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Obsessão amorosa
A obsessão amorosa trata-se de uma patologia que leva o indivíduo a ter comportamentos doentios em relação à pessoa amada.
“O amor é uma emoção agradável que dá acesso a um estado de tranquilidade e estabilidade emocional, permitindo o acesso a uma relação feliz e saudável entre duas pessoas.”
(Lino, 2009, p.3).
De acordo com os estudos de Lino (2009) a obsessão amorosa deve ser compreendida do ponto de vista processual, ou seja, desde que a paixão fulminante acontece, passando pela dependência afetiva e terminando na patologia que se apresenta com os contornos obsessivos.
A primeira coisa que o autor refere que é importante ter em conta, é o facto de a paixão se tratar não mais do que de um estado de preocupação intensa em relação ao objeto amado, cujo comportamento inerente é de pensamento obsessivo correspondente ao estado de enamoramento (Lino, 2009).
O desenrolar deste processo de forma doentia leva o indivíduo ao delírio e ao ciúme patológico assombrado pelo receio de perda do objeto amado, o que faz com que o indivíduo não seja capaz de se manter afastado do mesmo, ou seja, passa a querer exclusividade e a adotar uma postura de hiper proteção (Lino, 2009).
Nesse sentido, a pessoa amada é vista como algo que só existe para a pessoa obcecada pelo que o transtorno emocional inerente leva ao desenvolvimento de neuroses atuais, narcisistas, e transferenciais, ou histeria (Amorim, 2010).
De acordo com as propostas de Freud (1926, cit in Amorim, 2010) o amor obsessivo procura obter uma satisfação narcísica que leva o indivíduo a envaidecer-se constantemente do seu amor próprio porque é desta forma que se sente melhor em relação aos outros.
É bastante comum que o obsessivo amoroso assuma uma postura constante de vitimização em relação ao objeto amado, procurando sempre a sua pena e, consequentemente, a sua atenção (Amorim, 2010).
Todo este processo culmina, frequentemente em discussão e, em muitas situações, em agressão física ao objeto amado ou ao objeto visto como ameaçador (Lino, 2009).
Do ponto de vista psicanalítico, Amorim (2010) refere que a obsessão amorosa se apresenta sob a forma da histeria ou psiconeurose de defesa que faz com que o indivíduo se sinta totalmente dependente, ao nível emocional, no que concerne à relação tida com o/a parceiro/a.
A obsessão amorosa pode ainda levar o indivíduo a assumir uma dependência amorosa fase ao objeto, caracterizada por constante sensação de excitação, saciedade e pela fantasia (Lino, 2009).
Segundo Lino (2009) não podemos ainda deixar de falar de psicopatia quando falamos de obsessão amorosa, uma vez que, ao contrário do que seria suposto, o indivíduo não tem a capacidade de amar mas sim de dominar o objeto uma vez que ele sente necessidade de ser amado e sofre com isso. Por essa razão o indivíduo assume uma postura sedutora em relação ao objeto a ser dominado, de forma a provocar uma atração fulminante que faz com que o outro seja totalmente controlado por ele, evitando assim a solidão provocadora de um sofrimento atroz (Amorim, 2010).
Este tipo de amor é característico de pessoas que não sabem amar e que procuram sempre ser amadas, pelo que acabam por se tornar muito acessíveis, além de procurar sempre, de forma inconsciente, alguém pouco disponível, no sentido de mudar essa pessoa fazendo com que a mesma mude através do seu amor (Amorim, 2010).
“O obsessivo amoroso é dependente do parceiro e da dor emocional que esse amor lhe proporciona…”
(Amorim, 2010).
Nesse sentido e achando que os outros têm de passar pelo mesmo sofrimento que ele passa, dá início a um processo focado na destruição emocional, psicológica e, muitas vezes, até física, do objeto desejado (Lino, 2009).
Corroborando esta teoria, Amorim (2010) refere a ausência constante de afeto e amor, ao longo da vida do indivíduo, que o leva a enveredar pela obsessão no sentido de lutar contra a ansiedade e a privação.
Conclusão
A obsessão amorosa caracteriza-se por um amor patológico que afeta o estado emocional e psicológico do indivíduo, o qual, constantemente, tem necessidade de controlar e ter a pessoa amada disponível exclusivamente para si. Muitas vezes, para conseguir o efeito pretendido, ele recorre a mecanismos de manipulação, como por exemplo, fazer-se de vítima. Em casos extremos, a patologia pode levar mesmo à violência emocional, psicológica ou mesmo física.
References:
- Amorim, Marina Rodrigues (2010). Obsessão Amorosa. [em linha] PSICOLOGADO. pscicologado.com. Acedido a 1 de setembro de 2016 em https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/obsessao-amorosa;
- Lino, Tiago Lopes. (2009). A PATOLOGIA DO AMOR – DA PAIXÃO À PSICOPATOLOGIA. [em linha] COM.PT O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. www.psicologia.com.pt. Acedido a 1 de setembro de 2016 em www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0146.pdf.