Mussorgsky, Modest

Biografia do compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881), membro dos Cinco. Conhecido, principalmente, pela ópera «Boris Gudonov», a obra para piano «Quadros de uma Exposição» e pelas várias canções.

Nascimento 21 de Março de 1839, Karevo, Rússia
Morte 28 de Março de 1881, São Petersburgo, Rússia
Ocupação Compositor
Principais Obras «Boris Gudonov»; «Noite no Monte Calvo»; «Quadros de uma Exposição»; ciclos de canções «O Berçário», «Sunless» e «Canções e Danças da Morte»

Primeiros anos

Modest Mussorgsky nasceu no dia 21 de Março de 1839, em Karevo, na Rússia, no seio de uma família nobre. De acordo com um rascunho auto-biográfico de 1881, a ama contava-lhe contos tradicionais russos, que serviram de mote para as suas primeiras improvisações musicais.

O compositor recebeu aulas de piano da mãe com seis anos e, três anos depois, já tocava peças de Liszt e o concerto de John Field para a família e amigos. Com doze anos, compôs e publicou (com o financiamento do pai) a sua primeira peça para piano.

Apesar do talento musical demonstrado, os pais queriam que recebesse educação militar. Ingressou na Escola de Cadetes de São Petersburgo, em 1853, e, três anos depois, juntou-se ao regimento da Guarda Imperial Russa Preobrazhensky. Por esta altura, teve a oportunidade de conhecer Alexander Borodin.

Influência dos Cinco

Ainda no Inverno desse ano conheceu Alexander Dargomyzhsky, um dos compositores russos mais influentes da época e, através deste, conheceu várias figuras importantes da vida cultural russa, entre elas Vladimir Stasov, César Cui e Mily Balakirev, líder do grupo nacionalista dos Cinco, do qual Mussorgsky veio a fazer parte.

O compositor começou a estudar com Balakirev que, incapaz de lhe ensinar harmonia formalmente, procurou explicar-lhe a forma das composições através da análise de partituras de Beethoven, Schumann, Schubert, Glinka, entre outros. Até então, Mussorgsky só conhecia música para piano.

Poucos meses depois do início das aulas, Mussorgsky demitiu-se da sua comissão no regimento com o objectivo de se dedicar à música. No entanto, em 1863 começou a trabalhar na função pública porque o património da família, que tinha diminuído gradualmente a partir de 1853 (com a morte do pai), desapareceu na totalidade com a emancipação dos servos em 1861. Teve, também, de pedir empréstimos. As dificuldades financeiras que teve nesta altura não mais o abandonaram.

Maturidade musical

Inicialmente, a música de Mussorgsky sofria largamente da influência de Balakirev e da música estrangeira, sendo a ópera «Édipo em Atenas», que acabou por ser abandonada, um exemplo disso mesmo. No entanto, esta influência foi diminuindo gradualmente, dando lugar ao auto-didactismo.

Entre 1863 e 1866 trabalhou na ópera «Salammbô», que nunca terminou. No entanto, por volta de 1866, o compositor atingiu a maturidade artística com a composição de uma série de canções sobre pessoas comuns consideradas notáveis, como «Hopak» ou «O Seminarista». No ano seguinte, compôs o poema sinfónico «Noite no Monte Calvo», que Balakirev recusou dirigir, tendo por isso nunca sido estreada enquanto Mussorgsky era vivo. Em 1868, deu início ao ciclo de canções, «O Berçário» e escreveu as primeiras cenas da ópera «O Casamento», baseada na peça de Gogol. Desta ópera só completou o primeiro acto.

Modest Mussorgsky

Boris Gudonov

Em 1869, Mussorgsky começou uma das suas maiores obras, a ópera «Boris Godunov», com base numa peça de Pushkin e em textos do historiador Karamzin. A primeira versão, completada em Dezembro desse ano, foi rejeitada pelo Teatro Imperial porque não tinha um papel de prima donna.

O compositor sujeitou a ópera a uma revisão rigorosa, que só concluiu em 1872. A primeira produção teve lugar no dia 8 de Fevereiro de 1874, em São Petersburgo, e foi um sucesso. No decorrer dos dez anos seguintes, foi apresentada quinze vezes e, em 1896, foi editada pelo compositor Nicolai Rimsky-Korsakov, que a rearranjou porque, de acordo com ele, apresentava falhas no estilo e na orquestração. No entanto, foi a versão de Mussorgsky que se popularizou, especialmente no século XX.

Últimos anos

Depois da morte da mãe, em 1865, Mussorgsky viveu primeiro com o irmão e depois com Rimsky-Korsakov até 1872, quando o colega casou. O estado de alcoolismo do músico agravou-se à medida que foi ficando sozinho. Ainda assim, iniciou em 1874 a composição de uma nova ópera, «Khovanshchina» (que seria concluída depois por Rimsky-Korsakov) e compôs a obra para piano «Quadros de Uma Exposição», inspirada na morte do amigo, pintor, Victor Hartmann.

Encontrou companhia num parente distante, o poeta Arseny Golenishchev-Kuruzov, que inspirou dois ciclos de canções, «Sunless» (1874) e «Canções e Danças da Morte» (1875-1877). Não obstante, o sentimento de solidão continuava a crescer, principalmente depois do casamento do poeta.

No ano de 1879, participou numa digressão pelo sul do país e pela Crimeia com a cantora Darya Leonova. Embora tenha admitido ter sentido emoções positivas nessa digressão, estas não foram suficientes para procurar recuperar-se do problema com o álcool. No ano seguinte, foi demitido das suas funções no Ministério.

Admitido num hospital no dia 24 de Fevereiro de 1881, depois de sofrer vários ataques, sobreviveu o tempo suficiente para que fosse pintado o seu retrato por um dos maiores artistas russos da época, Ilya Repin. Faleceu no dia 28 de Março, pouco depois de completar os 42 anos.

Legado Musical

Depois da sua morte, obras de Mussorgsky foram completadas e melhoradas por Rimsky-Korsakov, e outros, mas no século XX as qualidades da sua música adquiriram o reconhecimento que não tiveram quando o compositor era vivo.

A música de Mussorgsky é descrita, hoje em dia, como realista e progressista. Por um lado, descrevia vividamente cenas da vida histórica e tradicional do país, procurando até reproduzir as inflexões da língua falada nas suas canções e óperas. Por outro lado, tecnicamente, fazia um uso da tonalidade e harmonia inortodoxo. Na altura, Tchaikovsky e Rimsky-Korsakov, por exemplo, admiravam o talento mas criticavam a técnica.

Foi necessário tempo para fazer justiça à obra, razão pela qual se procurou recuperar, tanto quanto possível, as suas partituras originais.

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