apostar no equilíbrio hormonal masculino, na promoção da sexualidade, juventude e saúde do homem (Rohden, 2011).
Em outros tempos, a disfunção erétil era assumida como um processo natural e esperado pela condição humana com o passar da idade, no entanto, com o avançar da modernidade e dos novos processos de tratamento e tecnologia avançada, a mesma passou a ser vista com disfuncional e passível de tratamento, principalmente com o aparecimento do Viagra que trouxe a revolução da sexualidade masculina saudável (Bulcão et al, 2004; Rohden, 2011).
Bulcão et al (2004) lembram que a disfunção erétil é um problema urológico de base fisiológica vascular o que significa que, através de tratamento, é possível resolver situações de impotência.
Uma vez que a esperança de vida aumentou consideravelmente, o número de indivíduos na fase da terceira idade, aumentou também exponencialmente, o que acarretou a adaptação a novas formas de viver nessa faixa etária, em consequência do envelhecimento, tais como alterações fisiológicas e psicossociais, a partir, aproximadamente, dos 50 anos (Bulcão et al, 2004).
A propósito do interesse pela andropausa, criou-se, em 1999, uma Escala de Sintomas do Envelhecimento Masculino – Aging Male’s Symptoms Scale – MAS, baseada na teoria do paralelismo entre a disfunção sexual ocorrida nas mulheres, que dá pelo nome de menopausa, e a disfunção sexual ocorrida nos homens (Rohden, 2011).
Este teste foi criado no sentido de analisar a sintomatologia masculina na procura de compreender se o quadro clínico poderia ser considerado patológico e passível de necessidade de tratamento através da reposição de androgénio (Rohden, 2011). A importância desta hormona para o homem, deve-se ao fato de a mesma ser vista como fonte de juventude, responsável pela capacidade sexual e controladora da líbido (Bulcão, 2004; Rohden, 2011).
Características do tratamento hormonal por reposição de androgénio
- Menos irritabilidade
- Lentificação do envelhecimento
- Mais resistência às infeções
- Aumento da massa muscular
- Melhor vida sexual
- Atenuação da ansiedade
- Menos perturbação do sono
- Prevenção do cancro do fígado e da próstata
- Entre outras
(Rohden, 2011).
Além destes sintomas, Bulcão et al (2004) referem que se dão ainda alterações aos níveis emocional, corporal, individual e interpessoal, tais como alterações nos órgãos genitais, de origem endócrina e alterações individuais devido ao estilo de vida.
A par destes sintomas, os indivíduos sofrem com problemas de memória, uma vez que, de acordo com os estudos de Bulcão et al (2004) o androgénio tem um papel protetor contra a neurodegeneração.
Em muitos casos, o homem sofre um aumento prostático benigno, denominado como hiperplasia prostática que provoca obstrução urinária (Bulcão et al, 2004).
Conclusão
A andropausa aparece, habitualmente, por volta dos 50 anos de idade, ou seja, em indivíduos no início da fase geriátrica. Trata-se de uma alteração hormonal que afeta o sistema endócrino e a qualidade de vida, principalmente sexual, do homem e que é semelhante à menopausa feminina, contudo, não tão radical nem totalmente inibidora da reprodução. Apesar das alterações que provoca, a evolução da medicina já disponibiliza o método interventivo através de fármacos para o efeito.
References:
- Bulcão, C.B., Carange, E., Carvalho, H.P., Ferreira-França, J.B., Kligerman-Antunes, J., Backes, J., Landi, L.C.M., Lopes, M.C., Santos, R.B.M., & Sholl-Franco, A. aspectos fisiológicos, cognitivos e psicossociais da senescência sexual. Ciência e Cognição. Rio de Janeiro [online]. 2004, Vol 01 [cited 2016-07-03]: pp. 54-75;
- Rohden, F. “O homem é mesmo a sua testosterona”: promoção da andropausa e representações sobre sexualidade e envelhecimento no cenário brasileiro. Antropol. Porto Alegre [online]. 2011, vol.17, n.35 [cited 2016-07-03], pp.161-196. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832011000100006.