Comportamento autodestrutivo
Comportamento autodestrutivo diz respeito a todo aquele que coloca em risco o bem-estar do indivíduo. Em grande parte dos casos, o mesmo leva ao suicídio.
Daolio (2015) compara o comportamento autodestrutivo com o suicídio, na medida em que as atitudes em relação a cada uma das suas condutas, se assemelham bastante.
Por vezes, o próprio comportamento de suicídio, não se trata de uma real medida de pôr termo à vida, mas sim, de um pedido de ajuda, quando o indivíduo já se encontra numa situação de desespero completo (Daolio, 2015).
No entanto, estudos feitos por Junior (2015) a proposito deste tipo de comportamento, indicam, claramente, que o suicídio, consequência, muitas vezes, proveniente do mesmo, se tornou num problema de saúde pública que afeta toda a sociedade em vários sentidos, sejam eles de ordem económica, pessoal, etc.
No que diz respeito ao comportamento autodestrutivo propriamente dito, o indivíduo tem um sentimento de total desprezo em relação à vida pelo que não tem qualquer sentido de preservação em relação à integridade humana, não deixando, no entanto, de se tratar também de um comportamento indiretamente suicida (Daolio, 2015).
Por estes motivos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) começou, nos últimos anos, a focar-se mais na questão do comportamento autodestrutivo, tendo em conta o flagelo, cada vez mais frequente, do termino do mesmo em suicídio (Junior, 2015).
Segundo Junior (2015) e de acordo com os dados da OMS, o comportamento autodestrutivo, além de se tornar mundial, tem aumentado de ano para ano, chegando a um pico de 1.6 milhões de suicídios, até 2020. De referir um especial destaque para os países africanos e para o Médio Oriente, principalmente, porque o tema não é devidamente abordado nestas regiões, devido a ser considerado tabu (Junior, 2015).
Uma das formas mais recorrentes de se adotar este tipo de comportamento é quando o ser humano se coloca, insistentemente, em situação de risco de vida, seja ela de forma consciente ou inconsciente, a curto, a médio ou a longo prazo (Daolio, 2015).
Um dos motivos que levam à preocupação com este comportamento, é que o mesmo não afeta apenas o indivíduo que se sujeita a ele, mas também todas as pessoas à sua volta, principalmente, as crianças (Daolio, 2015).
Alguns exemplos recorrentes de tipos de comportamento autodestrutivo associam-se ao abuso de álcool, toxicodependência, tabagismo, voracidade alimentar, principalmente, com alimentos que prejudicam a saúde, automutilação, condução agressiva, entre outros (Daolio, 2015).
Na maioria das vezes, quando se procura compreender os motivos do motivo para adotar esta conduta, encontram-se estilos de vida afetados em todos os níveis, sejam socialmente, economicamente ou emocionalmente (Junior, 2015).
Contudo, devido ao ritmo de vida que a maioria das culturas em quase todos os países, leva, Daolio (2015) refere que, cada vez mais, o próprio mercado de trabalho e a forma como a sociedade se organiza, levam a que se propicie cada vez mais, em todas as classes sociais e em todos os indivíduos, este tipo de comportamento, altamente prejudicial à condição humana, em todos os sentidos.
“Enquanto se festejam as descobertas científicas que melhoram a qualidade de vida das populações, estimula-se uma prática na qual a vida é muito pouco valorizada” Kalina; Kovadloff, 1983, p.30, cit in Daolio, 2015, p.93).
No que concerne às idades e ao género onde se observa maior tendência para comportamento autodestrutivo, ao contrário do que se podia ver em outros tempos, e corroborando as pesquisas levadas a cabo nos outros estudos, o mesmo acontece com maior incidência na adultícia (Junior, 2015).
Quanto ao género, é mais comum que os homens terminem, efetivamente, em suicídio, ao passo que as mulheres se caracterizam mais pela tentativa sem vias de facto (Junior, 2015).
De acordo com Kalina (s.d. cit in Daolio, 2015) e Kovadloff, (1983, cit in Daolio, 2015) esta forma de viver, expondo-se, constantemente ao risco, não deixa de ser um paradoxo tendo em conta que a ciência, cada vez mais aposta em tratamentos que promovem o direito e a qualidade de vida, ao mesmo tempo que cultiva estilos de vida altamente tóxicos.
Conclusão
O comportamento autodestrutivo tornou-se cada vez mais enraizado em quase todas as culturas mundiais, levando, em grande parte das situações, ao suicídio consumado. Na origem do flagelo estão, maioritariamente, problemas económicos, pessoais, sociais e afetivos, com os quais, o indivíduo considera que já não consegue lidar. Verifica-se que é mais comum em países onde a cultura não está tão evoluída, no entanto, a própria sociedade moderna, devido ao ritmo de trabalho e da qualidade de vida a que sujeita os indivíduos, tem apostado bastante no avanço da ciência, contudo, mantendo um ritmo de vida cada vez mais tóxico.
References:
- Daolio, E.R. (2015). CONDUTAS AUTODESTRUTIVAS: O SUICÍDIO INDIRETO. E-LOCUÇÃO | REVISTA CIENTÍFICA DA FAEX. faex.edu.br/index.php/e-locucao/article/download/9/10;
- Junior, Avimar Ferreira (2015). O comportamento suicida no Brasil e no mundo. Volume 02, número 02, jul/dez 2015. http://revpsi.org/comportamento-suicida/#lightbox/4/.