Claude Debussy

Biografia do compositor francês Claude Debussy (1862-1918), associado ao impressionismo musical.

Nascimento 22 de Agosto de 1862, Saint-Germain-en-Laye, França
Morte 25 de Março de 1918, Paris, França
Família Mulheres: Rosalie Texier (1899-1904); Emma Bardac (1908-1918). Filha: Claude-Emma Debussy (1905-1919)
Ocupação Compositor
Principais obras «Suite Bergamasque»; «Children’s Corner»; «Prelude à l«après midi d’un Faune»; «La Mer»;  «Nocturnes»; «Images»; «Jeux»

Primeiros anos

Debussy nasceu no dia 22 de Agosto de 1862 em Saint-Germain-en-Laye, na França. O pai, Manuel-Achille Debussy, era proprietário de uma loja e a mãe, Victorine Manoury Debussy, costureira. A família instalou-se em Paris em 1867 mas, em 1870, mudaram-se para Cannes, de forma a protegerem-se da guerra. Aqui, Debussy teve as suas primeiras aulas de piano. No ano seguinte, 1871, chamou a atenção de Marie Mauté de Fleurville, que preparou a sua entrada no Conservatório de Paris, onde seria admitido no ano seguinte, com dez anos de idade. A sua reputação, aí, era de um pianista excêntrico e rebelde em questões de harmonia e teoria.

Nos Verões de 1880 e 1881 viajou para a Rússia, empregado por Nadezhda Von Meck, protectora de Tchaikovsky, para tocar duetos com os seus filhos. Passou, também, pela Itália e pela Áustria no decorrer desses anos. Nesta altura, apaixonou-se, em Paris, pela cantora Blanche Vasnier, casada com um arquitecto. Esta inspirou muitos dos seus primeiros trabalhos.

Claude Debussy

As várias influências musicais

Perdeu o Prix de Rome em 1883, obtendo-o no ano seguinte com a cantata «L’enfant prodigue». O prémio incluía a oportunidade de passar três anos na Villa Medici, em Roma. Aqui teve a oportunidade de conhecer Liszt, Verdi e Arrigo Boito e de ouvir o «Lohengrin» de Wagner mas ao fim de dois anos regressou a Paris, afirmando, alegadamente, que a única coisa que o fez esquecer-se das saudades de Paris tinha sido a ópera «Tristão e Isolda» de Richard Wagner. Depois do regresso à cidade das luzes, iniciou relações com várias mulheres, entre as quais Gabrielle Dupont (que ameaçou suicidar-se, uma vez) e a cantora Thérèse Roger.

Em 1888 e 1889 foi aos Festivais de Bayreuth. No entanto, o concerto que ouviu de gamaleão javanês na Exposição de Paris de 1889 foi uma influência maior. Outras influências desses anos foram a sua amizade com os pintores do movimento impressionista (o próprio Debussy é associado ao impressionismo musical) e, ainda mais importante, com escritores e poetas como Mallarmé e os “simbolistas”. No entanto, depois de 1889, deixou de idolatrar Wagner como havia feito até então porque, ao mesmo tempo que reconhecia a sua grandeza, reconhecia também que este representava uma linha morta para os compositores. Outros acontecimentos significativos da sua vida foram o seu estudo de 1899 da partitura «Boris Godunov», de Mussorgsky (outra compositor influente para o compositor, assim como Borodin) e ter conhecido Erik Satie, em 1891.

Período de maturidade musical

Em 1893, Debussy começou a trabalhar numa ópera baseada na peça «Pelléas et Mélisande» de Maeterlink, um trabalho que o ocuparia durante dez anos. Ainda nesse ano foram executados os seus quartetos de cordas. Em 1894 foi apresentada a obra «Prélude à l’après-midi d’un Faune» que, embora reconhecia actualmente como uma das suas obras-primas, causou escândalo na época pela sua alegada não formalidade.

Neste seguimento, escreveu os seus 3 «Nocturnes», executados em 1900 e 1901. Foram dedicados a Rosalie (Lily) Texier, com quem casou em 1899, mas abandonou-a cinco anos mais tarde, envolvendo-se com Emma Bardac, cantora e mulher de um banqueiro. Depois de passarem férias em Jersey, regressou a Paris, pediu o divórcio a Lily, que se tentou suicidar, sem sucesso.

Em 1905, ano em que os seus esboços sinfónicos de «La Mer» foram estreados, nasceu a filha de ambos, Claude-Emma. No entanto, o escândalo gerado pela situação levou a que o compositor se sentisse alienado até pelos seus amigos. Para se afastarem da situação, decidiram passar uma temporada em Eastbourne (Inglaterra) regressando mais tarde a Paris. Para a filha, apelidada carinhosamente de Chouchou, escreveu a suite para piano «Children’s Corner», quase o correspondente francês do ciclo de canções «The Nursery», de Mussorgsky. Claude-Emma tornou-se numa grande inspiração musical sendo, possivelmente, a pessoa que Debussy mais amou em toda a sua vida. Debussy e Bardac casaram-se em 1908 e a união, apesar de turbulenta, durou até à morte do músico, em 1918.

Claude Debussy e Claude-Emma Debussy

Últimos anos

Em 1905 e 1912, compôs a obra orquestral «Images» e em 1913 seguiu-se o ballet «Jeux» para Diaguilev. Em 1910, adoeceu com cancro, e encontrava-se semi-inválido quando a guerra se instalou em 1914. Escreveu algumas músicas inspiradas por sentimentos patrióticos e completou 3 sonatas antes da sua morte, em 1918, em Paris.

Legado musical de Debussy

Debussy inaugurou uma nova forma de compreender música, um tipo de comunicação musical independente das referências intelectuais. Em certa medida, pode-se considerar que quis que a sua música fosse inanalisável. No decorrer de uma conversa com o seu mestre Guiraud, em 1899, encadeou um conjunto de acordes, e a resposta do professor foi a seguinte: “É bonito, não posso deixar de dizer. Mas é teoricamente absurdo. Não há teoria: basta ouvir. O prazer é a regra”. O grande objectivo da música de Debussy era permitir que o ouvinte fosse conduzido, sem saber para onde, entregando-se simplesmente à acção dos sons.

Os primeiros indícios da revolução de Debussy notaram-se na sua harmonia. Não gostava de sequências de acordes vulgares pelo que começou a introduzir acordes alterados na sucessão de harmonias. Utilizou toda a escala tonal como base para algumas destas harmonias e nunca permitiu a destruição total do sentido de tonalidade, só o esbatimento.

Em termos rítmicos, procurou libertar-se dos acentos recorrentes da métrica e encontrou inspiração nas configurações ritmicamente vagas do cantochão. Apreciava arranjos métricos irregulares e nunca escrevia uma estrutura de frases simétricas. Na melodia, era comedido: as suas ideias melódicas são tendencialmente muito curtas. Muitas destas ideias melódicas foram submetidas a influências modais, como forma de encobrir a estrutura tonal subjacente.

Nas obras orquestrais, o desenvolvimento convencional é diminuto. Os seus temas são estruturas simples, entrelaçadas numa textura colorida de harmonia e efeito orquestral de maneira caleidoscópica. Tinha uma preferência especial pelos instrumentos da família das madeiras e pelos timbres individuais, empregando, com frequência, a surdina nos metais. As partes da harpa emergem com clareza da combinação de sons e são, com frequência, primordiais. As cordas acompanham mais do que conduzem na apresentação das ideias e obtêm efeitos de uma beleza difusa.

Debussy foi um dos mais importantes compositores do final do século XIX e do início do século XX, não só pelo que realizou, mas pelos caminhos que abriu para outros compositores, daí a homenagem de músicos posteriores como Boulez, Messiaen, Webern ou Stravinsky.

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References:

Candé, R. (2001). História Universal da Música, vol.2. Edições Afrontamento.

Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.

Lockspeiser, E. (2015). Claude Debussy. Em http://www.britannica.com/biography/Claude-Debussy

Moore, D. (2008). Guia dos Estilos Musicais. Edições 70.

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