Prostituição infantil
Entende-se por prostituição infantil o ato de utilizar crianças para comercializar sexo com adultos em troca de dinheiro. O flagelo é frequente e acaba por originar o tráfico de crianças para esse tipo de negócio.
A prostituição, por si só, já é vista como um problema de Saúde Pública, principalmente do ponto de vista higienista (Gomes, 1994). É sabido que a prostituição infantil não é um assunto novo, uma vez que já vem de há muito tempo, no entanto, a mesma sempre foi tratada de forma escondida, sem abordar a questão do âmbito da Saúde Pública (Gomes, 1994). É importante compreender que este género de prostituição difere em certo ponto, da prostituição em geral, uma vez que assume outros contornos, como por exemplo, vai mais além do que a questão higienista, pelo que, no que diz respeito à Saúde Pública, há muitos contornos a ter em atenção (Gomes, 1994). Por outro lado, a abordagem que se pretende propor não se reduz à concepção higienista. Assim, pretende-se colocar na agenda da Saúde Pública uma nova questão (Gomes, 1994).
As estimativas que se tem sobre prostituição infantil revelam um quadro sério e preocupante (Gomes, 1994).
Saffioti (1989, cit in Gomes, 1994) cita a estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que levanta a possibilidade de 20% das crianças entre 10 e 15 anos estarem no mundo da prostituição. Em Dimenstein (1992, cit in Gomes, 1994) há outra estimativa, pelo que aponta para a existência de 500 mil crianças do sexo feminino a viverem da prostituição.
Já nos estudos de campo levados a cabo por Vasconcelos (1991, cit in Gomes, 1994), aponta-se para o facto de, num espaço de 40 dias, ter havido mais de 1.000 meninas e adolescentes do sexo feminino que buscavam sobrevivência nas ruas e em locais escolhidos.
De maneira geral, crianças em situações de extrema pobreza, sem auxílio dos pais, acabam tornando-se presas fáceis para os pervertidos que em buscam sexo barato e fácil e acabam aliciando-as e levando-as para um mundo de prostituição(Piazza, Romualdo, Cintra, Gomes, Machado, Júnior, & Mendanha, 2013). Um dos aspectos facilitadores de prostituição infantil e da violência contra a mulher é a convivência familiar, já que se assiste, nestes casos, bastantes vezes, a mães sendo maltratadas o que faz com que as crianças se sintam revoltadas e acabem por sair de casa e entrar no mundo da prostituição para sua própria sobrevivência (Piazzaetal, 2013). Segundo o autor Paulo Silvino Ribeiro, outro aspecto que leva as crianças e os adolescentes à prostituição é a condição sócio económica, porque se sentem obrigados a trabalhar para ajudar na subsistência da casa (Piazza e tal, 2013). Essa convivência com a rua acaba por coloca-las em situações de risco, onde pessoas desconhecidas oferecem drogas e se tornam outro fator que vulnerabiliza as crianças para a prostituição (Piazzaetal, 2013). As drogas tornam-se num vício, e elas trocam sexo por dinheiro o que se torna uma forma mais fácil de conseguir comprar drogas (Piazzaetal, 2013).A exploração e o tráfico da exploração sexual vem sendo disseminados pelo mundo inteiro, ponto que vem sendo discutido, principalmente no que tem a ver com crianças e adolescentes (Piazzaetal, 2013).
Deste modo, a exploração sexual de menores destina-se a questões de lucro pelo que segundo a Secretaria dos Direitos humanos “estima-se que o tráfico de crianças e adolescentes é a atividade mais lucrativa no mundo, hoje atrás somente do tráfico de drogas e o tráfico de armas (Piazza e tal, 2013).
Conclusão
A prostituição infantil mostra-se um fenómeno extremamente grave no que concerne à saúde das crianças, uma vez que observamos comumente a situações de brutalidade exercida nas crianças, pelos próprios pais, padrastos e madrastas que vêm transformando as famílias no principal grupo de risco para o menor. É certo que a violência contra eles praticada nas suas diversas modalidades física psicológica e sexual é cada vez mais democratizada e universal, pois ocorre em todas as categorias sociais, tanto na família pobre, como nas de classe média e alta, nos países em desenvolvimento e nos países ricos.
References:
- Gomes, Romeu. Prostituição infantil: Uma questão de Saúde Pública. ISSUE CAD. SAÚDE PÚBL. [online], Rio de Janeiro, 10(1) [citado 2016-07-31]: 58-66, Jan/Mar, 1994. Disponível em http://www.scielosp.org/pdf/csp/v10n1/v10n1a07;
- Piazza, Ângelo, Antônio Fedrigo, Romualdo, Augusto Sérgio da Silva, Cintra, Itatyara, Paula, Gomes, João Antônio Vieira, Machado, Marielle Santos, Júnior, Ronaldo Alves da Costa Targino, & Mendanha, Wanessa Evaristo. PROSTITUIÇÃO: UMA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Revista CientíficaFacMais [online] Volume III, Número 1. Ano 2013/1º Semestre, ISSN [citado 2016-07-31], 2238-8427. Disponível em http://revistacientifica.facmais.com.br/wp-content/uploads/2013/05/2.-PROSTITUIÇÃO-UMA-VIOLÊNCIA-CONTRA-CRIANÇAS-E-ADOLESCENTES-Itatyara-Paula-Cintra-et-al..pdf.