Musicoterapia nas necessidades educativas especiais (NEE)
A musicoterapia nas nee pretende usar a música junto destes alunos com vista a estimular o desenvolvimento das suas capacidades. Esta estratégia é utilizada, principalmente, ao nível sensorial, como o corpo e a audição.
Estudos levados a cabo por Riccardi (2005) demonstram que a musicoterapia como técnica de intervenção no âmbito das nee tem sido uma mais valia para os processos educativos destes alunos, ao nível do seu desenvolvimento.
Estas pesquisas, permitiram à autora, perceber que a musicoterapia pode ser usada de forma muito eficaz e satisfatória junto de alunos com nee, tanto nos trabalhos de casa como nas atividades a desenvolver em aula, seja na leitura ou na escrita (Riccardi, 2005).
A eficácia da musicoterapia deve-se à estimulação de vários meios de expressão tais como a corporal, a dramática, a instrumental e a verbal, uma vez que esta estratégia se traduz em resultados extremamente positivos junto dos alunos com nee (Riccardi, 2005).
Vários processos cognitivos são, assim, ativados, estimulados e desenvolvidos durante a musicoterapia, tais como a memória, a capacidade de controlar os impulsos, a capacidade de coordenação motora, entre outros (Sampaio, Loureiro, & Gomes, 2015).
Através da estimulação de vários meios de expressão, especialmente o corporal, os alunos com nee desenvolvem várias outras capacidades devido ao ritmo associado à estratégia musicoterapêutica (Riccardi, 2005).
“Os bebês humanos apresentam diversas habilidades musicais desde as primeiras semanas de vida, incluindo uma refinada percepção de alturas e padrões rítmicos, localização da fonte sonora, preferência por consonância à dissonância, correspondência entre som e movimento, dentre outros”.
(Trehub, 2005; Ilari, 2006, cit in Sampaio, Loureiro, & Gomes, 2015, p. 145).
O objetivo primordial da musicoterapia em relação às nee é o de induzir nos alunos a capacidade de versatilidade de resposta a diferentes estímulos, pelo ato de cantar e tocar instrumentos, etc, sem esquecer de adaptar cada um dos passos à especificidade de cada aluno com nee (Riccardi, 2005).
Uma vez instalado um programa adaptado de musicoterapia no âmbito das nee, é esperado que que a mesma seja capaz de responder a necessidades do foro físico, emocional, social, cognitivo e sensorial (Riccardi, 2005).
Os trabalhos de Sampaio, Loureiro e Gomes (2015) corroboram estas pesquisas quando mencionam a capacidade de acalmar crianças agitadas, controlar emoções, promover a harmonia social, etc, destes alunos.
Os estímulos provenientes da musicoterapia que se utilizam como intervenção junto destes alunos, podem ser usados tanto individualmente como em grupo, sendo que, no caso particular da utilização da musicoterapia junto de um grupo de alunos com nee, promove-se ainda a capacidade de interação entre os alunos, o que se traduz em competências sociais positivas, no contexto de aula (Riccardi, 2005).
Tendo em conta todas as competências desenvolvidas através da musicoterapia, com êxito, esta eficácia acaba por se traduzir em desenvolvimento de competências do foro académico (Riccardi, 2005).
Riccardi (2005) refere ainda que a musicoterapia pode ainda ser utilizada em contexto de aula com o objetivo de controlar o clima social da mesma.
Quanto aos alunos com nee, a mesma trata-se de uma das estratégias mais eficazes para estabelecer uma comunicação adequada entre o aluno e o professor (Riccardi, 2005).
Podemos salientar o caso dos alunos com perturbação do espectro autista, cuja intervenção ao nível da musicoterapia, tendo em conta as dificuldades que a criança tem no que diz respeito às competências não-verbais, se mostra bastante eficaz no que concerne ao estabelecimento de comunicação entre a criança e o profissional, familiar, etc (Sampaio, Loureiro, & Gomes, 2015). Apesar das dificuldades de comunicação verbal destas crianças, de acordo com a revisão da literatura ao longo do tempo, verifica-se ainda que, quando introduzidas num programa de intervenção focado na musicoterapia, os resultados mostram-se positivos tanto do ponto de vista cantado como do ponto de vista apenas instrumental (Sampaio, Loureiro, & Gomes, 2015).
Esta eficácia deve-se, segundo observações detalhadas, à estimulação que acontece em vários pontos cerebrais como a amígdala, o hipocampo, o giro hipocampal, entre outros (Sampaio, Loureiro, & Gomes, 2015).
Conclusão
Verifica-se que a musicoterapia permite estimular e desenvolver capacidades cognitivas, emocionais, sociais, etc, junto dos alunos com nee, mas também pode ser utilizada em contexto de aula, uma vez que a estratégia tem o condão de ajudar a controlar o ambiente na sala de aula. No caso específico dos alunos com nee, a mesma é de extrema importância uma vez que, em muitos casos, é a forma mais eficaz de estabelecer uma comunicação adequada entre o aluno e o profissional ou familiar, sendo que a música promove a estimulação corporal, emocional, social, etc através do ritmo.
References:
- Riccardi, Patricia Sabbatella. (2005). Intervención musical em el alumnado com necessidades educaivas especiales: delimitciones conceptuales desde la pedagogia musical y la musicoterapia. Universidad de Cádiz. Facultad de Ciencias de la Educación. Campus Universitario de Puerto Real. Polígono Río San Pedro, Puerto Real, Cádiz. (2005) 21; 123-139. Recuperado em 10 de outubro d 2016 de uca.es/xmlui/bitstream/handle/10498/…/33194907.pdf?;
- Sampaio, Renato Toccantins, Loureiro, Cybelle Maria Veiga, & Gomes, Cristiano Mauro Assis. (2015). A Musicoterapia e o Transtorno do Espectro do Autismo: uma abordagem informada pelas neurociências para a prática clínica. Per Musi. Belo Horizonte, n.32, 2015, p.137-170. Recuperado em 10 de outubro de 2016 de www.scielo.br/pdf/pm/n32/1517-7599-pm-32-0137.pdf.