Agressividade entre pares define-se pela violência exercida pelo agressor à vítima que se pode manifestar de diferentes formas que podem ser físicas, verbais, emocionais ou outras. Na maioria dos casos trata-se de um fenómeno que começa na comunidade escolar mas que pode ser observado em qualquer contexto, mesmo familiar ou laboral.
Segundo os estudos elaborados por Lisboa, Braga e Ebert (2009) a agressividade entre pares constitui um problema que já vem sendo discutido nas escolas e levantado diversas questões em diferentes áreas e diferentes culturas. Quando falamos da agressividade entre pares presentes na comunidade escolar, não podemos deixar de referir o bullying, transversal a todos os meios e que aparece, com cada vez mais frequência, em revistas e manchetes, sendo já noticiado até mesmo no espaço virtual (Lisboa, Braga, & Ebert, 2009). A agressividade entre pares torna-se um problema com aumento exponencial no que concerne ao maior grau de gravidade por se tornar cada vez mais comum, principalmente nas escolas (Lisboa, Braga, & Ebert, 2009).
Um dos primeiros problemas mais observados quando falamos do tema, é o facto de o mesmo não ter sido sempre visto da mesma forma (Lisboa, Braga, & Ebert, 2009). De acordo com as suas pesquisas, os autores afirmam que este tipo de flagelo sempre existiu, no entanto, não lhe era dada a devida atenção e respetiva intervenção.
Alguns autores falam da agressividade física, dos insultos verbais, das agressões indiretas por meio de exclusão e isolamento, praticadas entre pares, na comunidade escolar, principalmente no horário do recreio. Os motivos podem ser variados como inveja, preconceito e intolerância para com a vítima (Wendt, & Lisboa, 2013).
Quando se fala de agressividade entre pares, Lisboa, Braga e Ebert (2009) fazem questão de esclarecer que a mesma se manifesta de várias formas tais como a intimidação. No entanto, convém mencionar que, dependendo da cultura, poderá ter diferentes contornos, como por exemplo, no Japão, atribui-se a mesma, segundo o fenómeno do bullying, pela agressividade nas relações. Os autores mencionam que este tipo de agressividade se apresenta pela manipulação social e pela violência simbólica (Lisboa, Braga, & Ebert, 2009).
Por outro lado, se viajarmos mais para os países europeus, como o caso da Itália, este tipo de agressividade é mais associado à violência física e ainda, em Portugal, considera-se agressividade o facto de a vítima sofrer algum tipo de abuso por parte do agressor, estendendo-se mesmo ao contexto familiar, na ordem das relações familiares, e ao assédio sexual muitas vezes vivido pelas vítimas no local de trabalho (Lisboa, Braga, & Ebert, 2009).
Wendt e Lisboa (2013) mencionam que a agressividade entre pares começa, habitualmente, por uma brincadeira aparentemente considerada sem maldade, no entanto, evolui para o comportamento agressivo sistemático, acabando por trazer consequências para todas as partes que começam por ser duas mas, quase invariavelmente, acabam por se tornar três, ou seja, agressor e vítima, passando para agressor, vítima e expetadores.
No caso português, Lisboa, Braga e Ebert (2009) bem como Wendt e Lisboa (2013) indicam ainda que se incluem também comportamentos de exclusão social.
Tendo em conta a evolução das novas tecnologias, para além de todas as vertentes que a agressividade entre pares já tem, verifica-se que se torna cada vez mais comum a prática da mesma no mundo cybernético, em que se ultrapassam limites, através de diferentes formas como a pornografia, conteúdos ofensivos, manifestações de ódio, entre outros, cada vez mais, por via eletrônica (Wendt, & Lisboa, 2013).
Conclusão
A agressividade entre pares, apesar de se manifestar em qualquer contexto e cultura, é maioritariamente acentuada no âmbito escolar, entre os estudantes que coabitam na mesma instituição. Pode assumir formas quer físicas quer verbais, vindo cada vez mais a ser comum a agressividade cybernética em que se fazem demonstrações evidentes de preconceito, racismo, exclusão, entre outras, através das redes sociais.
References:
- Lisboa, Carolina, Braga, Luiza de Lima, & Ebert, Guilherme. (2009). O fenômeno bullying ou vitimização entre pares na atualidade: definições, formas de manifestação e possibilidades de intervenção. Contextos Clínicos, 2(1), 59-71. Recuperado em 25 de junho de 2018 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-34822009000100007;
- Wendt, Guilherme Welter, & Lisboa, Carolina Saraiva de Macedo. (2013). Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psicologia Clínica, 25(1), 73-87. Recuperado em 25 de junho de 2018 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652013000100005