Vulnerabilidade emocional

A vulnerabilidade emocional diz respeito à dificuldade em se adaptar afetivamente a um contexto, criando consequências nefastas para o indivíduo.

Vulnerabilidade emocional

A vulnerabilidade emocional diz respeito à dificuldade em se adaptar afetivamente a um contexto, criando consequências nefastas para o indivíduo.

A vulnerabilidade emocional é entendida por Alencar (2007) tendo em conta as características individuais da pessoa, pelo que, em determinados casos, se revela mais evidente do que em outros. No que concerne às necessidades educativas especiais (NEE), foco dos estudos da autora observa-se a presença da mesma em alunos superdotados, uma vez que todos os olhares se voltam para as competências cognitivas destes alunos, colocando de parte, outras competências igualmente importantes para os mesmos (Alencar, 2007).

Rebeldia, pressão, irritabilidade, não conformismo, problemas de aprendizagem, desorganização, impulsividade, hiperatividade, imaturidade no que diz respeito ao estabelecimento de relações sociais e de objetivos realistas, são algumas das consequências provenientes da falta de apoio ao nível emocional e afetivo, que um aluno com diagnóstico de super dotação enfrenta (Ourofino, & Fleith, 2011).

As dificuldades académicas destes alunos têm por base, todas estas vertentes associadas aos problemas enfrentados por indivíduos porque não se ajustam aos padrões exigidos pelo ensino regular (Ourofino, & Fleith, 2011).

Fala-se da importância de competências sociais e emocionais, que se estendem à incapacidade de se relacionar que os mesmos têm ou não e que, dependendo das mesmas, o resultado reflete-se no seu autoconceito geral (Alencar, 2007).

Contudo, como ainda são muito escassos os estudos acerca da questão afetiva da população super dotada, ainda se assiste à vulnerabilidade emocional e aos diferentes riscos provenientes da mesma (Alencar, 2007).

Perfeccionismo exagerado, isolamento, desenvolvimento fora dos padrões normais para a idade, entre outros, são algumas das consequências da inadaptação causada pelo desajuste emocional (Alencar, 2007).

De acordo com Baker (2004, cit in Alencar, 2007), existem mesmo evidencias de que estes indivíduos, devido à sua vulnerabilidade emocional, correm maiores riscos de desenvolver depressão ou de cometer suicídio.

Os trabalhos de Ourofino e Fleith (2011) vêm confirmar estes estudos, uma vez   que permitem concluir que a vulnerabilidade afetiva em alunos com qi superior à média, acaba por se traduzir não só em depressão e ansiedade devido ao perfeccionismo associado, como em baixa autoestima e baixo autoconceito geral.

Outros estudos também observados nas pesquisas de Alencar (2007) mostram que os alunos superdotados apresentam uma enorme dificuldade em se relacionar com os pares, sendo, por isso, mais solitários e pouco hábeis em questão de aptidões sociais.

Quanto ao comportamento, manifesta-se pela incapacidade para seguir regras e instruções, desafio direcionado para os professores, pais e educadores, e até mesmo o risco de abandonar a escola (Ourofino, & Fleith, 2011).

Na maioria dos casos, a vulnerabilidade emocional aumenta quanto mais alto é o nível do qi dos indivíduos, pelo que, em contexto de aula, a tendência é para não se conseguirem adaptar aos métodos de trabalho estabelecidos pelos professores, o que os leva a dispersar com muita facilidade (Alencar, 2007).

Ourofino e Fleith (2011) corroboram estas teorias, nos seus estudos em que focam o desajuste dos alunos superdotados quando frequentam o ensino normal, porque acabam por não se conseguir adaptar às normas vigentes e iniciam um processo de isolamento social.

Estas situações contribuem de forma negativa para o surgimento de vulnerabilidade afetiva e emocional, o que os coloca em risco social face à escola e à sociedade em geral (Ourofino, & Fleith, 2011).

Uma das questões apontadas por Hollingworth (1942, cit in Alencar, 2007) é o facto de os mesmos estarem numa situação de desajuste em relação a assuntos éticos e filosóficos, devido à sua idade prematura. Assim, uma vez tendo a oportunidade de permanecer junto de outros indivíduos com as mesmas características, a vulnerabilidade emocional dos mesmos diminui significativamente e mostram-se evidentemente mais sociáveis e felizes (Hollingworth, 1942, cit in Alencar, 2007).

Quando os indivíduos super dotados não têm estas oportunidades de conviver entre si, a tendência para problemas de nível escolar, aumenta, juntamente com os conflitos familiares, porque se assiste, com frequência, a padrões de comportamento familiar rígidos e com altas expetativas para com o membro superdotado (Ourofino, & Fleith, 2011).

Conclusão

A vulnerabilidade emocional apresenta mais danos junto de indivíduos em idade escolar, principalmente quando os mesmos têm características diferentes da média. No caso dos super dotados, por aprenderem de forma diferente e muito mais acelerada, o desajuste entre a idade cronológica e a idade cognitiva traduz-se na dificuldade em se adaptar aos padrões da média. Assim é importante observar e avaliar bem estes alunos uma vez que este tipo de vulnerabilidade pode trazer consequências nefastas para o seu percurso escolar.

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References:

  • Alencar, E.M.L.S. (2007). CARACTERÍSTICAS SÓCIO-EMOCIONAIS DO SUPERDOTADO: QUESTÕES ATUAIS. Psicologia em Estudo, Maringá, v.12, n.2, p. 371-378, maio/ago. 2007;
  • Ourofino, Vanessa Terezinha Alves Tentes, & Fleith, Denise Sousa. (2011). A condição underachievment em superdotação: definição e características. Psicologia: teoria e prática, 13(3), 206-222. Recuperado em 24 de outubro de 2016, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872011000300016.
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