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Abuso sexual
O abuso sexual de crianças e adolescentes é um assunto complexo e delicado que deve ser analisado de forma muito cuidadosa. Para tal é preciso compreender em que consiste, situações propícias e como pode ser detectado.
Definição de abuso sexual de crianças e adolescentes:
“Esta forma de violência pode ser definida como qualquer contacto ou interacção entre uma criança ou adolescente e alguém em estágio psicossexual mais avançado do desenvolvimento, na qual a criança ou adolescente estiver sendo usado para estimulação sexual do perpetrador.”
(Habigzang, Koller, Azevedo, & Machado, 2005, p.1).
Carícias, toques, sexo oral, penetração, assédio, exibicionismo, voyeurismo ou pornografia, exercidos contra a criança/adolescente, sob ameaça e violência (Araújo, 2002; Habigzang, Koller, Azevedo, & Machado, 2005; Pfeiffer, & Salvagni, 2005) que acontecem maioritariamente dentro da família, por alguém próximo (pai, tio, padrasto, cuidador, irmão mais velho), ou seja, incestuoso.
Na maioria dos casos há uma relação de poder/dependência entre abusador e criança Pfeiffer e Salvagni, (2005) e, de acordo com Habigzang, Koller, Azevedo e Machado (2005) a literatura refere um impacto maior por haver vínculo afectivo.
Famílias desestruturadas, com histórico de negligência e maus tratos com a criança/adolescente, provenientes de mães e pais que, na sua infância, também sofreram com os mesmos problemas, são mais propícias (Habigzang, Koller, Azevedo, & Machado, 2005; Pfeiffer, & Salvagni, 2005).
Frequentemente estas crianças/adolescentes desenvolvem problemas emocionais, sociais e psiquiátricos (depressão, transtorno de ansiedade, perturbação alimentar, hiperactividade e défice de atenção, perturbação de personalidade borderline) (Habigzang, Koller, Azevedo, & Machado, 2005).
Além disso o abuso é maioritariamente exercido contra raparigas, e, no caso de ser exercido contra rapazes, acontece predominantemente com alguém fora d agregado (Araújo, 2002; Habigzang, Koller, Azevedo, & Machado, 2005; Pfeiffer, & Salvagni, 2005).
As vítimas costumam ser menores de dez anos e o crime é mantido em segredo até culminar no processo jurídico contra o/a agressor/a (Habigzang, Koller, Azevedo, & Machado, 2005; Pfeiffer, & Salvagni, 2005).
O agressor
Habizgang, Koller, Azevedo e Machado (2005) referem que, além das características mencionadas, o agressor, habitualmente, tem 31 a 40 anos e problemas drogas, álcool, perturbações mentais, baixa escolaridade, histórico laboral instável, que o leva a passar bastante tempo com a criança e, quando trabalha, de acordo com Araújo (2002) tem empregos instáveis embora, nesta circunstância, seja ele o sustento da casa.
A criança/adolescente, confia neste e interpreta os comportamentos como afecto e protecção, mudando isso com as investidas abusivas que começam a provocar insegurança (Pfeiffer, & Salgavni, 2005) e, segundo Habigzang, Koller, Azevedo e Machado (2005) uma vez denunciado o crime é frequente o abusador negar ou culpa a vítima.
Nesta fase o agressor inverte os papéis culpando-a de aceitar os carinhos, aproveitando-se da sua falta de maturidade para compreender o que se passa e fazendo ameaças (Pfeiffer, & Salvagni, 2005).
A família
Os estudos de Habizgang, Koller, Azevedo e Machado (2005) mostram que muitas famílias consentem o abuso e em casos em se descobre aquando da denúncia, esta leva à separação dos pais, o que provoca, muitas vezes, sentimento de culpa na criança, perpetuar do silêncio, ou perturbações mentais como as já acima referidas, onde urge a intervenção terapêutica.
Segundo Habizgang, Koller, Azevedo e Machado (2005) e Pfeiffer e Salvagni (2005) a maioria destas famílias é desestruturada e com situações financeiras precárias, além de um agregado familiar bastante grande.
O terapeuta
Segundo Araújo (2002) a intervenção terapêutica é delicada e é necessário compreender se a família tem consciência do que se passa.
Pfeiffer e Salvagni (2005) propõe algumas técnicas que podem ser utilizadas para fazer o diagnóstico mais correcto como o uso de bonecos anatomicamente correctos, a utilização de desenhos, fotografias com lesões físicas visíveis, etc.
A par disso, sinais visíveis como tristeza, sonolência diurna, fugas de casa, comportamento sexual avançado para a idade cronológica, enurese, baixa auto-estima, etc, poderão ser evidências da existência de abuso sexual (Pfeiffer, & Salvagni, 2005).
Conclusão
O abuso sexual de crianças e adolescentes é qualquer acto inapropriado, de ordem sexual, exercido por um adulto a uma criança/adolescente. Habitualmente é exercido por um parente próximo em quem a vítima confia e com quem passa bastante tempo. Famílias desestruturadas, com grandes agregados e problemas financeiros, são mais propícias a que o crime ocorra. Para além disso, podemos concluir a importância do comportamento de toda a família, mas principalmente da vítima e do abusador, no que concerne à avaliação e ao diagnóstico do caso.
References:
- Araújo, M.F. (2002). VIOLÊNCIA E ABUSO SEXUAL NA FAMÍLIA. Psicologia em Estudo. V.7, nº2, p.3-11. Acedido a 4 de Fevereiro de 2016 em http://www.scielo.br/pdf/%0D/pe/v7n2/v7n2a02.pdf ;
- Habizgang, L.F., Koller, S.H., Azevedo, G.A., & Machado, P.X. (2005). Abuso Sexual Infantil e Dinâmica Familiar: Aspectos Observados em Processos Jurídicos. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 21, nº3, p. 341-348. Acedido a 4 de Fevereiro de 2016 em http://www.scielo.br/pdf/ptp/v21n3/a11v21n3 ;
- Pfeiffer, L, & Salvagni, E.P. (2005). Visão atual do abuso sexual na infância e adolescência. Current view of sexual abuse in childhood and adolescence. Acedido a 5 de Fevereiro de 2016 em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/111608/000949357.pdf?sequence=1